Limitado. Esta é a primeira ideia a extrair desta nova incursão pelo tango. E não se poderia esperar muito mais dado que logo no primeiro registo deram tudo o que havia para dar. Lunatico (2006) extrapolava as ideias positivas de La Revancha del Tango (2001) e pouco mais acrescentava que alguns faits-diveres hip-hop e pinceladas electrónicas para se parecer mais moderno. Não desiludiu, mas também não preencheu por completo a alma. No fundo, um disco aceitável que revelava os sintomas típicos de um difícil segundo disco.

Quatro anos volvidos sobre Lunatico e uma separação que não se concretizou, Philippe Cohen Solal, Eduardo Makaroff e Christoph Miuller voltam-se a reunir para parir um novo disco. Tango 3.0 é, como já foi dito, limitado, não porque seja preguiçoso e não procure criar uma dinâmica saudável ao cruzar (novamente) as linguagens contemporâneas da pop e a tradição do tango, mas porque simplesmente esforça-se tanto que o resultado final acaba por ser insípido, desenxabido; mesmo quando tentam criar vários ambientes coloridos e alguma intimidade (aqui a belíssima voz de Cristina Vilallonga não está isenta de responsabilidades). É dos tais casos em que se nota o genuíno esforço de um desportista que por mais que tente correr para chegar à meta, acaba por ser forçado a caminhar e chegar ao fim sem glória.

É difícil detestar este disco. E por mais que se tente, não se consegue, mesmo tendo consciência da restrição de ideias possantes. A competência mantém se intacta. E é evidente que a alma do tango percorreu uma vez mais (e sem grandes riscos) os cantos do estúdio soltando à sua passagem charme e sedução. Também aí esperava-se algo mais. Não havendo nenhum tema que se destaque pela grande singularidade da sua personalidade, há pelo menos na pequena inoculação do imaginário western em "El Mensajero" e no swing com queda blaxpoitation de "De Hombre A Hombre" uns pertinentes instantes onde tudo minimamente voltar a fazer algum sentido no universo Gotan. Tudo o resto escapa-se, mas por muito pouco.