DISCOS
Philip Jeck
An Ark For The Listener
· 01 Mar 2011 · 11:23 ·
Philip Jeck
An Ark For The Listener
2010
Touch


Sítios oficiais:
- Philip Jeck
- Touch
Philip Jeck
An Ark For The Listener
2010
Touch


Sítios oficiais:
- Philip Jeck
- Touch
O velho e o mar, o medo e a morte.
Philip Jeck já tem muitos anos de música, desde composições para companhias de dança e teatro a colaborações com artistas como Jah Wobble e Otomo Yoshihide. O espaço que o britânico ocupa nos meandros da electrónica de vanguarda conquistou-o com o seu approach no que toca à criação de uma sonoridade própria; Jeck pega em discos antigos, turntables e pedais de efeitos, rasga sons daqui e dali e cola tudo com um sentido composicional notável, de modo a que nenhum ponto que vagamente se assemelhe ao original permaneça no seu trabalho. Ou seja: DJ Shadow para homens com colhões.

An Ark For The Listener é um disco construído com base num poema de Gerard Manley Hopkins, The Wreck of the Deutschland, sobre o naufrágio de um navio em 1875 e da consequente morte de cinco freiras franciscanas. A música é uma electrónica grave e por vezes assustadora, a aflição enquanto elegia; os mais desabituados esbarrarão porventura nos drones e ruídos que Jeck utiliza para atingir tal efeito, mas os restantes terão aqui um bom exercício de escuta e de meditação. Não é um álbum fácil de se ouvir, mas se existir o mínimo de paciência os resultados serão sem dúvida satisfatórios.

Pois que o intuito será assustar, "Ark" consegue-o; teclados infantis e todo um ambiente sufocante. Depois há "The All of Water", oito minutos drone que compõem o clímax do disco, e "The Pilot", que prossegue essa toada, dando por finda a história que se contou. "All That's Allowed" e "Chime, Chime" são duas remisturas de temas anteriores, do álbum de 2008 Suite: Live In Liverpool, que são igualmente interessantes mas que nada de especial acrescentam.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
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