Para quem procura descrever o trabalho de Tim Hecker sem tropeçar nas mesmas repetições e lugares comuns, tal tarefa ameaça permanentemente soterrar a vontade com todo o tipo de dilemas: deve a via adoptada ser a das metáforas tentativamente exemplificativas da força sobrenatural demonstrada pelas produções do artista canadiano ou, por sua vez, aderir ao tracejar exaustivo de um currículo que já levou mesmo a gravar para casas tão nobres como a Kranky, Fat Cat, Staalplaat ou Alien8?

O melhor, nestes casos, será matar os dois coelhos de uma só cajadada e entrelaçar as pontas a ambas as perspectivas antagónicas, pois também Tim Hecker cumpre a sua caçada com firmeza dualista: inspirando, para dentro de uma fornalha pulmonar, tudo o que de mais informe absorve e, depois, soprando, com a força de cinco Adamastores, um corpo distorcido de som convulso e espectral que revela novos sentidos ao impalpável e celestial manto ambient, quando ambos são sobrepostos. Algures, Aidan Baker dos Nadja deve encontrar-se intimidado com a subida que Tim Hecker impõe à “parada”.

Conforme o título indica, consta de Norberg, Sweden um avassalador momento de vinte e um minutos registado em Norberg, na Suécia. Sem medida exacta para avaliar a eficácia desse terço de hora, como símbolo da capacidade quase divina de Tim Hecker, constata-se que tal quantidade de tempo chega e sobra à perpetuação magnifica de todas os milagres sonoros registados à colisão entre os extremos rugosos e os melódicos – com destaque para os que resultam da reverberação que reaproveita as texturas antecedentes, redireccionando-as posteriormente com novos propósitos. Tim Hecker soma e segue.