Não são necessárias longas e demoradas audições de Raiders para perceber que os Robedoor estão cada vez mais hábeis na arte de dominar o indomável drone. E bem sabemos como essa não é uma tarefa fácil. Muito tentaram – e vão tentando todos os dias - e ficaram-se pela mais pura banalidade, falharam redondamente na atracção e no charme de domar algo tão verdadeiramente selvagem. Não é uma tarefa fácil mas alguém tem de o fazer; e os Robedoor fazem-no bem e com propriedade.

Depois de Endlessly Blazing, estes norte-americanos que militam na muito aconselhável Not Not Fun aproximaram-se mais da forma habitual da “canção” (com as devidas distâncias, que são mesmo muitas) mas não deixaram nunca de imprimir nestes quatro temas um cunho arrastado de explorar o drone enquanto matéria-prima para todos os avanços. Na primeira parte do disco os Robedoor constroem os alicerces e colocam a mobília e na segunda partem a casa toda.

Não há neste disco, do seu inicio ao fim, um único raio de luminosidade e esperança. É um daqueles discos, como acontecia com os Godspeed You Black Emperor! (esteja onde estiver o ponto de exclamação), onde se cultiva a maior das depressões e um niilismo quase ostensivo.

Musicalmente, Raiders é igualmente circunscrito a um pessimismo esmagador e a um negrume violento: não é um disco de faces polidas, é um disco cru. Tem guitarras despedaçadas e pouco ortodoxas, percussão resumida ao seu lado mais tribal e primário, tem vozes arrastadas ao ponto de criar dolência e rasgos sonoros vindos das zonas mais obscuras da mente humana. Tem muito daquilo que um disco exigente tem; este vem sem mapa ou manual de instruções, para adensar o mistério.