DISCOS
Department of Eagles
In Ear Park
· 26 Jan 2009 · 14:04 ·
Department of Eagles
In Ear Park
2008
4AD / Popstock Portugal


Sítios oficiais:
- Department of Eagles
- 4AD
- Popstock Portugal
Department of Eagles
In Ear Park
2008
4AD / Popstock Portugal


Sítios oficiais:
- Department of Eagles
- 4AD
- Popstock Portugal
Duo norte-americano trata as canções como deve de ser: com cuidado, com originalidade, com soluções e arranjos inventivos. Um dos discos esquecidos de 2008?
Há que dizê-lo com frontalidade. Os Department of Eagles são a melhor banda de sempre com a palavra “Eagles” no nome. Posto isto, estes que começaram quase por piada e para os amigos são agora uma banda a sério. E In Ear Park é talvez o primeiro grande lançamento do duo. Este é basicamente um disco de canções mas está longe de ser um disco de canções básicas. O corpo da canção é o espaço onde todos se divertem, o local onde convertem arranjos inventivos, soluções de quem tem uma mente a trabalhar depressa. Em “In Ear Park”, o tema que dá título ao disco, acontecem muitas coisas: os fantasmas de Animal Collective caminham na sala, o fingerpicking da guitarra deixa marca, o recital de violoncelo acontece ali perante os olhos de todos, os Calexico dão um ar de sua graça e quase se pode jurar que se toca uma sonata ao piano lá ao fundo.

In Ear Park é um disco assim sem grandes segredos. Não é um disco que precise de muitas audições para se impor; não é um disco que se esconda em copas ou jogue às escondidas. A sua instantaneidade é apenas uma das suas qualidades. A capacidade melódica é outra delas. Não estamos a falar propriamente de Paul Simon e Art Garfunkel, mas o duo Daniel Rossen e Fred Nicolaus são senhores da melodia e do bom gosto. Mas há ainda outra qualidade evidente nestes Department of Eagles: que é o facto de não se colarem a banda nenhuma em particular, de não serem monges copistas – um pouco como os Yeasayer. E isso é algo que se nota pelo disco todo.

“No one Does it like you”, guiada por cordas em pizzicato e percussão chico-esperta, e ainda por vozes em coro, é tudo aquilo que parece: um turbilhão harmónico e musical, uma criança irrequieta, um criativo a explodir de ideias. Mas esta poderia ser a descrição de quase todas as faixas do disco. Na guerra entre o minimal e o maximal os Department of Eagles ganham o disco. Não é um disco magro, nem gordo: tem o peso perfeito para a sua idade. Inspirado na infância, mergulhado nas memórias dos seus executantes, In Ear Park terá a capacidade para transformar um jovem de 15 anos num adulto nostálgico. E de dar conta de uma bússola. E de se perder no mapa. E de ser comedido. Em pouco mais de 40 minutos, In Ear Park é um disco certeiro em quase todos os aspectos. Apesar de perder (ligeiramente) alguma força perto do fim, nunca deixa de surpreender.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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