Música: Para quê classificá-la?!
· 14 Jul 2002 · 08:00 ·
Para quê classificar a música?! A importância da música está na mente daqueles que a ouvem. Se fizermos um esforço e imaginarmos alguns sons mesmo que nos pareçam disformes, não deixam de ser música. Claro que há aquela que é a “boa música” e a “má música”, mas isso depende de quem a ouve. Aquilo que para mim pode ser bom, para o rapaz que vai no autocarro ao meu lado pode ser lixo!
A verdade é que não consigo perceber porque se classifica a música em estilos, como por exemplo, falamos de rock, pop, rap, world music, etc, etc, etc. Mas no fundo, cada tema tem uma composição que raramente se aplica apenas a um dos estilos. Não há música pura, porque a música vem dos humanos e nós não somos puros. Aquilo que fazemos leva sempre um pouco de nós, influenciamos e somos influenciados. Assim é a música, influenciada por quem a cria, influenciando quem a ouve.
Quando vou comprar um cd (sim, eu sei... coisa estranha! Parece que já ninguém o faz hoje em dia...) não me perco a pensar se vou comprar música electrónica ou música clássica... O que me interessa é que seja algo que me faça sentir. A música tem que ser sentida. Não chega ouvi-la. Daí haver músicas apropriadas a todos os momentos da vida. Não se trata apenas de ouvir uns sons que nos servem de fundo para não termos que suportar o silêncio. Sim, é claro que às vezes a música também serve para isso, mas para mim é muito mais do que isso. Preciso senti-la, tenho mesmo necessidade de ouvir música.
Por tudo isto me convenço cada vez mais que o que importa são as emoções que a música desperta, é a loucura ou a calma que uma música nos pode trazer, ou quem sabe, a ajuda que determinada música nos dá para nos lembrarmos de um momento importante da nossa vida. Mas falar em estilos de música, para mim, não faz sentido. Ora vejamos, se um dia entrassem numa loja que tivesse todos os cd’s arrumados apenas por ordem alfabética, sem estarem separados por estilos/classificações, seria fácil encontrar o que procuramos. Dirão talvez que se não tivéssemos já uma ideia do que íamos comprar seria mais difícil porque não teríamos noção de que tipo de música se tratava. Pois bem, concordo. No entanto, se forem comprar a música apenas pelo estilo ao qual se adequa, também não fará muito sentido porque será uma espécie de preconceito, do tipo “não oiço isto porque não é acid jazz” ou então “vou comprar este cd de jazz mesmo sem o conhecer porque gosto de jazz”. Para mim, não faz sentido. Nunca gostei de jazz e, no entanto, tenho alguns cd’s classificados como tal na minha colecção, porque gosto do que oiço lá dentro, porque são temas que me fazem sentir algo especial. Não posso admitir que a classificação da música em estilos se torne em mais uma forma de “preconceito”. É como dizer que nunca me apaixonaria por um asiático só porque ele é asiático... Da mesma forma, nunca diria que não vou ouvir determinada música só por ser rap, jazz, rock ou pop. Susana Enes

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