DISCOS
Lobster
Sexually Transmitted Electricity
· 02 Nov 2007 · 07:00 ·
Lobster
Sexually Transmitted Electricity
2007
Borland / Popstock!
Sítios oficiais:
- Lobster
- Borland
- Popstock!
Sexually Transmitted Electricity
2007
Borland / Popstock!
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- Lobster
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- Popstock!
Lobster
Sexually Transmitted Electricity
2007
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Sexually Transmitted Electricity
2007
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Importante documento interno em termos de rock combinado a quatro braços proporciona fartura a novos entusiastas e fome de novidade aos seguidores de sempre.
É preciso ter tomates para pintar duas grotescas pilas na capa de um disco que apresenta os Lobster ao mundo externo que possa ainda não ter reparado na quantidade abundante de lançamentos que, em registo DYI, a dupla demolidora havia confiado a netlabels (como a Merzbau) e a pequenas editoras especializadas em cd-r e splits de tiragem limitada. Mas voltemos ao cerne da questão e lembremos que, quando andam separadas as partes essenciais do órgão sexual masculino, sucedem-se aberrações da natureza como aquela que interpreta Meat Loaf no revolucionário manifesto (adaptado) de David Fincher Fight Club. Fiquemo-nos por aí: os Lobster correspondem ao mais restrito clube de combate no activo em Portugal contando com dois membros apenas – Guilherme Canhão na guitarra assanhada e Ricardo Martins na bateria constantemente violentada como um daqueles sacos de porrada que, na era clássica da luta-livre americana, serviam apenas para palitar os dentes a superstars como Razor Ramon. As duas metades Lobster desafiam as regras da ciência ao provar que a junção do átomo pode surtir os mesmos efeitos catastróficos que a sua divisão.
Regra número 1 do clube de combate: não citar duos da ruidosa escola de Providence, nos Estados Unidos, como termos comparativos para os Lobster. Regra de cumprimento difícil essa quando são evidentes as semelhanças entre as dinâmicas cultivadas de ambos os lados do Atlântico: guitarra e bateria com os chifres mutuamente encaixados em fricção, fusão indecente de electricidade sem assento concreto e ritmos bombeados em digressão nómada de fim incerto, despreocupação generalizada para com a ordem feng-shui dos elementos numa música, o colorido old school dos tempos 8-bits perceptível às referência a Chewbacca e à Nintendo, a sensação comum de que o espaço é o limite quando a combustão ultrapassa por completo as melhores expectativas dos seus próprios operários. Regra número 2 do clube de combate: apontar Sexually Transmitted Electricity como um título muito Kurt Cobain pela aproximação mantida com aquilo que poderia ser uma porção solta da letra de “Milk It”. A doença que partilham os dois pólos motores presentes no crustáceo é toda aquela que desafie a imunidade às regras que estabeleceu o rock na ignorância de que a matemática um dia haveria de arruiná-lo. Os Lobster reivindicam a chegada desse dia.
Sim, Sexually Transmitted Electricity serve como fiável souvenir a todos os que arregalaram os olhos perante a chapadaria registada ao vivo, faz jus àquele lema dos Lobster que apela à manutenção da brutalidade (não existe por aqui carapaça amolecida), garante à geração que agora desperta para a música a oportunidade de se actualizar em relação ao que a dupla andou a fazer durante os últimos anos. Enfim, este pode bem ser o disco que, orgulhosamente, se dá a escutar aos netos lagostins e um objecto tecnicamente calibrado para singrar até em alguns terrenos internacionais. Competência, empenho, uma identidade documentada à larga escala. Ainda assim, Sexually Transmitted Electricity vacila à mercê de um pecado capital: não contempla a enorme fome de novidade que rumina nos estômagos dos que acompanham os Lobster de perto desde há muito - repete, mesmo que em versões melhoradas, várias músicas que os aficionados já ouviram dezenas de vezes. Apetece aplaudir o combate sucedido e, no final, colocar de imediato a questão fatal:Vamos agora à segunda ronda, não é, rapaziada?. Esperemos que sim e antes que desapareçam do corpo estes nódulos negros tão familiares.
Miguel ArsénioRegra número 1 do clube de combate: não citar duos da ruidosa escola de Providence, nos Estados Unidos, como termos comparativos para os Lobster. Regra de cumprimento difícil essa quando são evidentes as semelhanças entre as dinâmicas cultivadas de ambos os lados do Atlântico: guitarra e bateria com os chifres mutuamente encaixados em fricção, fusão indecente de electricidade sem assento concreto e ritmos bombeados em digressão nómada de fim incerto, despreocupação generalizada para com a ordem feng-shui dos elementos numa música, o colorido old school dos tempos 8-bits perceptível às referência a Chewbacca e à Nintendo, a sensação comum de que o espaço é o limite quando a combustão ultrapassa por completo as melhores expectativas dos seus próprios operários. Regra número 2 do clube de combate: apontar Sexually Transmitted Electricity como um título muito Kurt Cobain pela aproximação mantida com aquilo que poderia ser uma porção solta da letra de “Milk It”. A doença que partilham os dois pólos motores presentes no crustáceo é toda aquela que desafie a imunidade às regras que estabeleceu o rock na ignorância de que a matemática um dia haveria de arruiná-lo. Os Lobster reivindicam a chegada desse dia.
Sim, Sexually Transmitted Electricity serve como fiável souvenir a todos os que arregalaram os olhos perante a chapadaria registada ao vivo, faz jus àquele lema dos Lobster que apela à manutenção da brutalidade (não existe por aqui carapaça amolecida), garante à geração que agora desperta para a música a oportunidade de se actualizar em relação ao que a dupla andou a fazer durante os últimos anos. Enfim, este pode bem ser o disco que, orgulhosamente, se dá a escutar aos netos lagostins e um objecto tecnicamente calibrado para singrar até em alguns terrenos internacionais. Competência, empenho, uma identidade documentada à larga escala. Ainda assim, Sexually Transmitted Electricity vacila à mercê de um pecado capital: não contempla a enorme fome de novidade que rumina nos estômagos dos que acompanham os Lobster de perto desde há muito - repete, mesmo que em versões melhoradas, várias músicas que os aficionados já ouviram dezenas de vezes. Apetece aplaudir o combate sucedido e, no final, colocar de imediato a questão fatal:Vamos agora à segunda ronda, não é, rapaziada?. Esperemos que sim e antes que desapareçam do corpo estes nódulos negros tão familiares.
migarsenio@yahoo.com
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