NĂŁo entendo este pĂłs-diferendo
· 21 Mar 2006 · 08:00 ·
© Teresa Ribeiro

O BACKGROUND

É curiosa a lenda de Todd Rogers, uma espécie de Pelé dos Videojogos, que, de resto, dominou a década de 80 em termos de recordes obtidos em jogos desenvolvidos para plataformas populares como a Atari 2600 e a NES (Nintendo Entertainment System). Constam do site twingalaxies.com, especializado em recordes de videojogos desde 1981, os mais obtidos de 350 recordes obtidos por Rogers (que alega manter pontuações máximas em mais de 2000). Entre outras façanhas, o entretanto chefe de família tipicamente americano pode-se gabar de em certa altura ter constado da capa da Joystick, humilhado o atleta Bruce Jenner na apresentação do jogo Decathlon e ter mantido relações sexuais com uma estrela porno que se veio a tornar famosa (tendo, inclusive, contabilizado matematicamente cada uma dessas ocasiões). Todd Rogers é a prova (ainda) viva de que a norte do México basta ter-se dois milagres no lugar dos polegares para se fazer história. O estatuto é totalmente merecido, ainda assim. Além de ser um daqueles “cromos” incomparáveis, o fenomenal gamer tem muita pinta (basta verificar as entrevistas concedidas). Não será muita a distância que separa a imortalidade de muita pinta e pontos.

De todos os recordes, Todd Rogers orgulha-se particularmente do alcançado (e até hoje insuperável) aos controles de Journey Escape - tentativa algo oportunista de capitalizar o sucesso que os Journey, dúbia instituição do rock grandioso, haviam alcançado com o disco Escape. Sabe-se que, para alcançar marcas pontuais de 11 dígitos, o prodígio era obrigado a desenvolver formas perspicazes de ludibriar as suas necessidades básicas (a higiene pessoal está excluída do lote). Para não ceder ao colapso durante maratonas que chegavam a durar 86 horas (!!), foi necessário adaptar às capacidades de um jovem os métodos de militares de treino especializado, ou assim consta de relatos acerca do multi-recordista. No que diz respeito aos poucos convencionais casos musicais aqui abordados, a pertinência de Todd Rogers surge nas palavras usadas pelo próprio para descrever as anomalias que surgiam no ecrã de jogo a partir da altura em que os moldes já não suportavam as pontuações próprias de quem, durante dias seguidos, acumula bónus ininterruptamente. Todd Rogers refere-se aos bugs, que vão surgindo conforme o jogo avança, como funky stuff. Quando a perícia manual já se encontra num transe imperturbável e um milhão é apenas mais um milhão, surgem inesperadamente os momentos de revelação. That’s when the funky stuff start to happen.

A tal funky stuff que abunda nos lançamentos acumulados em catálogo pela Touch and Go, durante meados da década de noventa, numa altura em que a label de Chicago havia recuperado em absoluto da ressaca hardcore (coincidente com o abrandamento da Dischord em lançamentos do género). Era tempo de bandas como Polvo e Don Caballero (mais arrojados que os primeiros) ajustarem contas com o hard-rock dominante dos Guns n’ Roses e, a partir dessa base de repúdio, arquitectarem uma orla que contivesse todas as lascas expurgadas a um rock que age como géiser. Assim eram os discos de Don Caballero dessa fase: vistosos murais de onde constam as farpas que soltam as guitarras a cada vez que embatiam as suas testas matemáticas. Acrescente-se a isso o apetite pelo fetiche (de que também são suspeitos Steve Albini e os extintos Man or Astroman?, ambos ícones da Touch and Go) e o resultado não podia deixar de ser apetecível. Criativamente apetecível.

