DISCOS
Prins Thomas
Prins Thomas
· 05 Abr 2010 · 10:29 ·
Prins Thomas
Prins Thomas
2010
Full Pupp


Sítios oficiais:
- Prins Thomas
- Full Pupp
Prins Thomas
Prins Thomas
2010
Full Pupp


Sítios oficiais:
- Prins Thomas
- Full Pupp
Esplendorosa e requintada viagem pelo singular universo onde kraut-rock rima com disco-sound.
Nunca será tarde para a música de Prins Thomas. Mesmo que o seu companheiro de longa data, Lindstrøm, já ande a solo há alguns anos e tenha estabelecido um caminho autónomo onde o fascínio pelo disco-sound colide com partículas pop de 80 (como foi o caso do recente Real Life Is No Cool já deste ano de 2010), Thomas, mais discreto, é, a solo, o oposto da balança no que à regularidade de produção diz respeito. Com um punhado interessante de originais editados, foi essencialmente nas remisturas que se fez notar. Ele e a sua escrita criativa. E se não houve um álbum antes, talvez tenha sido a prudência a ditar a espera por um conjunto de ideias em tom certo para que o avanço fosse confiante do seu rumo.

Se há elogio a fazer a qualquer um destes dois talentosos noruegueses é pelo carácter musical que parece não lhes faltar. Bastará olhar para a consistente obra quando trabalham em conjunto para perceber como é equilibrada a partilha de ideias e até que ponto há um desejo de liberdade em tudo o que compõem. Até que ponto há uma metodologia na escrita que os projecta para a franja do espectro sonoro sem serem acusados de extravagância improfícua. O mesmo se nota quando explanam as suas convicções a solo, na forma como se deixam levar por elas, como elas permitem a confluência ditosa de várias frentes estilísticas numa corrente única e coerente. Um raro caso nos dias que correm e que lhes tem valido rasgados e justos elogios.

Se de Lindstrøm já tínhamos uma ideia definida das crenças que o movimentam, de Prins Thomas só agora é possível uma confirmação definitiva. E uma ideia salta logo diante dos olhos nas primeiras escutas do seu homónimo disco de estreia: percebe-se, com clareza, de onde vem a vertente mais progressiva e psicadélica do projecto Lindstrøm & Prins Thomas. É na sua confiança na contorção do rock (no caso deste disco o kraut-rock), do space-disco, do dub, da pop e da electrónica que nasce o vigor da sua expressão e a irrepreensível qualidade deste seu disco debutante. Haverão pontos de contacto ocasionais – e inevitáveis – com o seu trabalho em parceria com o seu conterrâneo, mas há momentos muito próprios na navegação da sua música que não deixam margem para dúvidas no que à marca de autor diz respeito.

Será impossível não vir à tona da memória as obras-primas dos Neu! e as planálticas viagens psicadélicas a que os alemães se dedicavam nos seus momentos mais inspirados. Daí em diante são percussões determinadas e hipnóticas, baixos de acordes limitados, especulação electrónica que traz à memória a escola alemã de 70, longas divagações cósmicas em torno de Andrómeda e Cassiopeia a que nu-disco nórdico já nos habituou ou a admirável envergadura melódica pop alguns dos elementos base que constituem Prins Thomas. O resto do requinte solidamente exposto é puro talento na ordenação sonora do norueguês que não deixará dúvidas a quem se entregar a esta singular e recompensadora arte onde conflui passado e presente no trilho do futuro. Essencial.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
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