DISCOS
The Black Keys
Brothers
· 14 Jun 2010 · 12:11 ·
The Black Keys
Brothers
2010
Nonesuch / V2 / Nuevos Medios


Sítios oficiais:
- The Black Keys
- Nonesuch
- V2
The Black Keys
Brothers
2010
Nonesuch / V2 / Nuevos Medios


Sítios oficiais:
- The Black Keys
- Nonesuch
- V2
Riffs revivalistas sob silhuetas femininas cativantes. Isto é o rock dos Black Keys.
Não, não seremos anjinhos ao ponto de ignorar a força da imagem em Brothers, o sexto disco da dupla americana. Começando pela capa do disco, ilustrativa do óbvio, até aos videoclipes com mulheres para dar e vender – mulheres à briga em biquíni e um dinossauro cantante são o grande aliciante de “Next Girl”; já “Tighten Up”, o primeiro single retirado do álbum, debruça-se sobre a estória de dois putos com as hormonas aos pulos, até que Dan Auerbach e Patrick Carney se metem ao barulho. A coisa dá para o torto quando surge o mulherão de decote arrasador que acaba com as falinhas mansas. Enfim, se estamos com estas conversas é só para avisar o leitor, ouvinte ou espectador que isto já não é só música. Ponto positivo: ela ainda consegue ser o melhor no meio de tudo isto.

Temos a certeza que Auerbach foi o típico puto que aprendeu a tocar guitarra para agradar às garotas do liceu. Aos 31 anos, a coisa não parece ter mudado muito. Até porque Carney, baterista, se deve ter regido pelos mesmos princípios aquando da puberdade. O resultado, ao fim de cinco discos, é Brothers, um conjunto de 15 canções que, valendo cada uma por si só, juntas fazem com que este seja um dos melhores discos de rock de 2010. A rapaziada do Ohio tem blues para esbanjar e não se contem. Cada faixa arranca um novo riff e mais sólido ainda que o anterior. A voz de Auerbach, predominantemente em registo de falsete, permite abrir espaço a malhas tanto no domínio de Jimmy Hendrix como a baladas mais ao jeito das babes – batidas mais espaçadas, balanceadas, trémulo melancólico na voz e peculiares apontamentos na guitarra vintage são os condimentos necessários (e suficientes) para acabar a noite em beleza.

Convém não esquecer a influência de Danger Mouse, que é o terceiro eixo de Brothers. O elemento fantasma, por assim dizer, produtor de projectos e músicos que vão de Gorillaz a Gnarls Barkley, The Good The Band and The Queen ou Beck. No caso deste último, em Modern Guilt, Mouse parece ter aplicado uma forma semelhante ao blues rock já delineado dos The Black Keys – os instrumentos usados são os mesmos, logo quaisquer parecenças não serão meras coincidências, já que equipa que ganha não mexe.

Brothers é um álbum de mãos largas. Tem oferta para todos os gostos, nunca fugindo do perímetro bem definido pelos americanos. As faixas são relativamente curtas, mas suficientemente directas e objectivas para não perderem intenção nem tesão. Afinal, desde quando é necessário engonhar para dizer as coisas certas?
Simão Martins
simaopmartins@gmail.com
RELACIONADO / The Black Keys