Os Sic Alps são uns tipos porreiros. Têm medo que o myspace lhes roube a autoria das suas canções mas felizmente são senhores de um rock com estilo suficiente para sobreviver a este tipo de imposições que os tempos modernos trouxeram. De repente, ficou a impressão que sem myspace ninguém poderá ir a lado algum – o que em certos casos não corresponde totalmente à verdade. Uma canção como “Everywhere, There” precisa apenas de si própria para afirmar os Sic Alps como um valor seguro dos nossos dias. Ainda por cima Matt Hartman e Mike Donovan exibem um grande poderio quando se juntam para concertos ao vivo, o que multiplica a coisa por aí em doses razoáveis.

Aqui falamos concretamente de U.S. Ez, o disco de um duo que tem nos Velvet Underground fonte segura de inspiração. O aparente amadorismo das canções dos norte-americanos é apenas um disfarce para o experimentalismo e para a pouca paciência que estes têm para as canções pop de algodão doce e o rock que nem fode nem sai de cima. Qualquer acidente de percurso é apenas um motivo para continuar de forma mais intensa ou para recomeçar com maior convicção.

U.S. Ez é um disco de canções partidas, esfoladas, rachadas a meio, confusas, devoto ao lo-fi, a meio caminho de um desastre, muito pouco preocupado com a produção e erudição. Por ser tão sujo e “mal feito” tem um apelo que tantos discos rock tiveram ao longo dos tempos. Há feio que de tão feito se torna bonito, há imperfeito que é tão imperfeito que dá a volta por cima e atinge a perfeição – e os Sic Alps são seguidores dessa doutrina. Seja num registo mais ou menos rock, menos ou mais arrastado e druggy (ou até numa acidez quase folk) estes Sic Alps são uma das melhores coisas que o rock permitiu a 2008.