Na busca interminável por novos artistas, por novos sons, por novas canções, a nós, melómanos ferrenhos ou ouvintes activos, já aconteceu - por diversas vezes e, certamente, por muitas mais ainda acontecerá - descobrirmos alguém novo através da reinterpretação deste por alguém que já conhecíamos. Exemplos muito pessoais e virtude de uma adolescência MTV: os Stooges através dos Depeche Mode (a sério), os Smiths através dos Placebo (a sério), Neil Young através dos Saint Etienne (a sério, mas com menos auto-comiseração porque a versão deles de "Only Love Can Break Your Heart" é melhor que a original). Mas isto é um processo natural na música; canções que cruzam gerações, pais que se dedicam a educar os filhos, poemas que se tornam standards e enfeitam cadernos, blogs, muros.

Sam Amidon, algures entre cantor e professor, age assim como uma espécie de John Keating do universo folk, disposto a ensinar e a inspirar-nos a nós, pobres estudantes imersos em conformismo e apatia, dando-nos nomes como Bessie Jones, canções como "How Come That Blood" ou versões de temas perdidos de R. Kelly (primeiro estranha-se, depois entranha-se). E, porque Sam Amidon e a sua trupe de colaboradores de sempre da Bedroom Community não deixa nenhum arranjo ao acaso, todas as faixas soam como se tivessem sido escritas ontem e não há décadas. Grande parte do seu encanto está aqui; na mutação que estas canções tiveram às suas mãos, no facto de I See The Sign ser mais que mero disco de versões - é um tratado de história e de cultura.

É necessário definir o disco numa só faixa? Assim sendo, que essa faixa seja "You Better Mind", dueto dolorosamente bonito com Beth Orton que encontrará o seu espaço em mixtapes oferecidas por rapazes simpáticos a raparigas simpáticas. Não querendo de todo ser injusto para com "Pretty Fair Damsel", "Way Go, Lily" ou "Rain And Snow" (Well I married me a wife / She gave me trouble all my life não é, neste caso, uma desculpa para lançar um álbum). Amidon viu o sinal e decidiu partilhá-lo. Capitão, meu capitão!