DISCOS
Daft Punk
Alive 2007
· 28 Nov 2007 · 08:00 ·
Daft Punk
Alive 2007
2007
Virgin


Sítios oficiais:
- Daft Punk
- Virgin
Daft Punk
Alive 2007
2007
Virgin


Sítios oficiais:
- Daft Punk
- Virgin
Com a recontextualização ao vivo da sua música, Thomas Bangalter e Guy-Manuel Homem-Cristo reforçam a sua imagem de icons extravagantes. Na memória os espectáculos faraónicos.

Volvidos 10 anos sobre a edição de Homework – e não ignorando a sua influência permanente sobre a música pop –, os inúmeros projectos que hoje em dia recuperam as ideias fundamentais de um determinado french touch que os Daft Punk souberam usar em beneficio próprio – e também como forma de afirmação de uma linguagem electrónica que, especialmente na França, sofria da falta de estilização e de inúmeras oportunidades comerciais – são indicadores não só das qualidades da produção de Thomas Bangalter e Guy-Manuel Homem-Cristo, mas também da capacidade de entendimento e perversão das regras elementares do mercado.

Por terem sido adversos a actuações ao vivo durante um bom par de anos e aproveitando a comemoração de 10 anos de carreira (que a colectânea Musique Vol. 1 1993-2005 simbolizou), a dupla, que muitos condenavam ao obscuro fracasso, soube inverter as reacções negativas do pós-Human After All e desafiaram-se a si próprios com um projecto live multimédia faraónico sem precedentes. O Coachella de 2006 foi o primeiro palco a assistir a este novo conceito de espectáculo. Essencialmente assente na “pirotecnia” tecnológica e um sem número luzes, projectores, LED e de LCD, os Daft Punk iluminaram de forma majestosa a música de Homework, Discovery e Human After All. Um espectáculo soberbo que entusiasmou (portugueses incluídos) e que ainda entusiasma milhares de espectadores que, independentemente do gosto pela música da dupla, rumam a festivais para se rendem incondicionalmente a tão singular espectáculo visual.

Para espanto de muitos, e ao contrário da linearidade a que muita das actuações ao vivo de projectos electrónicos obriga, a música live dos Daft Punk vivia, e vive também agora em formato físico, da aparente contradição das estruturas e texturas elementares de cada um dos três álbuns de originais. Ou seja, a dupla, num esforço positivo de refrescamento musical, decidiu o encadeamento de temas (êxitos e não êxitos) que aparentemente pouco tinham em comum, sobrepondo-os, remisturando-os e recontextualizando-os. Oiça-se, por exemplo, a miscelânea de "Around The World" e "Harder, Better, Faster, Stronger" ou "Television Rules The Nation" e "Crescendolls" (um dos melhores momentos) para perceber como dois temas de discos diferentes têm alguns pontos comuns e que juntos formam um tema renovado e enérgico.

Alive 2007, gravado em Paris com particular sentimento, é indiscutivelmente um ponto positivo que simbolizará mais uma vitória na carreira dos Daft Punk, não só porque representa mais uma fase de experimentação artística, como se torna num marco que recordará para sempre uma nova forma de actuação ao vivo. Pena continua a ser a ausência de um registo visual em DVD que permita à memória a nostalgia do que deverá ter sido uma noite única na vida de muitos festivaleiros. Da música já muito se disse e dos espectáculos já muito se escreveu. Os Daft Punk deverão agora começar a idealizar o futuro, porque Alive 2007 marca o fim de mais um passo na vida de Thomas Bangalter e Guy-Manuel Homem-Cristo. E mais cedo ou mais tarde espera-se vida nova.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
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