DISCOS
Boozoo Bajou
Grains
· 09 Mar 2009 · 18:35 ·
Boozoo Bajou
Grains
2009
Studio !K7


Sítios oficiais:
- Boozoo Bajou
- Studio !K7
Boozoo Bajou
Grains
2009
Studio !K7


Sítios oficiais:
- Boozoo Bajou
- Studio !K7
Ao terceiro disco surge uma espécie evolução. E falsa. Eis como se anda para a frente sem sair do lugar.
Há quem, na demanda pela mudança de paisagens, esqueça-se de descer no apeadeiro certo e siga teimosamente linha fora sem um único pestanejar de dúvida. Mesmo imersos na razão estética que os viu nascer e lhes proporcionou um justíssimo foco de luz, os Boozoo Bajou escusaram-se a reflexões profundas na hora de entrar em estúdio. E pelo resultado de Grains, o novo disco da dupla de Nuremberga, nada de relevo ou substancial foi acrescentado durante trajecto de concretização do novo disco.

Volvidos quatro anos sobre Dust My Broom de 2005 – que apesar da introdução de vozes já manifestava alguma aversão à evolução, resistindo constantemente à tentação de desafiar as ideias erguidas em Satta (2001) – e alguma dose de esperança, deparamo-nos agora com o frustrante Grains, um corpo mole, anémico e pouco dependente da criatividade para atingir objectivos. Uma consequência oca fruto de uma estratégia inocente que decidiu substituir o sampler – enquanto ferramenta de trabalho – por uma banda supostamente de músicos.

Apesar da produção cuidada, Grains sofre de uma atroz astenia criativa. Surge tristemente orgulhoso de uma orgânica pop/ folk insossa que rouba, literalmente, a rugosidade sedutora de uma música que no passado absorveu através do equipamento de samplagem os mais diversos estímulos do mundo e que agora substitui o perfume apurado do dub via Mississippi por uma fraca fragrância folk com laivos de spaghetti western. Para compensar o cinzentismo e a falta de substância sobressai uma fantasia pop/ dub – que por mais exótica que aparente – não convence.

Grains soa a falso, sugere a mudança pela mão da pop sem nunca a concretizar convincentemente («Flickers», «Same Sun» ou «Messengers»), tenta converter Satta num filão eterno – amaldiçoando-o! – («Kinder Ohne Strom», «Tonschraube») e faz nos acreditar que vozes como Stefan Prange, Mr. Day ou Rumer desencadeiam uma sucessão de milagres com consequências estéticas relevantes. Puro engano. Alias como o disco no seu todo: um puro engano.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
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