Esse era também um rock empenhado em provar que, além de matemático, podia ser anatómico – tal é o uso falsamente atabalhoado dado aos membros de uma herança que se reconstitui como um Frankenstein e até mesmo enquanto modo de retaliar os anos de censura impostos pela entidade que convertia as versões japonesas dos jogos em clones americanos “correctamente suavizados” (seios, cigarros e simbolismos religiosos eram abolidos em território estado-unidense). Os Hella são descendentes dessas tácticas estrategicamente delineadas com vista a obter o mais eficaz impacto à colisão de instrumentos (também comum no spazzcore). São acólitos mal comportados desse rock que dita para si coordenadas a serem percorridas com a destreza frenética de Bruce Lee (religiosamente adorado pela juventude suburbana de 80) e à velocidade de uma apresentação de slides conduzida por um epiléptico. Ainda o ano passado, os Hella procuraram com o ambicioso (e cruelmente ignorado) duplo Church Gone Wild / Chirpin’ Hard negar a natureza imediata de discos como The Devil Isn’t Red, mas não há mesmo forma de contornar uma das verdades ocultas passível de se associar a quase todo o rock atrelado à cauda da Touch and Go: esta rapaziada mais não tem feito que versões – centrifugadas, tonificadas e, sobretudo, absurdamente aceleradas – dos Slint, com a desvantagem de que não disporem de um fotógrafo tão nobre quanto Will Oldham. Prova de que Spiderland é um pântano impossível de se abandonar definitivamente.

Entre uma rotativa formação de nerds militantemente nostálgicos face a toda a cultura Nintendo, os Advantage contam com o (precioso) contributo de Spencer Seim dos Hella, que aqui troca a guitarra por uma bateria a que arranca as mais diversas potencialidades (já lá vamos).Verdade seja dita: os Advantage, de momento, são dignos de maior fatia de interesse que os Hella e podem bem muito em breve acusar sobre a carreira de Spencer Seim a mesma sombra com que os Gorillaz encobriram os Blur da fase quase étnica. Apetece colar aos ouvidos dois phones com a mesma vontade com que se fixa(va) os polegares aos botões de uma pad desgastada pelo uso vicioso.


O DISCO


THE ADVANTAGE
ELF TITLED
5 Rue Christine
2005


É brincadeira de meninos compor um disco por cada um dos estados representados na bandeira que comporta as 50 estrelas. Os Advantage impuseram a si mesmos a ambiciosa meta de, até cessar a vida ao último dos seus membros, reproduzir todas as músicas incluídas num jogo Nintendo (pelo grafismo dos dois discos até aqui lançados, depreende-se que se limitem à oito bits NES, a clássica entre os clássicos). Além de hercúlea e doentiamente nerd, a tarefa não se adivinha fácil se tivermos em conta que só o universo Zelda deve ter “encartuchadas” umas 100 composições ao longo dos seus capítulos. Somadas as versões constantes dos dois discos entretanto editados, contabilizam-se 42 sumarentas faixas. Os Advantage estão no bom caminho. Pertence-lhes um lugar cativo na estima de quem um dia perdeu tempo a tentar encontrar o ponto fraco a King Hippo no Super Punch Out! ou a interrogar-se acerca do “fraquinho” que Toad parece cultivar pelo Super Mario.

Perante a premissa assente sobre a tal emulação física – duas guitarras, um baixo e uma bateria na maior parte dos casos - do que era apenas toscamente digital, o que importa realmente é avaliar o cariz inventivo explorado para recriar musicalmente ambientes principalmente vocacionados para um entretenimento fácil. Os Advantage tratam da compensação que faltava a hinos Nintendo para se tornarem apreciáveis exercícios pós-qualquer coisa. Alturas há em que a vertigem medida à escala de notas musicais é de tal forma impossível de acompanhar, que mais parecem os Advantage uma banda nostalgicamente obcecada pela década de 80 e estilisticamente fixada no rock progressivo da década anterior a essa. Não seria difícil conceber os King Crimson empenhados na criação de um acompanhamento sonoro alternativo para Rastan Saga, cuja música original havia já sido composta por Naoto Yagishita e Masahiko Takaki, e reutilizada em várias remisturas. Calejados pelos anos em que a pad era uma extensão corporal (e isto tem qualquer coisa de Cronenberg), os Advantage demonstram na conversão para formato rock a mesma perícia que exigiam os níveis avançados dos jogos Nintendo.

