DISCOS
Hipnótica
New Communities for Better Days
· 17 Mai 2007 · 08:00 ·
Hipnótica
New Communities for Better Days
2007
Som Livre / Metrodiscos


Sítios oficiais:
- Hipnótica
- Som Livre
Hipnótica
New Communities for Better Days
2007
Som Livre / Metrodiscos


Sítios oficiais:
- Hipnótica
- Som Livre
Quarto álbum de originais dos Hipnótica não é apenas mais um disco. É o melhor dos lisboetas até hoje.
Ano novo, vida nova. Os Hipnótica parecem insistir em não ficar no mesmo solo repetidas vezes. Saltam de ilha em ilha – não esquecem o passado mas ambicionam o futuro. Sabem o que é a metamorfose. New Communities for Better Days é mais um passo em frente na carreira já longa dos de Lisboa. Porque? Porque renova o já de si rico tecido explorado pelos Hipnótica e demonstra novas sensibilidades na escrita de canções. É ainda jazzy mas se calhar menos que os anteriores. É de certa forma um seguimento lógico do amadurecimento demonstrado em Reconciliation, mas nem por isso um disco menos corajoso.

Este é na verdade o disco mais rico, corajoso e surpreendente dos Hipnótica. Assim dito. Wolfgang Schloegl, dos Sofa Surfers, que volta a tomar conta da produção do álbum, não deve estar isento de culpas. Nascem canções onde julgávamos ver temas instrumentais, desabrocham paisagens sem palavras onde julgávamos ver canções. Percussão que penetra na electrónica (mais ou menos abstracta) e um contrabaixo que serve de apoio. Um fender rhodes que faz subir a temperatura aqui e ali e um saxofone que tem capacidades apaziguadoras ou agressivas. A voz de João Branco que parece sempre adaptar-se aos terrenos mais difíceis, guitarras que dão um ar de sua graça aqui e ali e uma harpa – sempre belíssima – que muitas vezes transporta New Communities for Better Days para um patamar superior. Tantas vezes. Há todo um mundo de sons para descobrir.

Depois há temas como “Transitions” com mil e um ganchos e transformações. “Silver drops from velvet clouds” faz justiça ao seu título e representa quimera ao nível das nuvens. “I’ve met Joe Luke Somewhere in the middle of nowhere” é complexa na sua melancolia mas directa na sua beleza. Aqui e ali não é raro encontrar a formosura de mãos dadas com a taciturnidade - são conceitos com que os Hipnótica trabalharam desde sempre. Aqui fazem-no com superior mestria. Nada é feito ao acaso, tudo contribui decisivamente para a construção de uma manta de retalhos que tem tanto de interessante como de bela. New Communities for Better Days, nas suas canções universais, é a maior vitória de sempre para os Hipnótica.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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