Barcelos é cada vez menos conhecida como a cidade dos galos e cada vez mais como uma das capitais de distrito do rock menos convencional. Os exemplos são cada vez mais e mais expressivos e o Minho já não parece o mesmo. Em Barcelos o rock é bem aceite apesar das contrariedades que são muitas e de vária ordem: falta de apoios, insuficiência de locais para ensaiar, falta de locais onde adquirir rodagem ao vivo. É portanto aqui que entra o DIY para fazer uma série de pessoas levantar o rabo do sofá.

Os Black Bombaim são um dos casos mais activos de inconformismo a norte do país. Eis que depois de alguma existência de palcos, o trio stoner/heavy rock/psicadélico (sublinhar o que mais interessa) lançou-se a um EP homónimo para registar em disco aquilo que se vinha desenhando ao vivo. E aquilo que o EP Black Bombaim mostra é três músicos com a lição bem estudada e com vontade de contar a sua própria versão dos acontecimentos.

E esta versão é uma viagem instrumental por riffs de grande porte que aproximam os Black Bombaim do planeta Black Sabbath (bendito “prefixo” Black), e que lhes confere um lugar de destaque no rock que não é feito com as medidas certas para passar na rádio. Mas há também aqui a preocupação de aproximação a um rock mais actualizado e uma – ainda bem – falta de vergonha na cara para mergulhar em apetecíveis solos de guitarra. Mesmo para quem nunca sentiu o poder dos Black Bombaim ao vivo (que se adivinha aqui intenso) é fácil entender que esta máquina de riffs, em cima de um palco, pode muito bem render uma noite suada de rock. Em disco, este EP embrionário deixa boas indicações para o que pode ainda aí vir.