DISCOS
The Sea and Cake
One Bedroom
· 04 Fev 2003 · 08:00 ·
The Sea and Cake
One Bedroom
2003
Thrill Jockey


Sítios oficiais:
- Thrill Jockey
The Sea and Cake
One Bedroom
2003
Thrill Jockey


Sítios oficiais:
- Thrill Jockey
Os The Sea and Cake são uma daquelas bandas cuja história e percurso, hoje, parecem chegar e sobrar para garantir uma plataforma segura de empatia e fidelidade com o seu público. Começando pela constituição, uma espécie de “all-star team” de uma das cenas que mais tem dado que falar na última década e que, verdadeiramente relevante, catapultou grupos como Tortoise, Trans Am ou Oval.
Sam Prekop, Eric Claridge, Archer Prewitt e John McEntire juntaram-se em 1994 e, logo desde aquele que supostamente seria o único registo do grupo, “The Sea and Cake”, conquistaram a atenção e o reconhecimento de um vasto auditório por via do carácter leve e descomprometido da sua música. Pop, claro está.
Qualquer um destes músicos tinha créditos firmados: o vocalista Prekop e o baixista Claridge provinham dos Shrimp Boat, o guitarrista Archer Prewitt dos Coctails e John McEntire, além da virtuosidade demonstrada nas percussões dos Tortoise, é reconhecido como excelente produtor e engenheiro de som.
À excepção de McEntire, todos os outros elementos não esgotam a sua veia artística na música: Prekop e Claridge, por exemplo, encarregam-se do “artwork” das capas dos albuns dos The Sea and Cake, sendo a capa deste “One Bedroom” da responsabilidade do vocalista.

Talvez a oportunidade de tocar em tão boa companhia e em regime de menos pressão que o normal tenha contribuído para que, desde 1994, os The Sea and Cake se voltassem a encontrar mais cinco vezes que o inicialmente previsto para gravar outros tantos discos, gravitando invariavelmente em torno de uma pop suave, salpicada de recortes bossa nova e, uma vez por outra especialmente a partir de “The Fawn” (1997), algumas incursões por ambientes electrónicos. Conservando como denominador comum um acentuadíssimo sentido melódico.

One Bedroom revela os The Sea and Cake vestindo uma indumentária pop mais elegante e refinada que nunca. Nunca antes a voz de Sam Prekop se havia insinuado de forma tão subtil, sem abdicar do seu inconfundível charme. A profusão de sintetizadores, mesmo não constituindo uma viragem ou qualquer choque, marca uma diferença importante em relação a tempos não muito longínquos: a bateria de McEntire vem progressivamente debitando mais tensão (eléctrica, bem entendido). O revisitar de “Sound and Vision” (original de David Bowie que vinha sendo alvo habitual de experiências por parte dos TSAC de há uns cinco anos a esta parte) exponencia ao máximo tudo isso, e a sua escolha para single de avanço implicará com toda a certeza que de um momento para o outro comecem a brotar como cogumelos novos fãs dos Sea and Cake. E quem melhor que esta banda para introduzir as maravilhas de Chicago e da Thrill Jockey ao grande público?

The Sea and Cake continua a significar melodias simples e transparentes que nunca se confundem ou atenuam na vulgaridade, sobrevivendo para lá da sua acessibilidade e deixando adivinhar, na perfeição, os seus quatro executantes divertindo-se à brava enquanto as vão soltando entre sorrisos e cumplicidades.
Carlos Costa
RELACIONADO / The Sea and Cake