Assim sendo, não é de espantar que “Contra – Alien’s Lair & Boss Music” seja estupidamente eficaz no mergulho aos infernos que impõe assim que descende de uma orientação horizontal até um face a face com todo o virtuosismo de que os Advantage são capazes, num momento cuja energia padece de adjectivos que o descrevam com exactidão (mas que, mesmo assim, é reincidente, pois a sua segunda metade constava já do primeiro homónimo). A explosão em múltiplas direcções desse dispositivo, que impele a de imediato voltar a jogar Contra, serve também para estimular os sentidos, ou não fosse o confronto com o boss – que finaliza o nível – o momento do jogo em que o gamer tem de aplicar todas as aptidões adquiridas. Ao que parece, os Advantage sintetizaram diversos géneros, a que agora acendem o rastilho pixelado. Existem por aqui brilhantes amálgamas: “Ducktails – Moon”, por exemplo, consegue, em simultâneo, invocar um hard rock digerível e ser um surpreendente exercício de elipse temporal em minuto e meio (tal é a velocidade das guitarras-foguetão); “Bomberman 2 – Wiggy” podia pertencer como interlúdio em Wowee Zowee dos Pavement, caso estes cumprissem durante alguns dias uma dieta de Maltesers e café.

Fica bem cimentada a noção de que são tão bizarros os resultados quanto a ideia de alguém enclausurado no universo musical dos anos dourados da Nintendo. Mais do que uma mera curiosidade, meteorito novelty ou excentricidade para partilhar com amigos, Elf Titled, assim como o disco que lhe antecedia, consegue operar o milagre ao alcance de poucos discos compostos apenas por versões: através de uma erudita exploração da variante, torna sua a matéria alheia. Mark Kozelek tem sido exemplar na apropriação de heranças musicais díspares (AC/DC e Modest Mouse). Os Advantage não lhe ficam atrás enquanto notáveis praticantes da arte da pilhagem, com a vantagem de palmilharem um terreno bem menos ortodoxo e consequentemente mais fresco que o trilhado pelo songwriter oculto no desígnio Sun Kill Moon.


A ENTREVISTA

Enquanto entusiasta do som característico das primeiras consolas Nintendo, Adam Rauf segue um rumo inverso aos Advantage: selecciona aos discos favoritos as faixas que, em regressão nostálgica, limita às capacidades de uma placa sonora oito bits – produzindo aquilo a que se convencionou chamar de chiptunes. Em reacção a uma originalíssima versão dos Oxes, a Monitor Records tratou de enaltecer na sua página o talento singular de Adam Rauf (DeskLazer, enquanto manipulador pós-Nintendo). A simples menção abre portas a um micro-universo que inclui também aproximações insólitas a clássicos de Radiohead (“Every Megaman in its right place”) e Dillinger Escape Plan. Adam acedeu a partilhar com o Bodyspace detalhes sobre o casamento pixelado que o underground e a Nintendo mantêm em relativo secretismo.

O que te levou a compor as chiptunes?

Sempre fui um fã de jogos retro. É frequente jogar ao Ice Hockey, Blades of Steel, os primeiros três Super Mario, Metroid, etc.. Durante muito tempo, pensei:”Uau! Esta música é incrível. Estes tipos estavam à frente do seu tempo.” Tecia esse e outros elogios. O que me levou a querer fazer algo semelhante. Acabei por me deparar com uns VSTs (n.r.: sigla para Virtual Studio Technology – programas capazes de adaptar os sons a diversas texturas) distribuídos enquanto freeware e a partir daí fiquei apto a produzir sons old school (n.r.: automaticamente associáveis à aurora das consolas na década de 80).

