Se dividirmos a Austrália entre tudo aquilo que vale a pena e Mel Gibson, os Cut Copy estão seguramente no primeiro grupo. Já estavam, claro, sobretudo depois da boa dose de synth pop que foi In Ghost Colours. Agora, com Zonoscope, terceiro disco desta banda que enche estádios no país dos cangurus, a dose mantém-se. Mas nem por isso perde um pedaço da sua graça.

Os Cut Copy são um daqueles grupos que têm a lição da pop bem estudada, empregando refrões orelhudos à primeira oportunidade, dando-se ao universo kitsch mas, no fundo, direccionam sempre as canções para o mundo dos sintetizadores e das batidas dançáveis. Já lhes conhecíamos a pinta mas não é por isso que Zonoscope perde interesse.

É como o sexo. A primeira vez é porreira, depois há a expectativa da segunda vez mas, logo confirmado o sucesso da desforra, não há como fartar. Isto, claro, no caso destes australianos, autores de malhas como “Lights And Music” e que agora regressam com mais um punhado de faixas de encher as medidas, como “Need You Now” ou “Take Me Over”, logo a abrir o disco. Mas também há poucas dúvidas de que reside, em Zonoscope, a obra-prima da banda, "Sun God" - uma daquelas malhas que pedem para ser ouvidas, dançadas e saboreadas à maneira antiga. 15 minutos de delírio electro pop que só imploram para que não lhes fiquemos indiferentes. Não ficamos.

Aqui tudo cheira um pouco a 80’s, e Dan Whitford, vocalista e líder, não se esforça por mudar isso. De facto, se é assim que os Cut Copy são felizes, então nós também somos. Isto porque, em ano de trágicas inundações um pouco por todo o mundo, nada como uma enxurrada synth pop para alegrar a malta.