Os 50 Melhores de 2003
· 12 Dez 2003 · 08:00 ·

Qual a importância das listas que invadem as páginas dos jornais especializados e websites sempre que os derradeiros dias de mais um ano que finda se aproximam? Muito ou quase nada? Têm a importância que lhes quisermos dar. Muitos tomam-nas como referência, outros preferem não lhes dar mais importância do que uma olhadela rápida entre o café da manhã e a ida para o trabalho. Por isso, não pretendemos ser tomados como bitola referencial. Esta lista surge num contexto espacial/temporal preciso, fruto do encontro de todos os redactores que assinam habitualmente os textos do Bodyspace.
As edições surgem em número crescente e a impossibilidade de se ouvir tudo o que se pretende é cada vez mais substancial. A lista que se segue apresenta 40 discos internacionais e 10 portugueses, organizados alfabeticamente. Muitos outros mereciam figurar junto daqueles que em baixo se podem encontrar, mas há que ser objectivo numa questão que não é mais do que... subjectiva. Seja como for, 2003 é revisto em 50 discos... e em todos os outros que achar que aqui deviam estar.

Alla Polacca Or Stowaways Why not you?
Bor Land
A formação em 2001 e a vitória no “Termómetro” em 2002 parecem longe, ao escutar o presente dos Alla Polacca. Se Not The White P? foi momento conceptual, este split-CD constitui testemunho de maturidade e completa gestão das influências que se diluem cada vez mais naquilo que nasce dos Alla Polacca. Escutar os oito temas que os Stowaways prepararam é ver o sol do Brasil a manifestar-se num ambiente europeu, comummente cinzento. Dar um grito ao sabor do rock, descolar o pé do chão enquanto a bossanova se pronuncia. Sentir algo aparentemente pequeno a crescer a passos de gigante.

Alpha Stargazing
Catalogue
Stargazing é o disco perfeito para um dia de chuva passado em casa... São canções que aquecem o ambiente, são orquestras luminosas, são vozes que nos arrepiam. Um disco coeso e que transpira sensualidade e emoção. Desculpem mas agora está a chover...

Animal Collective Here Comes the Indian
Paw Tracks
Cânticos tribais debitados ao crepúsculo, a floresta em fundo, ruídos naturais desprendem-se da quietude da flora. O tempo não existe na vulgar significação, borbulha numa atmosfera tingida. Cada porção de terra serve de tapeçaria percussionista, as vozes como pigmentos electrónicos. Primitivo e vanguardista.
B. Fleischmann Welcome Tourist
Morr Music
A reciclagem dos media electrónicos na direcção da humanização e do encontro de um sentido político é a condição do músico de laptop. Aproveitando ferramentas contemporâneas, e dentro do quadro estético da Morr Music, este álbum é no entanto uma declaração para uma nova realidade que a arte deve ajudar a construir.
Bernardo Sassetti/Mário Laginha Mário Laginha e Bernardo Sassetti
ONC
Mário Laginha e Bernardo Sassetti começaram a tocar juntos ao vivo em 1999. Em 2003, decidiram juntar-se num estúdio para gravar um disco. Dois pianos. Apenas dois pianos. Química. Muita química. Estreia da ONC Produções Culturais em edições.

Blind Zero A Way To Bleed You Lover
Universal
Os Blind Zero cresceram. Miguel Guedes aprendeu a cantar e longe vão os tempos das camisas de flanela. A banda construiu «canções», melhor do que nunca, e teve a acompanhá-la Dana Colley (ex-Morphine, Twinemen), Jorge Palma e o produtor Mário Barreiros. Entre o sangue, há rock de deserto, psicadelismo q.b, Jim Morrison a espreitar de algures, alguma pop e breves incursões pela electrónica.

