DISCOS
Kanye West
Graduation
· 01 Out 2007 · 08:00 ·
Kanye West
Graduation
2007
Roc-A-Fella / Def Jam


Sítios oficiais:
- Roc-A-Fella
- Def Jam
Kanye West
Graduation
2007
Roc-A-Fella / Def Jam


Sítios oficiais:
- Roc-A-Fella
- Def Jam
Em plena Graduation, o rapper norte americano desacelera o impeto reformista do seu próprio hip-hop. Soar bem não chega para convencer.
A guerra de vendas entre Kanye West e 50 Cent pouco ou nada acrescentará à história da música deste ano. Nem a eventualidade de uma disputa incentivou os neurónios de ambos para a criatividade pura. Perante os novos registos pouco haverá de pertinente para dizer tanto sobre Graduation ou Curtis. No caso de Kanye West, o rapper de Chicago parece – pela sugestão do título – estar a terminar um ciclo. E enquanto o seu ego e arrogância aumentam e o seu estatuto como supra-sumo do hip-hop norte-americano se eleva mais um nível, a música – que é o que realmente conta – vai lentamente perdendo algum fulgor criativo ou algum sentido lúdico.

Kanye West é um produtor activo. Normalmente não padece da vulgar atrofia que assola muitos dos que fazem do hip-hop ou do r&b a sua vida. Assume-se, orgulhosamente, como um indivíduo que sabe escolher com quem trabalha e que com naturalidade sabe que o segredo para um bom tema nem sempre reside num beat simplista ou numa rima brejeira. O sampler tem sido fundamental como ferramenta de trabalho. Com ele tem esquartejado trechos fantasmas da soul dos anos 60 e eloquentemente organizado uma base onde a força da palavra tem ganho sentido analítico. As orquestrações – umas mais verdadeiras que outras – terão certamente um contributo no ambiente pretendido mas é verdadeiramente na conjunção beat/sampler que encontramos a mola oculta da construção melódica.

Graduation, para que fique bem claro, não é um disco de ruptura. Soa a um fim de ciclo escolar, como se a aprendizagem tivesse chegado a uma conclusão. É um registo hip-hop elegante com muitos pontos de contacto com os dois primeiros álbuns – talvez mais com Late Registration de 2005. A textura rítmica não varia muito, a promiscuidade com a pop mantém-se, as vozes soul de 60 – em tom estrumpfe – marcam a presença habitual e a verbosidade de Kanye confirma-o uma vez mais como um dos mais competentes MC da década. De resto pouco foi acrescentado à fórmula elementar deste hip-hop arraçado de r&b a não ser alguns elementos electrónicos que facilmente reconhecemos de alguma house europeia – nomeadamente os Daft Punk. Resumindo: Graduation soa a pouco, mas não soa tão mal como Curtis do frustrado 50 Cent.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
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