DISCOS
Zero 7
Yeah Ghost
· 08 Out 2009 · 14:27 ·
Zero 7
Yeah Ghost
2009
Atlantic
Sítios oficiais:
- Zero 7
- Atlantic
Yeah Ghost
2009
Atlantic
Sítios oficiais:
- Zero 7
- Atlantic
Zero 7
Yeah Ghost
2009
Atlantic
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Yeah Ghost
2009
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Não se pretenderia que fossem os mesmos ou que fizessem mais do mesmo, mas também ninguém pediu um híbrido desfigurado.
Valerá a pena interrogarmo-nos sobre a pertinência de alguns projectos? Sim, quanto mais não seja para sublinhar os erros que não param de ser cometidos em nome da metamorfose, especificamente na falta de estratégia e útil sentido estético de quem se “albarroa” propositadamente e depois acaba desfigurado na berma da estrada da indiferença. E este ano já observamos pelo menos dois casos semelhantes (Boozoo Bajou e dZihan & Kamien), podendo-se agora somar os Zero 7 ao lote de indivíduos que preferiram a mudança a qualquer custo.
Há razoabilidade suficiente para se aceitar e respeitar qualquer intenção de alteração de rumo da dupla simplesmente porque o beco se fechou a novas ideias. Mas a radicalização dos propósitos sonoros fundados em três álbuns onde se apresentaram como dignos embaixadores de uma pop moderna capaz de acolher com eloquência os mais variados estímulos da soul, da electrónica e da folk é que já é indicador de alguma falta de honestidade para quem aprendeu a amar Simple Things (e os menos brilhantes subsequentes) pela verticalidade das ideias e a probidade do espírito desprovido de segundas intenções.
Yeah Ghost é tudo o que não estávamos à espera dos Zero 7. Tirando dois breves momentos de sobriedade ("Swing" e "Pop Art Blue")em que a velha alma não se deixa possuir (por completo) pela onda reformista a que Henry Binns e Sam Hardaker sujeitaram a sua música. Tudo o resto é um exemplo de um monumental erro de reinvenção do carácter sonoro. E nem a sempre excelente Eska consegue fazer um frete competente para salvar os momentos menos inspirados e inconsiderados da operação 2009 deste projecto britânico.
Yeah Ghost tenta a provocação e não consegue. No processo anula a candura. Eclipsa a beleza etérea e relaxada do som das guitarras em tonalidade folk para apresentar uma pop com uma motricidade descoordenada onde uma electrónica experimental e alucinada consigo mesma provoca mais danos que a soul desalinhada dos convidados. Eclipsa-se o fio condutor – que já no disco anterior se sentia desviado do seu prumo original – sem que outro seja competentemente encontrado; oiça-se "Mr McGee", "Medicine Man", "Ghost Symbol", "Sleeper", "Solastalgia" ou "All Of Us" para se perceber até que ponto estes Zero 7 reciclados nada têm a ver com os outros que conhecemos em anos anteriores.
Mudar sim, mas se é para este resultado enfadonho e plangente, mais valeria terem procurado uma nova e mais adequada designação para apresentar este conjunto de novos e desequilibrados temas. Haverá, então, algo pertinente neste Yeah Ghost? Sim, justificações suficientes para esquecer estes dois tipos durante os próximos tempos. Não damos zero em sete, mas uns três em dez são mais que garantidos. E merecidos. Para esquecer.
Rafael SantosHá razoabilidade suficiente para se aceitar e respeitar qualquer intenção de alteração de rumo da dupla simplesmente porque o beco se fechou a novas ideias. Mas a radicalização dos propósitos sonoros fundados em três álbuns onde se apresentaram como dignos embaixadores de uma pop moderna capaz de acolher com eloquência os mais variados estímulos da soul, da electrónica e da folk é que já é indicador de alguma falta de honestidade para quem aprendeu a amar Simple Things (e os menos brilhantes subsequentes) pela verticalidade das ideias e a probidade do espírito desprovido de segundas intenções.
Yeah Ghost é tudo o que não estávamos à espera dos Zero 7. Tirando dois breves momentos de sobriedade ("Swing" e "Pop Art Blue")em que a velha alma não se deixa possuir (por completo) pela onda reformista a que Henry Binns e Sam Hardaker sujeitaram a sua música. Tudo o resto é um exemplo de um monumental erro de reinvenção do carácter sonoro. E nem a sempre excelente Eska consegue fazer um frete competente para salvar os momentos menos inspirados e inconsiderados da operação 2009 deste projecto britânico.
Yeah Ghost tenta a provocação e não consegue. No processo anula a candura. Eclipsa a beleza etérea e relaxada do som das guitarras em tonalidade folk para apresentar uma pop com uma motricidade descoordenada onde uma electrónica experimental e alucinada consigo mesma provoca mais danos que a soul desalinhada dos convidados. Eclipsa-se o fio condutor – que já no disco anterior se sentia desviado do seu prumo original – sem que outro seja competentemente encontrado; oiça-se "Mr McGee", "Medicine Man", "Ghost Symbol", "Sleeper", "Solastalgia" ou "All Of Us" para se perceber até que ponto estes Zero 7 reciclados nada têm a ver com os outros que conhecemos em anos anteriores.
Mudar sim, mas se é para este resultado enfadonho e plangente, mais valeria terem procurado uma nova e mais adequada designação para apresentar este conjunto de novos e desequilibrados temas. Haverá, então, algo pertinente neste Yeah Ghost? Sim, justificações suficientes para esquecer estes dois tipos durante os próximos tempos. Não damos zero em sete, mas uns três em dez são mais que garantidos. E merecidos. Para esquecer.
r_b_santos_world@hotmail.com
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