DISCOS
Jason Moran
Modernistic
· 01 Mar 2003 · 08:00 ·
Jason Moran
Modernistic
2002
Blue Note


Sítios oficiais:
- Jason Moran
- Blue Note
Jason Moran
Modernistic
2002
Blue Note


Sítios oficiais:
- Jason Moran
- Blue Note
Jason Moran, um pianista de tenra idade (ainda não completou 30 anos de idade) traz-nos aqui uma aventura a solo pelo Piano-Jazz. E é neste domínio que se vai impondo e afirmando como uma figura de proa, visto conseguir aliar a emoção, o amor ao Jazz à solidez e técnica, sendo que as suas criações primam pela excelente conjugação destas duas vertentes, num claro exercício de exploração ou mais apropriadamente de Modernização.

“You’ve got to be Modernistic” de James P. Johnson inicia o álbum e ironicamente (ou não) está carregado de tradicionalismo, ao qual se associam improvisações de intensidade e duração inconstante. Segue-se outra versão, “Body and Soul”, alvo de mil e uma abordagens mas que aqui consegue acrescentar algo (e não é pouco) na forma como Moran consegue encobrir a melodia através da sua nada nebulosa imaginação...

Intrigante e curiosa é a versão de “Planet Rock” do nova-iorquino Afrika Bambaataa. “Time Into Space Into Time” de um dos seus mentores Muhal Richard Abrams enquadra-se perfeitamente numa melodia bop impressionista.

Surgem também as já habituais Gangsterism’s, que são já uma imagem de marca de Moran e pelas quais vale sempre a pena esperar, sendo a primeira apelidada de “Gangsterism on Irons” que nos faz lembrar uma paisagem bucólica enquanto “Gangsterism on Lunchtable” nos reporta para uma clara influencia da música de Moran que é o Hip- Hop.

“Moran Tonk Circa 1935” traz-nos de volta o sabor das tradições com Moran empenhado num mini-piano. É obvia a paixão de Moran pelo Jazz, basta ouvir a balada romântica que é “Passion”, sendo porém também evidente que a música clássica também toca fundo no coração de Moran e, como não podia deixar de ser, traz-nos uma versão de “Auf Einer Burg” de Robert Schumann.

Termina o álbum com “Gentle Shifts South” uma composição tremendamente simples, mas que prova que a complexidade não é requisito obrigatório para atingir a beleza ou mesmo para transmitir afectos.

E é de afectos e emoções que é feito este álbum, e é isso que o torna tão especial, sendo Moran um pianista de extremos (tradição/improvisação) mas que convive em harmonia com eles, sabendo construir um disco carregado de paixão, ecléctico, original e em que a paixão pelo Jazz transborda pelos seus poros...

”Neither a lofty degree of intelligence nor imagination nor both together go to the making of genius. Love, love, love that is the soul of genius”

Mozart



Miguel Marques
RELACIONADO / Jason Moran