DISCOS
Richard Swift
Richard Swift as Onasis I / II
· 30 Jun 2008 · 08:00 ·
Richard Swift
Richard Swift as Onasis I / II
2008
Secretly Canadian / Flur
Sítios oficiais:
- Richard Swift
- Secretly Canadian
- Flur
Richard Swift as Onasis I / II
2008
Secretly Canadian / Flur
Sítios oficiais:
- Richard Swift
- Secretly Canadian
- Flur
Richard Swift
Richard Swift as Onasis I / II
2008
Secretly Canadian / Flur
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- Richard Swift
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- Flur
Richard Swift as Onasis I / II
2008
Secretly Canadian / Flur
Sítios oficiais:
- Richard Swift
- Secretly Canadian
- Flur
Atormentado pela maldição de ser infalível enquanto escritor de canções, Richard Swift decide-se pelo descalabro e deboche dos esboços de rock n’ roll e jams para gente embriagada.
Fosse necessário defender no tribunal da razão a honra do rock n´roll, como principal instigador de todos os prazeres e pecados que importam na vida, e o mais provável era que viesse a constar da acta dessa sessão a ausência não justificada de Richard Swift. Mesmo que a causa apelasse a uma fervorosa argumentação, ao estilo de Tom Cruise em Homens de Honra, Richard Swift recusa-se a discursos elaborados e prefere, em vez disso, defender a “lei do menor esforço” como a mais indicada para um rock puro de desbunda e orgulhoso do seu aspecto porcalhão e acidental. Assim nasce mais uma face na esquizofrenia caprichosa de Richard Swift: chamemos-lhe então, desta vez, Onasis e atentemos à sua estreia num EP duplo (volumes I e II) que, como a Polaroid que lhe serve de capa, é retrato espontâneo e despreocupado de uma era imaginária dominada pelos fetiches e devaneios nostálgicos de quem os recupera nem que seja pela vaidade e gozo dessa predilecção contra-cultura.
Richard Swift, cada vez mais mestre da subtil arte da desilusão, volta a baralhar as contas com Onasis, após já o ter feito com o projecto futurista Instruments of Science and Technology, numa altura em que os anteriores (extraordinários) discos em nome próprio - The Novelist, Walking Without Effort e Dressed Up for the Letdown - o apontam como escritor de canções inevitavelmente destinado à consagração a médio prazo. Onasis é, por isso, apenas um alter-ego amnésico que serve perfeitamente a alguém que, sob a ameaça de um casamento marcado com a popularidade global, opta antes pela embriaguez numa despedida de solteiro de duas noites consecutivas na companhia dos amigos de sempre: o rock n’ roll e o apetite pela descontracção própria de uma jam em modo dub, sempre tão útil ao aliviar de tensão.
Talvez porque consolidação e estagnação representam sinónimos temíveis ou porque era demasiado irresistível a tentação de fazer um disco sem quaisquer pressões ou preocupações cronológicas (fobia particular de Swift), o duplo sarilho Onasis é fácil e directo como um insulto (os riffs bastardos mordem sem pedir licença), repleto de frases imediatamente memorizáveis (repitam comigo Something Came Up, Sign Language), grosseiro na falta de qualquer alta fidelidade, propositadamente incompleto como um conjunto de demos, além de um adereço simpático para escutar em noites em que toda a conduta e etiqueta sejam males desnecessários. Chega a ser tal a desordem dos teclados vintage que intervêm, que esta parece ser música produzida por um piquete de greve mantido por uma turba alcoolizada (Swift e a multiplicação delirante do seu "eu") indisposta a pactuar com o aspecto estéril dos singles de sucesso produzidos com tecnologia de ponta actual. Por casualidade ou não, Richard Swift conseguiu, com este duplo EP, a homenagem que merecia o jornalista gonzo Hunter S. Thompson (interpretado por Johnny Depp em Delírio em Las Vegas). Quem não gostar, pode sempre tentar beber mais.
Miguel ArsénioRichard Swift, cada vez mais mestre da subtil arte da desilusão, volta a baralhar as contas com Onasis, após já o ter feito com o projecto futurista Instruments of Science and Technology, numa altura em que os anteriores (extraordinários) discos em nome próprio - The Novelist, Walking Without Effort e Dressed Up for the Letdown - o apontam como escritor de canções inevitavelmente destinado à consagração a médio prazo. Onasis é, por isso, apenas um alter-ego amnésico que serve perfeitamente a alguém que, sob a ameaça de um casamento marcado com a popularidade global, opta antes pela embriaguez numa despedida de solteiro de duas noites consecutivas na companhia dos amigos de sempre: o rock n’ roll e o apetite pela descontracção própria de uma jam em modo dub, sempre tão útil ao aliviar de tensão.
Talvez porque consolidação e estagnação representam sinónimos temíveis ou porque era demasiado irresistível a tentação de fazer um disco sem quaisquer pressões ou preocupações cronológicas (fobia particular de Swift), o duplo sarilho Onasis é fácil e directo como um insulto (os riffs bastardos mordem sem pedir licença), repleto de frases imediatamente memorizáveis (repitam comigo Something Came Up, Sign Language), grosseiro na falta de qualquer alta fidelidade, propositadamente incompleto como um conjunto de demos, além de um adereço simpático para escutar em noites em que toda a conduta e etiqueta sejam males desnecessários. Chega a ser tal a desordem dos teclados vintage que intervêm, que esta parece ser música produzida por um piquete de greve mantido por uma turba alcoolizada (Swift e a multiplicação delirante do seu "eu") indisposta a pactuar com o aspecto estéril dos singles de sucesso produzidos com tecnologia de ponta actual. Por casualidade ou não, Richard Swift conseguiu, com este duplo EP, a homenagem que merecia o jornalista gonzo Hunter S. Thompson (interpretado por Johnny Depp em Delírio em Las Vegas). Quem não gostar, pode sempre tentar beber mais.
migarsenio@yahoo.com
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