Existe algum jogo mais obscuro que te tenha inspirado musicalmente?

Mencionei alguns na resposta anterior, mas não me parece que nenhum dos jogos que eu adorava fosse realmente obscuro. Esses tornaram-se mais acessíveis agora que existem vários emuladores e ROMS (n.r.: as memórias que servem de suporte ao jogo), que podem ser facilmente “sacadas”. Um dos meus jogos favoritos era o Super Dodge Ball.

Que opinião tens do catálogo da Monitor (n.r.: incrível reserva de underground norte-americano)?

Amo incondicionalmente a Monitor. Bem sei que não apreciam em ser conotados como a label do “rock matemático”, mas é basicamente isso que gosto de tocar e ouvir. Bandas como os Battles, Oxes (obviamente) e Bellini continuam a impressionar-me com uma evidente proficiência técnica e domínio dos instrumentos, assim como através do ouvido que têm para golpes catchy.

Fala-me de Nintendon’t (n.r.: nome atribuído ao aglomerado de chiptunes compostas por Adam enquanto DeskLazer e que podem ser “sacadas” em http://alhim.com/adam/).

A história encontra-se mais ou menos descrita no meu website (n.r.: http://alhim.com/adam/). Basicamente, estava a compor música numa noite de sexta-feira, tal como sempre acontece quando tenho tempo livre. Perco a maior parte do meu tempo a compor em formato MIDI e utilizo um programa fantástico chamado Tab It. O meu amigo Adam Cooley, do colectivo de noisecore oriundo de Indiana, Scissor Schock, falou-me das chiptunes e achámos que seria fantástico alguém adaptar algumas músicas indie a esses moldes. Assim, e estimulado pelo desafio, procurei, numa comunidade do Tab It, por tablaturas que tivessem sido transformadas em MIDI. Depois transferi essas para o Fruity Loops e activei os efeitos dos VSTs. Nada mau, pensei eu. Todas necessitavam de algumas alterações, atendendo a que algumas notas não se transformaram apropriadamente ou não obtiveram o tom certo (tendo até mencionado os autores originais no meu site). Após tudo isso, senti que iria querer converter por mim algumas músicas, o que me levou a fazer tabs de algumas nas horas que se seguiram e a convertê-las em formato áudio. Uma ou duas semanas depois, a Monitor, os fóruns de Minus the Bear e o Liam dos Dillinger Escape Plan tinham escutado o meu trabalho. Nem sequer sei por onde começar se quiser partilhar contigo quão fantástico foi receber comentários positivos das três frentes. Acho que estive prestes a desmaiar quando o meu amigo Seth me disse:”Estás na página de entrada da Monitor Records!”. Senti-me ainda melhor por ter sido esta a minha modesta tentativa de homenagear uma das melhores bandas à face do planeta, os Oxes.

Atendendo a que gravaste uma versão de “Everything in it’s right place”, creio que possas ter algo a adiantar em relação à suposta proximidade que une Kid A a um jogo de vídeo por definir. Partilha connosco qualquer opinião em relação a isso.

Essa é uma questão interessante. Os Radiohead são a minha banda favorita de sempre, e não o refiro gratuitamente. Estiveram comigo durante a morte de um grande amigo, nos pontos altos e baixos da vida universitária e nos momentos de glória. Concordantemente, Kid A é o meu disco favorito de todos os tempos. A própria faixa “Kid A” parece-se com uma caixa de música. Comporta dezenas de lindas texturas, de orientações retro e modernas, que flutuam pelo álbum. É como se fosse a mais irrevogável das bandas-sonoras para um jogo que nunca existiu. Posso acrescentar que “Mild und Leise”, de Paul Lansky, foi samplada na linha de sintetizador de “Idioteque”. Ele é genial e já tive a oportunidade de falar sobre música com ele. Aconselho-te a visitares o seu site http://www.music.princeton.edu/paul/. Para acederes ao relato do trabalho com os Radiohead, vai até What’s New e clica em my Radiohead adventure. Ele é um verdadeiro pioneiro da experimentação de bloops e bleeps na música electrónica.


