DISCOS
Hawnay Troof
Daggers At The Moon
· 24 Fev 2010 · 00:18 ·
Hawnay Troof
Daggers At The Moon
2009
Retard Disco


Sítios oficiais:
- Hawnay Troof
- Retard Disco
Hawnay Troof
Daggers At The Moon
2009
Retard Disco


Sítios oficiais:
- Hawnay Troof
- Retard Disco
Não sendo sinónima de selo de qualidade, a coesão é por vezes imperativa. E neste caso faz todo o sentido: Hawnay Troof missed it.
Daggers At The Moon começa com um loop de “da-da-da-da-da-da” até ao 1’23 da faixa, a querer ser Animal Collective, para desembocar numa batida e melodia em 8 bits – música à Super Mario, se quiserem. De seguida, em “Body Armageddon”, o solitário Hawnay Troof tenta, a todo o custo, impor-se por meio de uma rappada à Beastie Boys, misturado com o tipo de melodias dignas de Bollywood, cítaras e odaliscas à mistura. A coisa parece descolada, mas tudo bem, há vezes em que o cu não joga com as calças e tudo soa bem. Não é o caso. Segue-se “Find a Way”, malha electropop pouco convincente, com um sintetizador saltitante mas, acima de tudo, piroso. E a coisa continua a não colar, refrões e versos que parecem decalcados de músicas e géneros distintos. "Isto não está bonito", pensa o leitor. Descansem. Anima um pouco em “And I”, faixa cujo sintetizador mais grave, quando as notas são tocadas mais ligadas, lembra “Tribulations” dos LCD Soundsystem (suspiro óbvio). Canção gira, vá.

Em “Sentiment”, desânimo geral, novamente. Uma linha vocal do mais aberrante que temos ouvido, independentemente de a desafinação ser consciente (ou não). “Escriba redundante”, pensarão vocês depois de referir que tudo parece um balde cheio de missangas atirado contra uma parede de cola. O que ficar, fica. Que se foda. Não, o experimental não tem que ser assim. Mesmo no meio do caos, há ordem. Já “Daggers At The Moon”, tema que dá nome ao disco, representa o momento em que as coisas não correm assim tão mal. Novamente Beastie Boys em pano de fundo, voz feminina para a pintura não sair borrada, tema giro no refrão, agressividade q.b. Wow! Lição estudada. “Like Her” inicia com uma voz feminina – loiça a ser destruída nos bastidores – que dá o mote para o momento descontraído do álbum. Mas isto não chega.

No fim de contas, Hawnay Troof perdeu uma boa oportunidade de deixar as experiências no quarto. Daggers At The Moon não funciona como um todo, dando sinais de um desleixo wanna be, incoerente e deformado. Música é música. Mas este fulano anda a tomar laxante a mais.
Simão Martins
simaopmartins@gmail.com
RELACIONADO / Hawnay Troof