DISCOS
Piana
Eternal Castle
· 25 Jun 2007 · 08:00 ·
Piana
Eternal Castle
2007
Noble


Sítios oficiais:
- Piana
- Noble
Piana
Eternal Castle
2007
Noble


Sítios oficiais:
- Piana
- Noble
Terceiro disco da princesa Piana marca o momento da pop electro-acústica japonesa expectante de um milagre.
A fotografia celestial que serve de capa a Eternal Castle quase parece ilustrar uma provável sequela adulta para aquela que acompanha a frente de C’mon Miracle, excepcional trabalho da cantora Mirah, que regista o salto suspenso de uma miúda por cima de uma poça de praia que desconhecemos se veio a ficar ou não com menos água. Apesar da distância estética que as separa, existe uma aura de intimidade que aproxima Mirah de Naoko Sasaki, a japonesa que tem vindo a conquistar meio mundo com o nome de Piana (após a colaboração-trampolim com World’s Eng Girlfriend). Acaba por ser traço comum a Eternal Castle e C’mon Miracle o charme moderadamente extrovertido que transforma ambos em tesouros femininos, que só passam à condição de discos quando a confessionalidade transborda e preenche o corpo das músicas.

Eternal Castle conta com oito dessas – número suficiente às intenções de Piana que, à vontade de alegrar por meio da pacificação da melodia, adiciona, neste seu primeiro disco pela Noble, um subtil conceito de montanha. À boa maneira de Kid A, o videojogo existencialista tornado álbum pelos Radiohead, Eternal Castle também conhece o seu cume numa “Snowflakes” sobrepovoada de detalhes electro-acústicos e a posterior descompressão imediata através de “Ancient Note”, que recorre a tudo – piano, violino e tons digitais dispersos - como quem queima derradeiros cartuchos. Com vista à obtenção do melhor efeito para essa romaria montanhosa, também Piana espera pelo surgimento de um milagre: o do rejuvenescimento que leve quem escuta a sentir-se bem, quando rodeado pelos diversos trejeitos que assume a voz de criança de 8 anos que assume Naoko Sasaki com versatilidade impressionante.

Apesar de mais que uma vez Eternal Castle emaranhar-se nos clichés que afectam a adocicada pop electro-acústica que chega do Japão, aponte-se também a seu favor a seguinte constatação incontornável: há muito tempo que não se ouvia um disco com tão sólidos argumentos para satisfazer a vontade de quem não resiste aos temas de abertura e encerramento daquelas séries de anime onde tudo acaba bem e as relações afectuosas duram sempre até à eternidade.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com
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