Sentes que existe uma rivalidade entre os fĂŁs Nintendo e os que juraram fidelidade Ă  Atari? Como se traduz isso na mĂşsica?

Nunca tive a percepção da existência de um feudo oficial entre as consolas anteriores à era 16-bits. Cada empresa procurava criar um sistema que fosse capaz de suportar jogos fantásticos, e cada plataforma tinha os seus próprios trunfos. Até havia o Commodore 64, a Tandy e o Apple. Agora que a Atari está concentrada no software, à semelhança da Sega, não existe competitividade entre as duas casas que mencionaste. A verdadeira rivalidade surgiu com a era que opôs a Super Nintendo à Génesis (n.r.: equivalente norte-americano da Europeia Mega-Drive), mas, ainda assim, eu curtia todas essas primeiras consolas. Fosse obrigado a escolher e a 8-bit da Nintendo seria a minha predilecta.

Concordas comigo se eu afirmar que o legado musical da Nintendo ainda é dos poucos fora do alcance de versões da Mariah Carey e de crooners oportunistas?

Sabes que mais? Existe um excelente colectivo acapella que fez versões de músicas Nintendo e outras tantas filarmónicas aproveitaram para o seu reportório o tema do Bubble Bobble. Daí que isso não me pareça fora de questão. Até artistas como Beck recorreram às chiptunes em busca de soluções criativas (n.r.: consultar o EP Hell Yes). Não creio que as estrelas pop venham a fazer covers de chiptunes, mas, atendendo ao facto de ser recorrente o pilhar de samples vintage, essa hipótese não me parece assim tão improvável. É preciso não esquecer que a prioridade desses artistas é vender discos. Que melhor forma de garantir o respeito indie que não através da aproximação a géneros menores? Assume-se como um risco e ajuda o artista a magnetizar a atenção alheia. Espero que as chiptunes se mantenham gratuitas e estáveis, mas, actualmente, não há género musical que ofereça garantias disso.

Estás entusiasmado com a hipótese de poder vir a descarregar jogos old school para a futura Nintendo Revolution?

Acho que sempre existirá um mercado para software vintage. Lembro-me da NAMCO lançar uma série semelhante para a PS2 (Playstation 2), se não estou em erro. Ainda assim, existe um monte de páginas onde podes obtê-los online, ainda que ilegalmente. Não sei se estou particularmente empolgado com essa hipótese. Parece-me muito melhor pegar na minha velha NES e jogar ao que tenha por aí, do que fazê-lo numa consola de última geração ou num computador – onde o sistema de controlos é diferente. Adoro atirar a minha pad ao chão após falhar um salto, sofrer um golo, em vez de ter de esmagar um teclado ou destruir uma daquelas pads muito caras que se vendem agora. Vezes há em que o material vintage tem aquele apelo retro que é insubstituível.

Que tens feito ultimamente?

Actuo também numa banda de space / math rock chamada Kalon (n.r.: a visitar em http://www.kalon.be). Já abrimos concertos para algumas bandas porreiras, como os Plastic Constellations (French Kiss Records) ou os Make Believe (Polivinyl). Não temos qualquer download disponibilizado online, mas estou certo de que isso mudará assim que lançarmos o primeiro Dark Sky, Bright Sun, dentro de um par de meses. Tenho composto outras coisas a solo, auxiliado por um cabo de MIDI que acabei de comprar. É provável que venha a apostar em chiptunes originais. Também tenho um disco a solo que pode agradar a quem goste de Aphex Twin, Brian Eno e outros pioneiros da electrónica. Contém música fraccionada, colagens sónicas, drone e outros estilos. Podes sempre actualizar-te em http://alhim.com/adam.

Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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