DISCOS
Biosphere
Wireless
· 23 Fev 2010 · 00:40 ·
Biosphere
Wireless
2009
Touch


Sítios oficiais:
- Biosphere
- Touch
Biosphere
Wireless
2009
Touch


Sítios oficiais:
- Biosphere
- Touch
Prova de vida do pioneiro da electrónica ambiental.
Em 1991 era editado Microgravity, álbum pioneiro, percursor da electrónica que ia conquistar a década. Ainda estavam longe os tempos em que o termo “IDM” se tornaria uma das mais debatidas siglas, um dos mais refutados rótulos, longe estava o tempo em que o subgénero “música de dança inteligente” se tornaria fenómeno de culto. Ainda não se sabia bem o que ali estava, nascia ali uma electrónica abstracta, herdeira directa do house que ameaçava penetrar o mainstream, mas que simultaneamente o rejeitava, que mostrava vontade de querer ser outra coisa. Música ritmada que não queria dançar, música feita de repetição, electrónica feita hipnose.

A confirmação veio com Patashnik, o segundo disco, de '94. Ao longo dessa década Biosphere AKA Geir Jenssen tarbalhou uma revolução na sombra, quase silenciosa, mas com muitos resultados. O grande regresso ocorreu em 2004, com Autour de la Lune, mostrando-o em claros territórios ambientais, fazendo-nos crer em Jenssen como discípulo de Brian Eno – e estava ali um dos momentos mais memoráveis da sua carreira. Gravado ao vivo em 2007, na (amaldiçoada) cidade de Bristol, este novo Wireless é uma espécie de continuação e é a prova de vida de Biosphere, quase duas décadas depois da primeira edição.

Percursor das formas da electrónica que entretato foram tomando conta do mainstream, do minimal ao chill out (que depressa se tornou praga), Biosphere tem neste registo “live” uma amostra das múltiplas fases e experiências do seu percurso, que funciona como espécie de enciclopédia autobiográfica. Há batidas viciosas, texturas cortantes, sons robóticos, atmosferas geladas. Este “Live at the Arnolfini” mostra que a música de Jenssen consegue ser tão enigmática quanto a pintura de Van Eyck dissecada por Panofsky. Plena de detalhes, repleta de pormenores, que revelam informações sub-reptícias, ocultas ao ouvinte mais desprevenido.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
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