DISCOS
The National
High Violet
· 19 Mai 2010 · 00:30 ·
The National
High Violet
2010
4AD / Popstock Portugal
Sítios oficiais:
- The National
- 4AD
- Popstock Portugal
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2010
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Crónica de um assalto provável ao topo do rock maior que a vida.
Partir para um novo disco dos National é um pouco como encarar outro filme da nova vaga francesa: as coisas que alguém espera encontrar são precisamente as mais apreciadas. Como é sabido, o mais estimável filme da nova vaga deve incluir, além da obrigatória Anna Karina, gente que fuma, riscas ajustadas a corpos lindos e conversas sempre interessantes.
Pois bem, High Violet, o quinto álbum dos National, também não toma assim tanto tempo até reatar com símbolos evidentemente reconhecíveis (e eficazes): invoca fantasmas logo na terceira “Anyone’s Ghost” (fabulosa); desenterra pavor familiar e droga na fortíssima “Afraid of Everyone” (com o bónus das vozes atmosféricas de Sujfan Stevens); descreve como é ficar empatado em Nova Iorque em "Little Faith" e “Lemonworld”. Nenhum destes recursos é sequer especialmente original, mas também devem ser poucos os que não estariam precavidos para isso. Quem decide percorrer a auto-estrada do costume sabe que pode acabar com mosquitos esborrachados no vidro da frente.
Nesse sentido, High Violet vem confirmar os National como uma das bandas mais capazes de montar canções que, quase instantaneamente, passam a ser confundíveis com as mais tristes fantasias dos seus fãs irremediáveis. E a seriedade presente na adoração dedicada aos National chega a ser tão feroz que eu temo abalar o equilíbrio de uma ou outra amizade com algumas destas linhas. Este álbum pertence primeiro aos de sempre e só depois oferece méritos suficientes para furar ainda mais o cepticismo dos outros.
E, se é verdade que nem sempre é suave a adaptação à lírica de Matt Berninger (apostada em ser madura, mas ocasionalmente atraiçoada pela angústia de liceu), não há como contestar a superioridade que High Violet impõe em termos de arranjos consolidados pelo clássico (Nico Muhly volta a ser o trunfo certo) e por via de uma progressão interna (dentro do álbum e das suas composições), que resulta de uma ponta à outra de “England” (permanentemente elevada por grandes pretextos sinfónicos).
No fundo, uma das mais irrecusáveis qualidades dos National incide na forma como evitam perseguir os Radiohead (excepção feita ao namoro com a bateria de Phil Selway) - tanto mais quando a grandeza declarada de High Violet procura alinhar os seus autores com o misto de aclamação e popularidade associado à banda de Thom Yorke. Observar esse desvio numa banda de rock maior que a vida é uma daquelas maravilhas que desarma a irritação e abre caminho para um disco que é absolutamente vencedor no seu campeonato. Os Arcade Fire até se borram.
Miguel ArsénioPois bem, High Violet, o quinto álbum dos National, também não toma assim tanto tempo até reatar com símbolos evidentemente reconhecíveis (e eficazes): invoca fantasmas logo na terceira “Anyone’s Ghost” (fabulosa); desenterra pavor familiar e droga na fortíssima “Afraid of Everyone” (com o bónus das vozes atmosféricas de Sujfan Stevens); descreve como é ficar empatado em Nova Iorque em "Little Faith" e “Lemonworld”. Nenhum destes recursos é sequer especialmente original, mas também devem ser poucos os que não estariam precavidos para isso. Quem decide percorrer a auto-estrada do costume sabe que pode acabar com mosquitos esborrachados no vidro da frente.
Nesse sentido, High Violet vem confirmar os National como uma das bandas mais capazes de montar canções que, quase instantaneamente, passam a ser confundíveis com as mais tristes fantasias dos seus fãs irremediáveis. E a seriedade presente na adoração dedicada aos National chega a ser tão feroz que eu temo abalar o equilíbrio de uma ou outra amizade com algumas destas linhas. Este álbum pertence primeiro aos de sempre e só depois oferece méritos suficientes para furar ainda mais o cepticismo dos outros.
E, se é verdade que nem sempre é suave a adaptação à lírica de Matt Berninger (apostada em ser madura, mas ocasionalmente atraiçoada pela angústia de liceu), não há como contestar a superioridade que High Violet impõe em termos de arranjos consolidados pelo clássico (Nico Muhly volta a ser o trunfo certo) e por via de uma progressão interna (dentro do álbum e das suas composições), que resulta de uma ponta à outra de “England” (permanentemente elevada por grandes pretextos sinfónicos).
No fundo, uma das mais irrecusáveis qualidades dos National incide na forma como evitam perseguir os Radiohead (excepção feita ao namoro com a bateria de Phil Selway) - tanto mais quando a grandeza declarada de High Violet procura alinhar os seus autores com o misto de aclamação e popularidade associado à banda de Thom Yorke. Observar esse desvio numa banda de rock maior que a vida é uma daquelas maravilhas que desarma a irritação e abre caminho para um disco que é absolutamente vencedor no seu campeonato. Os Arcade Fire até se borram.
migarsenio@yahoo.com
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