DISCOS
Richard Youngs
Beyond the valley of Ultrahits
· 26 Jun 2009 · 22:02 ·
Richard Youngs
Beyond the valley of Ultrahits
2009
Sonic Oyster Records


Sítios oficiais:
- Richard Youngs
- Sonic Oyster Records
Richard Youngs
Beyond the valley of Ultrahits
2009
Sonic Oyster Records


Sítios oficiais:
- Richard Youngs
- Sonic Oyster Records
Músico britânico em experiências à volta do formato canção edita disco de degustação proveitosa.
O flirt com a música pop é algo mais ou menos presente na discografia de Richard Young, de forma mais ou menos directa, mas agora o músico britânico foi até ao fim. Com um objectivo. Encontrar a música pop clássica, uma espécie de fórmula onde esta se espelhe em toda a sua glória. Youngs caracterizou-se sempre pela experimentação nos seus discos – arriscou sempre distintas abordagens na sua música – e esta é apenas mais uma dessas experiências – sendo que este apenas de depreciativo nada tem. Aqui o britânico não tenta subverter ou provocar, apenas extrair da pop a sua essência e mostrar-lhe as fundações.

Num CD-R com uma tiragem de 100 unidades, Richard Youngs assina uma dezena de canções em que a procura da melodia é prioridade evidente. O corpo de trabalho é similar entre si: estruturas simples apoiadas fundamentalmente numa electrónica descomplexa e geradora de movimentações não raras vezes repetitivas. Sem que se dê por isso, há muito de Talk Talk ou David Sylvian por aqui, para além de dois nomes evidentes e referidos amiúde quando se fala de Youngs: Robert Wyatt e Scott Walker. Richard Youngs é aqui um observador: acerca-se da pop mainstream e tira-lhe as medidas, estuda-a e traz-nos os resultados. Sem receios aparentes.

Richard Youngs prova que é possível fazer muito sem se fugir necessariamente ao processo clássico e que não é impossível fazer-se pop com dupla interpretação; por um lado directa e automática, por outro iminentemente complexa e intrincada. Ou as duas coisas ao mesmo tempo: “Collapsing Stars” é malabarista de coisas opostas, da melodia que foge para a ser anti-melodia, da beleza pura e da estranheza genética. “Summer Void”, a dois tempos, carrega essa mesma função. Gerir estas sensibilidades não é fácil mas Richard Youngs consegue neste Beyond the valley of Ultrahits chegar a bom porto. Pode não ser em última instância um disco fácil de entrar e apreciar, mas é certamente uma das melhores portas de entrada para o mundo estranho e misterioso de Richard Youngs.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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