DISCOS
The Chemical Brothers
We Are The Night
· 12 Jul 2007 · 08:00 ·
The Chemical Brothers
We Are The Night
2007
Virgin


Sítios oficiais:
- The Chemical Brothers
The Chemical Brothers
We Are The Night
2007
Virgin


Sítios oficiais:
- The Chemical Brothers
Galvanize valeu-lhes um Grammy e consagrou a dupla. Mas mesmo assim não passam de um projecto que pouco mais vai além de um punhado de bons singles. O novo álbum é uma vez mais prova disso.
Poucos aguardarão com anseio um novo disco dos Chemical Brothers. Poucos escutarão o disco por completo. Mas muitos prestarão atenção aos temas mais orelhudos. A explicação será fácil e nem a desastrada lei de Murphy conseguirá perverter a lógica simplista de um projecto que, com mais de 10 anos de actividade, sabe que a melhor maneira de sobreviver num mercado de consumo rápido é se souber estruturar meia dúzia de temas e pelo meio colocar material inconsequente que preencherá o resto do disco. E não há dúvidas que Tom Rowlands e Ed Simons conhecem como poucos os mecanismos que fazem render a sua música e perpetuar a carreira.

Não são – nem nunca foram – um projecto capaz de erguer matéria com envergadura estética suficiente e retumbante que permitisse classifica-los como projecto essencial da pop contemporânea. No entanto, e de forma quase paradoxal, não há um único disco editado que não tenha chamado a atenção da imprensa especializada ou que não tenha atraído mais um punhado de fãs para uma causa que se julgava perdida. A forma como, ciclicamente, os Chemical Brothers baralham e voltam a dar é admirável. Não só produzem mais um disco inconsequente, como sem evoluir esteticamente um único milímetro, conseguem entregar à humanidade mais um monumento hedonista onde o corpo ávido de prazer, obriga a mente a ignorar os reais propósitos de uma música saltitona, cheia de ritmos pujantes e melodias que lembram-sempre-qualquer-coisa-mas-que-não-se-sabe-o-quê.

E entre esse pingue-pongue de boas músicas – que quase sempre são os singles – e um punhado de temas que para sempre serão ignorados que os Chemical Brothers provam que nem sempre o mais importante na música de dança é a inovação ou a criação de factos estéticos. We Are The Night poderia supor que estaríamos finalmente perante uma verdadeira ode à vida nocturna segundo a dupla. Mas a expectativa é rapidamente gorada pelos habituais encantos psicadélicos que tanto caracterizou Push The Button, Surrender ou Dig Your Own Hole. O fascínio pelos concertos rock, a insistência no big-beat, a aposta numa techno-house recheada de melodias pseudo-pop ou a acidez usual dos químicos adicionados não serão novidade por estas paragens.

O paradoxo persiste e os Chemical Brothers fazem questão que nada mude no paradigma do seu projecto. E enquanto assim for, haverá sempre alguma curiosidade em torno de Tom Rowlands e Ed Simons, que sendo uma grande banda de singles, ainda não consegui trazer ao mundo um disco que os confirme como grande banda de álbuns. De boa verdade se diga, se tivessem produzido um único grande disco, provavelmente já teriam desaparecido de cena. Assim, mantêm uma linha estética coerente através uma produção competente que, não abalando as fundações do universo, mantém-no unido. Afinal de contas foi esta a profissão que decidiram exercer, como tal proficiência é essencial.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
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