DISCOS
Nerve
Eu Não das Palavras Troco a Ordem
· 04 Mar 2008 · 08:00 ·

Nerve
Eu Não das Palavras Troco a Ordem
2007
Matarroa
Sítios oficiais:
- Nerve
- Matarroa
Eu Não das Palavras Troco a Ordem
2007
Matarroa
Sítios oficiais:
- Nerve
- Matarroa

Nerve
Eu Não das Palavras Troco a Ordem
2007
Matarroa
Sítios oficiais:
- Nerve
- Matarroa
Eu Não das Palavras Troco a Ordem
2007
Matarroa
Sítios oficiais:
- Nerve
- Matarroa
Imaginativo benjamim da Matarroa abre o tampo a uma caixa de Pandora verbal e perde a chave.
Por esta altura, já não se duvida de que a Matarroa faz tudo ao seu alcance para manter intocável a óptima reputação obtida no competitivo campeonato hip-hop (tuga) com os discos de Xeg ou Conjunto Ngonguenha, entre outros. A cada novo lançamento, fica mais presente a noção de que, na Matarroa, um disco não acontece “às três pancadas”, não ganha vida só porque tem de ser ou para satisfazer obrigações de calendário. O critério selectivo, que parece preferir a maturidade à novidade, estende-se a Eu das Palavras Não Troco a Ordem, estreia de Nerve pela Matarroa e assumida calamidade verbal afectada por um abrangente (e inteligente) conceito que mete ao barulho paranóia, esquizofrenia, paradoxos e a incongruência de quem está prestes a perder o juízo. Pontos extra também para um grafismo de ponta que transparece de imediato o conteúdo do disco que decora. Até aqui, o relatório clínico merece apenas a intervenção da caneta azul.
Porém, a ambição de maratonista que consome Nerve é precisamente a armadilha que o atraiçoa em Eu Não das Palavras Troco a Ordem. Muito se rima em demasiado tempo. Sim, não deixa de ser verdade que o seu propósito conceptual é precisamente dar voz a um personagem lunático que não conhece a hora de fechar os lábios a cadeado, mas esticar a corda disso até 73 minutos (!!) torna inevitável uma intensa fadiga que, mesmo assim, vai sendo atenuada pela intervenção de convidados como Stray, Viruz ou Blasph. O MC anfitrião Nerve nem sequer chega a ser monótono ou repetitivo, tal é a sua versatilidade em alternar entre registos e temas, mas fazer desfilar um flow ostensivamente disléxico (como o do Yoda) ao longo de produções entre o wacked e o futurista constitui uma arte que exige algum peso e medida (perguntem ao Edan que fez do menos mais em Beauty and the Beat).
Eu Não das Palavras Troco a Ordem contém também os seus brilharetes: não é fácil encaixar uma referência à trivela do Quaresma (o pesadelo de qualquer benfiquista) numa "Semente do Mal" que lamenta a chegada tardia do apocalipse, enquanto acumula as rimas-relâmpago de Nerve e Martinêz (MC da casa) num atlético contra-relógio conduzido em toada de carrossel fantasma e com uma boa quantidade de asneiras atiradas para a fogueira. Sobra quase sempre a dúvida: existe por aqui maior divida aos Insane Clown Posse ou ao melhor período dos Pharcyde? É necessário aguentar a estopada de uma hora e um quarto para encontrar as dezasseis respostas possíveis para isso. Eu Não das Palavras Troco a Ordem melhor disperso resultará quando por mixtapes.
Miguel ArsénioPorém, a ambição de maratonista que consome Nerve é precisamente a armadilha que o atraiçoa em Eu Não das Palavras Troco a Ordem. Muito se rima em demasiado tempo. Sim, não deixa de ser verdade que o seu propósito conceptual é precisamente dar voz a um personagem lunático que não conhece a hora de fechar os lábios a cadeado, mas esticar a corda disso até 73 minutos (!!) torna inevitável uma intensa fadiga que, mesmo assim, vai sendo atenuada pela intervenção de convidados como Stray, Viruz ou Blasph. O MC anfitrião Nerve nem sequer chega a ser monótono ou repetitivo, tal é a sua versatilidade em alternar entre registos e temas, mas fazer desfilar um flow ostensivamente disléxico (como o do Yoda) ao longo de produções entre o wacked e o futurista constitui uma arte que exige algum peso e medida (perguntem ao Edan que fez do menos mais em Beauty and the Beat).
Eu Não das Palavras Troco a Ordem contém também os seus brilharetes: não é fácil encaixar uma referência à trivela do Quaresma (o pesadelo de qualquer benfiquista) numa "Semente do Mal" que lamenta a chegada tardia do apocalipse, enquanto acumula as rimas-relâmpago de Nerve e Martinêz (MC da casa) num atlético contra-relógio conduzido em toada de carrossel fantasma e com uma boa quantidade de asneiras atiradas para a fogueira. Sobra quase sempre a dúvida: existe por aqui maior divida aos Insane Clown Posse ou ao melhor período dos Pharcyde? É necessário aguentar a estopada de uma hora e um quarto para encontrar as dezasseis respostas possíveis para isso. Eu Não das Palavras Troco a Ordem melhor disperso resultará quando por mixtapes.
migarsenio@yahoo.com
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