O terceiro disco de Tiago Sousa, Insónia, confirma-o definitivamente como músico de excepção. Multi-instrumentista, Sousa é um músico completo que tem a capacidade de atravessar estilos com aparente facilidade. Este Insónia é um magnífico exercício ao piano onde Tiago Sousa explora um conjunto de composições que partem de motivos simples para se transformarem em algo maior. Além do piano clássico, Tiago toca ainda a guitarra, orgãos e conta com as colaborações pontuais de João Correia (bateria) e Ricardo Ribeiro (clarinete).

Tiago Sousa está agora concentrado na sua carreira individual, depois de encerrar a netlabel Merzbau (responsável por ter impulsionado boa parte da música nacional mais interessante da década zero do século XXI) e de ter colaborado com as bandas Goodbye Toulouse e Jesus, The Misunderstood. Este disco surge na sequência lógica dos discos Crepúsculo (2006) e The Western Lands (2008), que já eram boas amostras do seu talento, mas aqui está claramente mais maduro, este é um álbum bem mais sólido que os anteriores, onde é notória uma evolução.

Como se confirmou na impecável apresentação do álbum ao vivo na Galeria ZDB, na noite de 4 de Dezembro, Insónia aglomera um conjunto coerente de temas, composições secas herdeiras de um minimalismo clássico – mais Satie do que Glass. Cada tema assume uma personalidade própria, mas em conjunto as composições respiram como um verdadeiro “álbum�, mais do que simples soma de temas avulsos. Por vezes o piano até se cruza com um jazz contemporâneo controlado, com o clarinete a entrar em terrenos mais libertinos. Cada nota do piano carrega uma imensa carga emotiva, que Tiago Sousa sabe manobrar inteligentemente. Trabalhando movimentos hipnóticos, obsessivos, o compositor/pianista conduz um épico documento de emoções.