oblige. Como serão os norte-americanos em concerto?" /> oblige. Como serão os norte-americanos em concerto?"/>
DISCOS
Pelican
City of Echoes
· 29 Mai 2007 · 08:00 ·
Pelican
City of Echoes
2007
Hydra Head


Sítios oficiais:
- Pelican
- Hydra Head
Pelican
City of Echoes
2007
Hydra Head


Sítios oficiais:
- Pelican
- Hydra Head
Em disco os Pelican estão cada vez mais polidos, que é como quem diz, "leves". Mutação oblige. Como serão os norte-americanos em concerto?
É natural que nos últimos tempos os Pelican tenham vindo a cumprir uma dieta rigorosa aconselhada por médicos. Se Australasia (2003) era um peso pesado e The Fire in Our Throats Will Beckon the Thaw (2005) era uma peso médio este City of Echoes é peso pena. Equivale isto a dizer que os Pelican perderam algum peso – resumindo. Mas felizmente não perderam os ganchos (leia-se riffs) que os caracterizam. O primeiro aviso chega com a triunfante “Bliss in Concrete”, repetitiva ao início (para se impor) e algo surpreendente depois, no endurecimento de ambiências que se saúda.

Estes Pelican continuam a fazer sentido na Hydra Head apesar de estarem cada vez mais longe do pós-metal que lhes atiraram para cima. Eles já tinham avisado que neste terceiro disco se aproximariam mais do rock (puro e duro) – e cumpriram as promessas. Senão repare-se na paisagem limpa e pouco nublada da faixa que dá nome ao disco – apenas interrompida por memórias de tempos mais enraizados no metal. Exactamente. Aqui, o factor metal parece quase apenas um elemento que salta aleatoriamente fruto de recalcamento, algo que provavelmente dividirá quem escutar este disco.

Ainda que por pouco tempo, os Pelican continuam a dar ares de reinvenção quando aplicam um piano em “Spaceship Broken-parts needed”, um tema não especialmente inspirado. A tentativa de cortar o rock instrumental em bocados parece aqui forçado e sem força para se impor. Segue-se “Winds with hands” que levam os Pelican para águas cada vez mais afastadas de tudo o que fizeram até hoje: guitarras acústicas impõem-se e a única electricidade que se escuta está demasiado distante para causar impacto. Os Pelican aplicam de disco para disco a vontade de mudança e, neste caso, fazem-no de faixa para faixa.

“Dead Between the walls”, “Lost in the headlights” e “Far from the Fields” são, de uma assentada, três oportunidades para os Pelican explorarem matizes distintos, cinzentos vários, sequências mais ou menos demoníacas de riffs, hiperactividade, ritmos e acelerações diferentes. Permitem a criação de ambiências de tonalidades diferentes em “Dead Between the walls”, enfiam mil riffs em pouco mais de 4 minutos em “Lost in the headlights” e deixam que a guitarra acústica se ouça de vez em quando em “Far from the Fields” (no meio de guitarras medianamente encorpadas), a melhor das três. Mesmo depois da despedida conveniente de “A delicate sense of balance”, fica no ar uma certa sensação de desilusão causada pela discrepância entre o prometido e o entregue. Longe de ser um mau disco, City of Echoes, excitante apenas a espaços, não chega a ser tudo aquilo que poderíamos imaginar do seguidor de um disco como The Fire in Our Throats Will Beckon the Thaw.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
RELACIONADO / Pelican