DISCOS
Ra
Ev. Panic Redone
· 30 Ago 2007 · 08:00 ·
Ra
Ev. Panic Redone
2007
Planet Mu
Sítios oficiais:
- Planet Mu
Ev. Panic Redone
2007
Planet Mu
Sítios oficiais:
- Planet Mu
Ra
Ev. Panic Redone
2007
Planet Mu
Sítios oficiais:
- Planet Mu
Ev. Panic Redone
2007
Planet Mu
Sítios oficiais:
- Planet Mu
Hip hop guarnecido de anexos futuristas é honrado com sovas a cargo dos mais prestigiados rufias da Planet Mu.
A partir da altura em que a label britânica Planet Mu começou a dispor de respeitáveis e enraizados nomes da casa, começou o processo de adaptação de novos talentos a assemelhar-se muito aos rituais de integração próprios de um gang latino. Em corredores da morte em forma de 12 polegadas, ia sendo concedido ao cabecilha Mu-Ziq e ao seu braço-direito quebra-ossos Venetian Snares o direito de remisturarem o produto de um novato usufruindo ao máximo do caule acumulado em doutoramentos obtidos nas mais fodidas filiais da electrónica (o breakcore especializado e o drill n’ bass que tornou infame Venetian Snares). Em Ev. Panic Redone, a cerimónia repete-se, sendo o produtor francês Ra (Raoul Sinier) obrigado a sacrificar parte destacável – “Ev.Panic” - de um disco seu com mais de três anos - Raoul Loves You - para amochar perante a vontade de quem manda na Planet Mu(rro).
Acerca de Venetian Snares, sabe-se que é inútil esperar que seja benevolente ou misericordiosa a sua avalanche de breaks cortados à lâmina irregularmente esquizofrénica. O seu re-tratamento recorre à estratégia habitual: baralhar até ao ponto do irreconhecível a disposição dos elementos centrais do objecto original, amputar o que não serve ao “toca e foge” convulso de breaks, destabilizar tudo isso com excentricidades em forma de granada sonora incisiva. Sobra um objecto cicatrizado dos pés à cabeça e a noção de que Venetian Snares é sempre o mesmo carrasco, independentemente do pescoço que decepa.
Já sobre Mu-Ziq, há que referir que a sabedoria e postura do “nada a provar ninguém” fazem dele um mestre (ao estilo de Pai Mei) que prefere frisar os melhores aspectos da ofensiva adversária a humilhá-la com uma tareia das antigas. Na sua intervenção extensiva (dividida em duas partes) aqui registada, torna mais obesa a batida de hip hop do original e vai mantendo em rotação um sintetizador, enquanto, sorrateiramente, reduz os ritmos conjugados ao ponto do dub que vem e vai como uma apetecível ilusão.
Vale mesmo o duplo baptismo de fogo a tal “Ev. Panic” que, na sua forma intacta, não se afasta muito de um hip hop cerebral cheio de adereços efervescentes, projectado algures entre a veia gélida dos Cannibal Ox (e as produções de El-P) e o futuro incerto de Deltron 3030 (embora não recorra ao aparato sinfónico do projecto de Dan, the Automator). Ainda assim, não se entende muito bem a inclusão de um edit “Ex-Terror” tão acessório que podia servir nas rodinhas de uma bicicleta estreante. Por sua vez, as adições “Le Cimetière des Éléphants” e “Mother Slug”, também a cargo de Ra, revelam que existe por aqui produtor capaz de alternar aguerridamente entre o hip hop mais obscuro e os breaks urbanos que ecoam às cidades de Londres e Paris. Aguardam-se novas golpadas por parte deste benjamim.
Miguel ArsénioAcerca de Venetian Snares, sabe-se que é inútil esperar que seja benevolente ou misericordiosa a sua avalanche de breaks cortados à lâmina irregularmente esquizofrénica. O seu re-tratamento recorre à estratégia habitual: baralhar até ao ponto do irreconhecível a disposição dos elementos centrais do objecto original, amputar o que não serve ao “toca e foge” convulso de breaks, destabilizar tudo isso com excentricidades em forma de granada sonora incisiva. Sobra um objecto cicatrizado dos pés à cabeça e a noção de que Venetian Snares é sempre o mesmo carrasco, independentemente do pescoço que decepa.
Já sobre Mu-Ziq, há que referir que a sabedoria e postura do “nada a provar ninguém” fazem dele um mestre (ao estilo de Pai Mei) que prefere frisar os melhores aspectos da ofensiva adversária a humilhá-la com uma tareia das antigas. Na sua intervenção extensiva (dividida em duas partes) aqui registada, torna mais obesa a batida de hip hop do original e vai mantendo em rotação um sintetizador, enquanto, sorrateiramente, reduz os ritmos conjugados ao ponto do dub que vem e vai como uma apetecível ilusão.
Vale mesmo o duplo baptismo de fogo a tal “Ev. Panic” que, na sua forma intacta, não se afasta muito de um hip hop cerebral cheio de adereços efervescentes, projectado algures entre a veia gélida dos Cannibal Ox (e as produções de El-P) e o futuro incerto de Deltron 3030 (embora não recorra ao aparato sinfónico do projecto de Dan, the Automator). Ainda assim, não se entende muito bem a inclusão de um edit “Ex-Terror” tão acessório que podia servir nas rodinhas de uma bicicleta estreante. Por sua vez, as adições “Le Cimetière des Éléphants” e “Mother Slug”, também a cargo de Ra, revelam que existe por aqui produtor capaz de alternar aguerridamente entre o hip hop mais obscuro e os breaks urbanos que ecoam às cidades de Londres e Paris. Aguardam-se novas golpadas por parte deste benjamim.
migarsenio@yahoo.com
RELACIONADO / Ra