DISCOS
Lorna
Writing Down Things to Say
· 03 Fev 2009 · 09:50 ·
Lorna
Writing Down Things to Say
2008
Word on Music


Sítios oficiais:
- Lorna
- Word on Music
Lorna
Writing Down Things to Say
2008
Word on Music


Sítios oficiais:
- Lorna
- Word on Music
Senhora e esposo gladiam-se por vozes melosas e arranjos orquestrais.
À pop orquestral falta muitas vezes contundência. Writing Down Things to Say padece do mesmo mal, porque a parcimónia só é bonita se não for em excesso. A capa espelha bem essa realidade, com a harmonia própria de quem consegue fazer as coisas com proporção e medida, mas sem arrebatar quem vê ou se singularizar entre os pares. É costume que todos os defeitos são-no apenas consoante a perspectiva e o entendimento de quem os aponta, por isso o sono duns é o orgasmo doutros. Writing Down Things to Say não é mesmo nada um álbum de se desprezar, havendo quem não o quisesse ver fora dos melhores de 2008, o que se entende e respeita. Sabe-se assim que para quem a segunda divisão da indie pop etérea e orquestral suscitar interesse, pode haver por aqui motivo. Para quem sair da primeira divisão é sinónimo de psicologias associadas a ansiolíticos, a audição dispensa-se.

Trata-se do terceiro disco deste casal inglês de Nottingham, Mark Rolfe e Sharon Cohen, que partilham a palavra cantada em duetos de marido-mulher (em Portugal temos esta tradição em géneros musicais mais populares). É quase prodigiosa a capacidade de usarem milhentos instrumentos e soarem a apenas dois ou três – mas também podíamos designar isso de dispensável. Na unidade do álbum, como no resto, parecem fazer as coisas à moda antiga: pode discutir-se muito o futuro da música em termos de conceptualização e formalização da sua estrutura (álbuns? temas isolados?), mas este conjunto de canções é coeso e sente-se parte de um todo.

O mood é de romantismo do século passado, sentido no carácter orquestral e na comunicação dos duetos, declarados numa visão do mundo quase maniqueísta. Nas forças de inspiração, Yo La Tengo, Belle & Sebastian ou Sebadoh, buscaram a construção melódica e identidária. É isso que se percebe, por exemplo, na abertura de “(I Wish I Knew) How to Build a House”, com o órgão yo-la-tenguiano, e em muitas outras faixas. Mas soar como os grandes está longe de equivaler a chegar-lhe aos pés.
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net
RELACIONADO / Lorna