DISCOS
Ricardo Villalobos
Vasco
· 29 Out 2008 · 18:24 ·
Ricardo Villalobos
Vasco
2008
Perlon / Flur
Sítios oficiais:
- Ricardo Villalobos
- Perlon
- Flur
Vasco
2008
Perlon / Flur
Sítios oficiais:
- Ricardo Villalobos
- Perlon
- Flur
Ricardo Villalobos
Vasco
2008
Perlon / Flur
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- Ricardo Villalobos
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- Flur
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2008
Perlon / Flur
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- Ricardo Villalobos
- Perlon
- Flur
De regresso à Perlon, o chileno Villalobos desenvolve quatro exercícios techno/house de pura retórica académica com resultados desiguais.
Muitos dirão que Villalobos é incapaz de produzir um mau disco; talvez seja verdade, mas sérios sejamos na avaliação das idiossincrasias dos mais recentes registos. De Fizheuer Zieheuer a Fabric 36 passando por uma infindável edição de maxis, Villalobos tem-se revelado um proficiente produtor de espírito académico numa estranha demanda pela perfeição retórica do house ou do techno. Só assim é possível acreditar na sua música e nas diversas predisposições que ela revela. A demanda será sempre legitima enquanto a busca do "Eldorado" do puro conceptualismo das linguagens de Chicago e Detroit se mantiver como fasquia de inquestionável seriedade ou enquanto a criatividade não resvalar para fantasias de difícil definição.
Ricardo Villalobos tem-se movimentado no gume entre a concepção delicada de novas e pormenorizadas formas melódicas, na arquitectura de estruturas rítmicas - que balançam entre o mais imediato apelo físico da pista de dança e as cadências neuróticas – e a eloquente gestão dos silêncios, na distribuição de pequenos sons pelo tempo e espaço ou o cuidado no guarnecimento do esqueleto sonoro tão característico. A metodologia que caracteriza a singularidade do seu som está bem patente mesmo nos pequenos desvios que vai tentando fazer, nas pequenas inovações que vai introduzindo na sua música. Os resultados nem sempre são bons, mas também raramente são péssimos. E apesar do relativo consenso na inteligência e integridade da sua música, poucos são os que realmente a conseguem entender, mesmo quando falamos dos momentos mais imediatistas ou menos inspirados.
Vasco, o mais recente disco via Perlon, nutre-se na calda que tem alimentado os mais recentes trabalhos, diminuindo a obsessão rítmica que caracterizou, por exemplo, Sei Es Drum (2007). O minimalismo do chileno começa por surpreender na longa e quase neurótica viagem atmosférica de «Minimoonstar», que por entre a perseguição maviosa da perfeição e o mais puríssimo conceptualismo techno, dilata-se irremediavelmente no tempo chegando mesmo a perder o interesse – senão mesmo alguma essência - ao fim de 20 minutos; o que não deixa de ser uma pena para um dos temas mais intrigantes e imaginativos deste ano. «Electonic Water», de longe o tema mais consistente, tenta manter a fasquia elevada, aproveitando melhor o tempo para gerir os intrincados pormenores enquanto procura uma harmonia humana agradável que acalme a ansiedade. Dos últimos temas pouco mais haverá a dizer, já que mantêm os princípios elementares que caracterizam a sonoridade de Villalobos, gerindo o interesse com o mínimo de proficiência.
Em suma, Vasco não é um disco excepcional, tal como todos os registos do chileno desde Thé Au Harem D'Archimède (2004), como também não será justo injuriá-lo pelas tentativas constantes de desmultiplicação de soluções para algum marasmo criativo no techno ou no house. Agora quando o interessante se torna em tédio, não deixará de ser sintomático de uma disfunção criativa que confunde o planar da imaginação com um rolo de esticar massa. E se há temas em Vasco que são directos na sua retórica outros aborrecem pela ausência de um fim digno para um bom discurso.
Rafael SantosRicardo Villalobos tem-se movimentado no gume entre a concepção delicada de novas e pormenorizadas formas melódicas, na arquitectura de estruturas rítmicas - que balançam entre o mais imediato apelo físico da pista de dança e as cadências neuróticas – e a eloquente gestão dos silêncios, na distribuição de pequenos sons pelo tempo e espaço ou o cuidado no guarnecimento do esqueleto sonoro tão característico. A metodologia que caracteriza a singularidade do seu som está bem patente mesmo nos pequenos desvios que vai tentando fazer, nas pequenas inovações que vai introduzindo na sua música. Os resultados nem sempre são bons, mas também raramente são péssimos. E apesar do relativo consenso na inteligência e integridade da sua música, poucos são os que realmente a conseguem entender, mesmo quando falamos dos momentos mais imediatistas ou menos inspirados.
Vasco, o mais recente disco via Perlon, nutre-se na calda que tem alimentado os mais recentes trabalhos, diminuindo a obsessão rítmica que caracterizou, por exemplo, Sei Es Drum (2007). O minimalismo do chileno começa por surpreender na longa e quase neurótica viagem atmosférica de «Minimoonstar», que por entre a perseguição maviosa da perfeição e o mais puríssimo conceptualismo techno, dilata-se irremediavelmente no tempo chegando mesmo a perder o interesse – senão mesmo alguma essência - ao fim de 20 minutos; o que não deixa de ser uma pena para um dos temas mais intrigantes e imaginativos deste ano. «Electonic Water», de longe o tema mais consistente, tenta manter a fasquia elevada, aproveitando melhor o tempo para gerir os intrincados pormenores enquanto procura uma harmonia humana agradável que acalme a ansiedade. Dos últimos temas pouco mais haverá a dizer, já que mantêm os princípios elementares que caracterizam a sonoridade de Villalobos, gerindo o interesse com o mínimo de proficiência.
Em suma, Vasco não é um disco excepcional, tal como todos os registos do chileno desde Thé Au Harem D'Archimède (2004), como também não será justo injuriá-lo pelas tentativas constantes de desmultiplicação de soluções para algum marasmo criativo no techno ou no house. Agora quando o interessante se torna em tédio, não deixará de ser sintomático de uma disfunção criativa que confunde o planar da imaginação com um rolo de esticar massa. E se há temas em Vasco que são directos na sua retórica outros aborrecem pela ausência de um fim digno para um bom discurso.
r_b_santos_world@hotmail.com
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