DISCOS
The Sea and Cake
Car Alarm
· 24 Nov 2008 · 13:22 ·
The Sea and Cake
Car Alarm
2008
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- The Sea and Cake
- Thrill Jockey
- Mbari
Car Alarm
2008
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- The Sea and Cake
- Thrill Jockey
- Mbari
The Sea and Cake
Car Alarm
2008
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- The Sea and Cake
- Thrill Jockey
- Mbari
Car Alarm
2008
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- The Sea and Cake
- Thrill Jockey
- Mbari
Não é só um dos mais convincentes e marcantes resultados da persistente ciência indie dos Sea and Cake. É a mais discreta paragem obrigatória deste ano.
Quem gosta e repara atentamente nos detalhes, acaba recompensado pelas revelações de rituais simples como uma ida ao supermercado para comprar fruta ou um debate menor a caminho do cinema. Na verdade, a música dos Sea and Cake é tão fiel à sua tradição e fórmula que dificulta o surgimento de opiniões particularmente originais ou inéditas. O mesmo não significa que cada novo disco de Sea and Cake difira apenas no código de barras: Car Alarm poderia acusar o desgaste do oitavo álbum numa carreira enganosamente estagnada, mas revela, em vez disso, todos os sinais de abundante saúde que se esperam de um versátil pulmão-rock cada vez mais capaz de oxigenar as canções com pop sedutora e refinada.
Sem permitir que a surpresa (um alarme com laço) atraiçoe a sua estabilidade bem-disposta, o álbum número 8 dos Sea and Cake volta reproduzir a “pica” e frescura de uma (eterna) segunda juventude, com as garantias de inteligência e magia que oferece um conjunto de músicos perfeitamente amadurecidos durante os tempos dedicados a esta aventura, tal como a duas das bandas históricas do pós-rock de Chicago, os (há muito cessados) Shrimp Boat e (mais tarde) os Tortoise.
Exigir transição aos Sea and Cake é como matar a galinha dos ovos de ouro. E asfixiar um animal é a última das vontades sugeridas por um disco tantas vezes vocacionado para acelerar as guitarras e ritmos num sentido contrário ao dos versos escritos como antídotos para emergências e ansiedades. Apesar de ser geralmente directo nas suas doze investidas, Car Alarm toma o seu tempo até chegar onde quer: ancorado num hook de guitarra acústica, “Weekend” abre a janela a uma electrónica-serpentina e torna-se num hino de dança oculto, tal como era “Free” de Cat Power em formato semelhante; “Window Sills”, por sua vez, é tão compacto que os seus três minutos e meio chegam para roçar um ideal pop, sem lesar o luxo de 60 segundos reservados a uma colorida flutuação unicamente instrumental.
Car Alarm quase merece ser comparado a uma exibição muito simpática da selecção sueca, quando, mesmo sem apresentar um futebol muito inovador ou de “encher o olho”, vence adversários à partida favoritos. Secretamente, acumula tantas canções repletas de graça que passa a ser uma tremenda injustiça não abrigar os Sea and Cake sob o mesmo tecto de estima que protege os heróicos Yo La Tengo ou os Belle & Sebastian. A simplicidade é tão sexy como os Sea and Cake entendem. A voz amaciada de Sam Prekop convida tão prontamente a um “amasso” que estas canções devem ser guardadas como amuleto de bom agouro para tirar do bolso em ocasiões vividas em óptima companhia. Rendido, sou obrigado a admitir que estava afinal certa aquela jovem que sorria deslumbrada nas primeiras filas do concerto da sua banda indie favorita, sendo possível ler no seu rosto:É só isto, mas eu adoro. Mais do que nunca, o “só isto” dos Sea and Cake é um “Só Isto” que é puro desperdício ignorar.
Miguel ArsénioSem permitir que a surpresa (um alarme com laço) atraiçoe a sua estabilidade bem-disposta, o álbum número 8 dos Sea and Cake volta reproduzir a “pica” e frescura de uma (eterna) segunda juventude, com as garantias de inteligência e magia que oferece um conjunto de músicos perfeitamente amadurecidos durante os tempos dedicados a esta aventura, tal como a duas das bandas históricas do pós-rock de Chicago, os (há muito cessados) Shrimp Boat e (mais tarde) os Tortoise.
Exigir transição aos Sea and Cake é como matar a galinha dos ovos de ouro. E asfixiar um animal é a última das vontades sugeridas por um disco tantas vezes vocacionado para acelerar as guitarras e ritmos num sentido contrário ao dos versos escritos como antídotos para emergências e ansiedades. Apesar de ser geralmente directo nas suas doze investidas, Car Alarm toma o seu tempo até chegar onde quer: ancorado num hook de guitarra acústica, “Weekend” abre a janela a uma electrónica-serpentina e torna-se num hino de dança oculto, tal como era “Free” de Cat Power em formato semelhante; “Window Sills”, por sua vez, é tão compacto que os seus três minutos e meio chegam para roçar um ideal pop, sem lesar o luxo de 60 segundos reservados a uma colorida flutuação unicamente instrumental.
Car Alarm quase merece ser comparado a uma exibição muito simpática da selecção sueca, quando, mesmo sem apresentar um futebol muito inovador ou de “encher o olho”, vence adversários à partida favoritos. Secretamente, acumula tantas canções repletas de graça que passa a ser uma tremenda injustiça não abrigar os Sea and Cake sob o mesmo tecto de estima que protege os heróicos Yo La Tengo ou os Belle & Sebastian. A simplicidade é tão sexy como os Sea and Cake entendem. A voz amaciada de Sam Prekop convida tão prontamente a um “amasso” que estas canções devem ser guardadas como amuleto de bom agouro para tirar do bolso em ocasiões vividas em óptima companhia. Rendido, sou obrigado a admitir que estava afinal certa aquela jovem que sorria deslumbrada nas primeiras filas do concerto da sua banda indie favorita, sendo possível ler no seu rosto:É só isto, mas eu adoro. Mais do que nunca, o “só isto” dos Sea and Cake é um “Só Isto” que é puro desperdício ignorar.
migarsenio@yahoo.com
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