DISCOS
Men Eater
Hellstone
· 29 Mai 2007 · 08:00 ·
Men Eater
Hellstone
2007
Ragingplanet


Sítios oficiais:
- Ragingplanet
Men Eater
Hellstone
2007
Ragingplanet


Sítios oficiais:
- Ragingplanet
Soma de referências impede álbum de estreia dos portugueses de voar mais alto. Sobra um disco bem executado, na escola dos Isis.
No que toca à música nacional, o hardcore é das árvores que melhores frutos tem dado nos últimos tempos. Linda Martini, Vicious 5 e If Lucy Fell (estes ainda lá estão) são filhos de um género que pode tornar-se castrante, mas de onde têm saído, dentro e fora de portas, bons exemplos de criatividade. A essa lista juntam-se agora os Men Eater, em que alinham membros dos For The Glory, Blacksunrise, Riding Panico e Mushin. Hellstone é o primeiro disco, depois de um EP de menor circulação.

Logo nos primeiros segundos de "Revolver", adivinhamos ao que vimos: uma guitarra solitária e um drone em suspenso prometem uma anunciada sequência de peso. O prognóstico revela-se acertado: o Men Eater são herdeiros de bandas como os Neurosis e Isis. A filiação tem gerado muitos clones, mas a intersecção metal/pós-rock não é prato único em Hellstone. A variedade é, contudo, também o Calcanhar de Aquiles de um disco bem concebido e executado, mas que acusa demasiadas influências não suplantadas para algo pessoal.

"Drivedead", por exemplo, mete os Converge à pancada com os Mastodon para gáudio do músculo do pescoço. "Black" é dona de riffs que acusam a interiorização da respeitável escola Kyuss. "Upon these walls" não ficava mal no cancioneiro dos Isis cerca Oceanic e "You mean the trash to me" e "Windyhorse" vão ao thrash metal para lembrar que "grande velocidade" também rima com "intensidade".

Hellstone é, apesar das referências à flor da pele, um bom disco e que, por vezes, vai além disso. É o caso de "Lisboa", um assomo de criatividade dentro do rock instrumental: uma guitarra dá o dedilhado inicial da praxe mas o tema evolui com várias camadas e diferentes secções. Na parte final, abre-se luz e André Henriques, o vocalista dos Linda Martini, grita frases – não é hardcore stricto sensu, mas a entrega está lá. Fosse Hellstone sempre assim e estaríamos perante algo mas do que uma promessa.
Pedro Rios
pedrosantosrios@gmail.com
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