DISCOS
The Ex
30
· 27 Jul 2010 · 11:43 ·
The Ex
30
2009
Ex Records


Sítios oficiais:
- The Ex
The Ex
30
2009
Ex Records


Sítios oficiais:
- The Ex
Duplo-álbum que revisita a história dos anarco-punks holandeses.
Nascidos em 1979, os revolucionários anarco-punk-free The Ex comemoraram o ano passado o seu trigésimo aniversário. Nada mau para um bando de mitras holandeses a fazer barulho. Estes 30 anos são história, não só dos The Ex, mas da própria música, por celebrar uma das mais abertas, experimentalistas e criativas bandas do espectro “rock”. E esta criatividade continua activa, como aconteceu recentemente, quando a banda apadrinhou a descoberta de um dos mais fascinantes saxofonistas vindos de África, Getatchew Mekuria.

Este duplo álbum 30 (o título assinala o redondo aniversário) junta temas de diversos períodos da carreira da banda, numa amálgama que nunca naturalmente poderia soar coerente (mas o objectivo não seria esse). Neste disco duplo podemos ficar a conhecer um pouco da história do grupo, diversas fases e experiências. O grupo de Luc Ex, Terrie Ex e Andy Moor (entre muitos outros) – músicos que hoje em dia se têm dividido a explorar sons noutros contextos, em diversas colaborações – nunca foi de uma sonoridade única, foi pontuado pela aventura. E este disco duplo é o melhor espelho desse contínuo gosto pela aventura sonora.

Só por si, o “booklet” vale o investimento. Serve como mini-enciclopédia da história do grupo, recordando as várias capas de discos e incluindo uma impressionante informação estatística: lista todos os concertos (ao longo destes trinta anos deram 1371, contas de 2009), indicando em quantos concertos cada membro participou e ainda os músicos convidados – é bonito ver na listagem nomes como Han Bennink, Tony Buck, Jaap Blonk, Ken Vandermark, Tortoise, DJ Rupture ou Hamid Drake.

A música é naturalmente rock visceral, fiel às raízes punk, mas sem medo de meter outras coisas pelo meio - o dedilhado perfeitinho em “Fire and Ice”, o grito interventivo de “Rara rap”, o solo de trombone em “Shopping street”, o canto folk em “Hidegen fújnak a szelek” (os exemplos da fuga ao óbvio são inúmeros). Este disco duplo é o melhor retrato possível para a história enorme do grupo, encaixável em duas rodelas de música. Fica muita coisa de fora, pois, mas o objectivo deste disco é mesmo ser uma porta de entrada: para quem passar neste teste, o resto do universo fica acessível.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
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