Justin Vernon é, já sabíamos, um tipo talentoso. Tanto com o primeiro disco, For Emma, Forever Ago, como na colaboração com o projecto GAYNGS, como no seu trabalho de produção. E por isso não é surpresa nenhuma ver e ouvir que, com o segundo álbum, Bon Iver tenha dado um passo em frente no que toca ao apuro estético e sónico. Não será de todo certo dizer que este é o som Bon Iver, mas a verdade é que não há muita gente a soar assim em 2011. É pop sonhadora mas é muito mais do que isso.

Bon Iver é um disco de arranjos cuidados, de um profundo respeito pelo espaço livre que pode existir dentro das canções, de uma gestão primorosa dos recursos. O cuidado na produção, embora não seja de todo a questão central neste disco, é notável: tudo em Bon Iver parece fruto de longa ponderação e de escrutínio. Justin Vernon sabe-a toda.

Mas a questão central em Bon Iver são mesmo as canções. “Perth” encabeça na perfeição as vitórias e os objectivos alcançados neste disco: a gestão impecável de fragmentos ora serenos, ora agitados, a qualidade épica dos arranjos. Quando em “Perth” se imagina Justin Vernon a ser maestro de tanta percussão e tantos sopros, percebe-se que ele está no caminho certo. O que se segue a “Perth” faz perfeito sentido: é a continuação de um longo suspiro de criatividade e beleza. No final fica no ar a ideia que tudo não passou de um sonho (a voz de Justin Vernon ajuda), mas belisquem-se: é mesmo verdade.