DISCOS
Batida
Dance Mwangolé
· 08 Dez 2009 · 09:56 ·
Batida
Dance Mwangolé
2009
Farol Música
Sítios oficiais:
- Batida
Dance Mwangolé
2009
Farol Música
Sítios oficiais:
- Batida
Batida
Dance Mwangolé
2009
Farol Música
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- Batida
Dance Mwangolé
2009
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- Batida
A Rádio Fazuma remexeu nos catálogos da música angolana tradicional e achou que o que ficava ali bem eram uns ritmos pugilistas. Chamaram convidados, criaram uma estética, e agora aà estão, prontos para conquistar à força da Batida.
A recente morte de João Aguardela serviu como pretexto para os seus admiradores chamarem a atenção da comunidade melómana para o seu trabalho como Megafone. Nele, Aguardela revisitiva o cancioneiro tradicional português à luz da electrónica e dos samples. Se menciono isto no inÃcio de uma crÃtica sobre Dance Mwangolé, disco de estreia do projecto Batida, não é pela morte – felizmente – de ninguém. É porque se podem estabelecer paralelos entre os dois. Afinal, o que o conjunto de DJ Mpula, DJ Beat Laden (Rádio Fazuma), Ikonoklasta (Conjunto Ngonguenha), Sacerdote e outros fazem não está muito distante. Aproveitar os ritmos e melodias da música angolana, e enxertar-lhes o ADN de géneros como o kuduro, na procura da vivisecção perfeita. E, se Dance Mwangolé não atinge o nÃvel do fabuloso Black Diamond dos Buraka Som Sistema, com quem é impossÃvel não os comparar, não têm qualquer razão para se envergonhar do trabalho conseguido com este seu primeiro disco.
A razão principal para o bom funcionamento deste disco é, precisamente, o sucesso da cirurgia operada. A música angolana mais tradicional, os seus ritmos e guitarras gingonas, complementam eficazmente as sincopações e disparos sintéticos da sua música mais electrónica. A permissão concedida aos Batida para remexerem no catálogo de muita da primeira dá origem à força cinética irresistÃvel de músicas como “Puxa†ou “Yumbala (Nova Dança!)â€, enquanto “Bazuka (Quem Me Rusgou?), “Mestre ou “Tribalismo†impõem-se com a violência que se exige a um som tão baseado na dureza dos ritmos, e efeito-chicote dos seus beats. Lembramo-nos do álbum que infelizmente não teve seguimento do Conjunto Ngonguenha, e até do gosto que um produtor como Sam The Kid tem para recuperar sons de discos antigos portugueses, embora no seu caso bastante mais disfarçados. Quanto aos incontornáveis Buraka, há que realçar que os Batida se diferenciam por não irem buscar as influências grime, techno, house e afins que estes utilizam. Mas no fundo o que temos é bem suficiente para que possamos considerar Dance Mwangolé como o grande apelo à festa e à união que realmente representa.
Depois de um momento menos conseguido com “Saudade†(Bob Da Rage Sense é um rapper apenas competente), a Rádio Fazuma oferece-nos ainda dois temas de cantores angolanos, e uma fulgurante remistura para “Mestre†por DJ Chernobyl. Os Batida têm pernas – bambas, porque a dança assim o exige – para andar. Agora importará consolidar o som conseguido, e investigar que novas e boas surpresas nos reservarão, numa época em que a música portuguesa cada vez mais descobre a africana. Ah, mas não se chateiem se não conseguirem dar os passos desvairados de dança que isto exige. Há coisas que são mesmo só para os eleitos.
Nuno ProençaA razão principal para o bom funcionamento deste disco é, precisamente, o sucesso da cirurgia operada. A música angolana mais tradicional, os seus ritmos e guitarras gingonas, complementam eficazmente as sincopações e disparos sintéticos da sua música mais electrónica. A permissão concedida aos Batida para remexerem no catálogo de muita da primeira dá origem à força cinética irresistÃvel de músicas como “Puxa†ou “Yumbala (Nova Dança!)â€, enquanto “Bazuka (Quem Me Rusgou?), “Mestre ou “Tribalismo†impõem-se com a violência que se exige a um som tão baseado na dureza dos ritmos, e efeito-chicote dos seus beats. Lembramo-nos do álbum que infelizmente não teve seguimento do Conjunto Ngonguenha, e até do gosto que um produtor como Sam The Kid tem para recuperar sons de discos antigos portugueses, embora no seu caso bastante mais disfarçados. Quanto aos incontornáveis Buraka, há que realçar que os Batida se diferenciam por não irem buscar as influências grime, techno, house e afins que estes utilizam. Mas no fundo o que temos é bem suficiente para que possamos considerar Dance Mwangolé como o grande apelo à festa e à união que realmente representa.
Depois de um momento menos conseguido com “Saudade†(Bob Da Rage Sense é um rapper apenas competente), a Rádio Fazuma oferece-nos ainda dois temas de cantores angolanos, e uma fulgurante remistura para “Mestre†por DJ Chernobyl. Os Batida têm pernas – bambas, porque a dança assim o exige – para andar. Agora importará consolidar o som conseguido, e investigar que novas e boas surpresas nos reservarão, numa época em que a música portuguesa cada vez mais descobre a africana. Ah, mas não se chateiem se não conseguirem dar os passos desvairados de dança que isto exige. Há coisas que são mesmo só para os eleitos.
nunoproenca@gmail.com
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