DISCOS
Cobblestone Jazz
The Modern Deep Left Quartet
· 19 Abr 2010 · 10:16 ·
Cobblestone Jazz
The Modern Deep Left Quartet
2010
!K7


Sítios oficiais:
- Cobblestone Jazz
- !K7
Cobblestone Jazz
The Modern Deep Left Quartet
2010
!K7


Sítios oficiais:
- Cobblestone Jazz
- !K7
Trio promovido a quarteto remexe na matéria IDM sem grandes resultados.
Para começar – e à bruta de modo a perceber-se depressa –, o novo disco dos Cobblestone Jazz tem tanto de jazz como um arroto. O colectivo canadiano nunca foi um projecto jazz, mas sempre procurou na essência do jazz as linhas orientadoras para a sua composição. Ao vivo improvisam, dispondo de um leque variado de teclados onde soltam os impulsos mais jazzisticos; em estúdio o que subsiste mesmo é um pertinente composto de algoritmos IDM. E é disto que se trata uma vez mais em The Modern Deep Left Quartet (nome alternativo do colectivo quando tocam ao vivo e agora nome de disco, consequência da entrada oficial de The Mole para o conjunto).

Nas primeiras escutas, os mais assustadiços poderão concluir que poucos motivos haverão para ouvir – uma vez mais – a música deste trio promovido a quarteto. E em parte é fundamentada a suspeita quando se diligencia pelas diferenças de montante entre este segundo disco e o debutante 23 Seconds de 2007. Mathew Jonson, Danuel Tate, Tyger Dhula e Colin de la Plante tentam esconder-se por entre o veio da experiência académica, mas depressa são detectados a repetirem fórmulas passadas: as cadências que tanto remetem para a deep-house ou o techno minimal mantêm-se, tal como as melodias abstractas ora melosas ora ácidas, as programações hipnóticas, a dinâmica live a disfarçar o pragmatismo, baixos redondos a preencher o vazio e – talvez aqui alguma aproximação meramente espiritual ao jazz – a manipulação do tempo e espaço onde o silêncio também é factor a ter em conta na equação sonora.

The Modern Deep Left Quartet tem os seus momentos, sendo "Fiesta" e "Chance" os mais altos e inspirados entre os seus pares. Para além da hegemonia desses temas, nada mais de peculiar e único se extrai desta acção. São 50 minutos – bem passados, para que não haja dúvidas – em que a rapaziada se lança na concepção de paisagens sonoras digitais quase sempre despojadas de excessos, recorrendo amiúde a uma repetitividade propositada que permite, por exemplo, que uma voz filtrada desfile com galanteio, sussurrando sensualmente verdades efémeras.

Vista a indolência do conteúdo, na forma as coisas não melhoram, observando-se o quarteto canadiano a esquadrinhar desesperadamente por alguns elementos orgânicos que permitam que a música caminhe quando parece não querer sair do lugar. E é aí que magia, que fez de 23 Seconds um exemplo de escrita criativa, se contrai e se torna inconsequente; The Modern Deep Left Quartet é menos cerebral, ouve-se bem, proporcionando mesmo bons ambientes. O problema é que se esvazia de interesse ao fim de meia dúzia de escutas.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
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