Cat Power You Are Free
Matador
Ao sexto disco, Chan Marshall excedeu-se. A simplicidade dos temas à guitarra ou ao piano em três ou quatro acordes persiste, mas em You Are Free amplifica-se em grandes canções, provavelmente das mais tristes e honestas a que ano 2003 teve direito.
Chris Clark Empty The Bones of You
Warp
A experimentação rítmica da Warp tem em Clark um dos seus maiores herdeiros. Fiel aos ubíquos mandamentos de Sheffield, este álbum consegue porém contorná-los, dando uma cor perturbante ao cinzento high tech que emana do fundo. O avô Richard D. James deve estar orgulhoso do seu netinho.
David Sylvian Blemish
Samadhisound
Um disco essencialmente experimental, produzido a partir do estúdio caseiro de Sylvian. Utilizando apenas guitarra e arranjos electrónicos minimalistas, David Sylvian desenvolve possíveis diálogos com a sua mulher, toda uma declaração de amor.
Fiel Garvie Leave Me Out Of This
Words On Music
O segundo disco dos ingleses Fiel Garvie é um notável manifesto para uma música feita de guitarras extendidas e vozes afáveis. Naturais herdeiros de um tipo de música que atingiu expoente máximo nos Sigur Rós, Leave Me Out Of This é disco para ouvir noite dentro.
Fruit Bats, The Mouthfuls
Sub Pop
Como seria Brian Wilson se não tivesse nascido na Califórnia? Se em vez de Verão tivéssemos Primavera, e se em vez de praias tivéssemos arco-íris? Os Fruit Bats ainda passam ao lado de artigos de página inteira no jornal. Provavelmente ficam melhor aconchegados no segredo de um dia passado numa longínqua casa de campo.
Ghoak Some Are Weird
Thisco
Lentamente, a engrenagem editorial neste rectângulo peninsular é desentorpecida por casas como a Thisco e edições como esta. Uma matriz perfurada por um expansivo break beat e ligeiras impressões de voz. Um disco de pequenos ruídos, pequenas interrupções da vaga silenciosa, assinado por Carlos Nascimento.
Go-Betweens, The Bright Yellow Bright Orange
Jetset
Apesar do eterno desapego das massas, Grant McLennan e Robert Forster teimam em perpertuar «a dream of what a pop group should be».
Howe Gelb The Listener
Thrill Jockey
Howe Gelb inverteu o nome. Foi à Dinamarca para o nascimento de mais um filho e convidou Henriette Sennenvaldt para sua acompanhante em algumas músicas. The Listener é o disco-homenagem aos grandes escritores de canções que o mundo viu nascer no séc. XX e uma das maiores obras do séc. XXI.

Jaga Jazzist The Stix
Ninja Tune
The Stix é um pote de ideias, de conceitos, de instrumentos, de ritmos e de improvisações. São os Jaga Jazzist na depuração cerebral e esperada do seu trabalho anterior. Insanidade, rupturas e momentos de pausa utilizados com savor-faire.

