Não é a bomba que se esperaria do regresso de Justin Timberlake, mas no meio de toda a epidemia EDM esta é uma inesperada serenata. Tem dois egos grandes à mistura: Jay-Z com demasiado tempo de antena e pouco para dizer, e Timbaland a arrastar-se numa intro sonâmbula em compasso chopped & screwed. Mas a intro é necessária para que a entrada aos 44 segundos pareça o portal para um mundo mágico em tecnicolor. A produção de Timbaland é cristalina e cheia de vida, ancorada pela soul quente de 70s, a engrenagem do r&b de 90s e o software de 2012. Entre redemoinhos de piano, uma secção de metais jubilante e sintetizadores em patinagem artística, é tudo meticulosamente engendrado.

E por cima há Timberlake a derreter-se com um falsete entre uma traquinice dócil e um charme malicioso. Para quem ainda o encara como mera extensão do talento dos seus produtores, veja-se como consegue impor-se aqui no meio. É daquelas canções que precisam de ficar a marinar, para que todos os detalhes – desde as harmonias vocais aos truques escondidos na produção – sejam percepcionados. Pode não ser nada de inovador (e a parelha Timberlake-Timbaland já trouxe várias canções infinitas), mas é suficientemente intrigante como aperitivo para o novo álbum.