DISCOS
Grails
Deep Politics
· 09 Mai 2011 · 15:57 ·
Grails
Deep Politics
2011
Temporary Residence Limited
Sítios oficiais:
- Grails
- Temporary Residence Limited
Deep Politics
2011
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- Grails
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2011
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Banda honestamente dedicada a trabalhar para álbuns, os Grails trazem agora Deep Politics para a nossa prateleira.
Banda honestamente dedicada a trabalhar para álbuns, os Grails trazem agora Deep Politics para a nossa prateleira. É engraçado reparar que, apesar de nunca terem jogado para rehash-ismos bacocos, o inevitável cheiro a reabilitação e enobrecimento de identidades do rock esteve sempre à superfície em todos os seus discos - e continua, sem problema. São, pois, músicos que vêm da década de enormidades pós - o tempo de procurar enriquecer o rock com as coisas que o grunge sentimentalão queria energúmenas: muzak, prog-ismos, afinações e modos não ocidentais, overdubs, coisas que tais. Mas sem explosões no céu nem outras cegas mariquices. Não admira, David Crosby, que aqui haja uma que se chama "Almost Grew My Hair".
A proposta dos Grails é essa. Não por complacência, mas por genuína apreciação crítica destes contextos para o tecido da Malha Instrumental. Nunca pecando por bradar os seus distintos fascínios de álbum para álbum - porque há um Gesto Grails, sim - chegam a Deep Politics com uma delicada e dedicada depuração que se afunda em oito faixas não menos que perfeitas.
De notar que o projecto gira à volta do multi instrumentista Emil Amos (o gajo com cara de birrento que toca bateria nos OM e rei do lo-fi em Holy Sons), que aqui aponta tudo para o hi-fi low-brow. Não é um insulto. Invoca-se neste disco o mais simultaneamente melífluo e downer do Adult Oriented Rock, via arranjos para cordas (e voz, ah pois!, não interessa se vem do synth), e concatena-se o ribombar de percussão que lhes é característica com os ribombanços de Popol Vuh circa Letzte Tage, Letzte Nachte, juntos aos esquálidos beats de RZA para a banda sonora de Ghost Dog.
É complicado? É rock feito por coleccionadores. Neste caso, não há problema. Só tamanha predisposição para Ouvir música podia, por exemplo, transformar o piano numa das figuras centrais de um novo disco dos Grails - o ataque está tão abusado na mistura que nos esquecemos que são as guitarras que estão a poetizar a malha. É bom ouvir discos novos que soam a novos quando nos apercebemos de que os músicos também querem Ouvir alguma coisa.
Parece que, não admirando o título, falta reparar que, na senda de assumir qualquer coisa que é mais Grails, estes estão a distanciar-se de si mesmos: mais wah na guitarra, menos acústico, um staccato sempre presente no disco inteiro (tal como no recente Survivalist Tales de Holy Sons) - será que querem tornar tudo isto uma compilação de gestos de escrita de malhas rock como coisa muito séria?
Sempre foi sério. Agora está mais.
Filipe FelizardoA proposta dos Grails é essa. Não por complacência, mas por genuína apreciação crítica destes contextos para o tecido da Malha Instrumental. Nunca pecando por bradar os seus distintos fascínios de álbum para álbum - porque há um Gesto Grails, sim - chegam a Deep Politics com uma delicada e dedicada depuração que se afunda em oito faixas não menos que perfeitas.
De notar que o projecto gira à volta do multi instrumentista Emil Amos (o gajo com cara de birrento que toca bateria nos OM e rei do lo-fi em Holy Sons), que aqui aponta tudo para o hi-fi low-brow. Não é um insulto. Invoca-se neste disco o mais simultaneamente melífluo e downer do Adult Oriented Rock, via arranjos para cordas (e voz, ah pois!, não interessa se vem do synth), e concatena-se o ribombar de percussão que lhes é característica com os ribombanços de Popol Vuh circa Letzte Tage, Letzte Nachte, juntos aos esquálidos beats de RZA para a banda sonora de Ghost Dog.
É complicado? É rock feito por coleccionadores. Neste caso, não há problema. Só tamanha predisposição para Ouvir música podia, por exemplo, transformar o piano numa das figuras centrais de um novo disco dos Grails - o ataque está tão abusado na mistura que nos esquecemos que são as guitarras que estão a poetizar a malha. É bom ouvir discos novos que soam a novos quando nos apercebemos de que os músicos também querem Ouvir alguma coisa.
Parece que, não admirando o título, falta reparar que, na senda de assumir qualquer coisa que é mais Grails, estes estão a distanciar-se de si mesmos: mais wah na guitarra, menos acústico, um staccato sempre presente no disco inteiro (tal como no recente Survivalist Tales de Holy Sons) - será que querem tornar tudo isto uma compilação de gestos de escrita de malhas rock como coisa muito séria?
Sempre foi sério. Agora está mais.
ardo.zilef@gmail.com
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