John Cale Hobo Sapiens
EMI
Os anos passam e John Cale rejuvenesce. Hobo Sapiens é uma demonstração cabal de actualidade, de abertura e da versatilidade que sempre foi reconhecida ao ex-Velvet Underground. Desta vez, acessíveis canções pop de um bom gosto tremendo.
Johnny Cash The Man Comes Around
Universal
Poucos meses antes de deixar o mundo dos vivos, Cash lançou o quarto capítulo das suas «American Recordings». Convidou Fiona Apple, John Frusciante e Nick Cave, entre outros, para abrilhantar a sua visão da América. À guitarra acústica e com uma voz assustadoramente arrepiante, Cash interpretou músicas suas e de outros... tornando-as suas.
Josh Rouse 1972
Ryko
Há definitivamente um feeling muito "anos 70" neste disco de Josh Rouse. Seja pela utilização do vibrafone, pelos coros estilo soul, os solos de flauta ou o saxofone, tudo se conjuga numa pop melódica que exala boas vibrações.
June Tabor An Echo of Hooves
Topic
Do despojo da memória ancestral da perpetuidade da palavra, June Tabor, álbum após álbum, emerge como uma revelação. Essencial.
Lisa Germano Lullaby For The Liquid Pig
Ineffable/I
A música desta mulher contém tudo. O humor calejado através da mais fina ironia, a desistência temporária da música, a experiência de vida contada através de estórias recortadas com fita cola e coladas às mais belas canções pop, e uma das mais belas vozes que já se ouviu.
Loopless Loopless
Nylon
Loopless deambula entre o funk, o jazz, o afro-beat e o chill-out num disco coeso, simples, em que as canções são enriquecidas pela voz quente de Kika Santos. Hugo Novo nas programações e produção dá o enquadramento perfeito... uma boa surpresa!
Lou Reed The Raven
Sire
The Raven é a garantia, conjuntamente com HoboSapiens, que, dos despojos de uma das duplas criativas mais influentes da história da música moderna, podemos ainda esperar registos ímpares e de dimensão épica. É o caso desta fabulosa (re)criação do universo de Edgar Allan Poe.

Lucinda Williams World Without Tears
Lost Highway
É o back to basics num disco embebido em canções com uma cadência folk impúdica e laminar. O corpo como um acervo tatuado de emoções experimentadas em relações pesarosas. Falta o lustro de outros trabalhos, a luminância confessional de outras paixões. Resta o desassossego cuspido. Ainda bem.

Robert Wyatt Cuckooland
Hannibal
O autor de Rock Bottom mergulha uma vez mais nas profundezas de um idioma que ainda estará por ser inventado. Fusão microscópica entre: o jazz, a pop, a bossa nova e todos os idiomas a destrinçar num melting pot poético pincelado pela, sempre prestes a quebrar-se, voz do génio, voz de Robert Wyatt.
Radiohead Hail To The Thief
Capitol
Não se estranharia caso uma banda que conquista o mundo com OK Computer para, de seguida, o colocar à prova com Kid A e Amnesiac, decidisse que nada mais havia para dar à música. Os Radiohead insistiram num (falso) regresso às soluções mais antigas, mais transpiradas e rockeiras. Facilitismo? Necessidade? Seja o que fôr, é bom – muito bom.
Party of One Caught In The Blast
Fat Cat
Caught In The Blast
é um micro-cosmos onde podemos desencantar referências musicais em que habitam dezenas de bandas que fizeram a história rock desde a década de 60. É, também por isso, um monumento à música. Um daqueles momentos raros que será relembrado para alguns como um disco que define uma época.

Prefuse 73 One Word Extinguisher
Warp
Prefuse 73 já tinha ameaçado ter muito a dizer sobre o futuro próximo da relação hiphop-electrónica. One Word Extinguisher é facilmente o disco mais bem sucedido dos últimos tempos na agregação de sensibilidades diversas, do orgânico ao artificial, do físico ao académico.

Postal Service, The Give Up
Sub Pop
Os inputs criativos de Jimmy Tamborello (do projecto de indietrónica Dntel) e Ben Gibbard (dos Death Cab for Cutie) num disco sedimentado pela coesão artística e torcido nas aguarelas pop em que se dispersa. Fissuras pontuais de aprofundamento sintético e uma sapiência lírica impressionista.
Madlib The Shades of Blue
Blue Note
O beat conductor invadiu as caves da Blue Note para fundir vintage jazz (como o de Wayne Shorter ou Gene Harris) com hip hop. O resultado é um trabalho cheio de groove e batidas irresistíveis.

Mafalda Arnauth Encantamento
EMI-VC
Se prestarmos alguma atenção a todas as cantoras de fado da nova geração que existem actualmente em Portugal, não será fácil eleger as melhores. Mafalda Arnauth contém a voz, a inteligência da produção e interpretação e uma pontaria certeira no rumo a seguir, que se encontram apenas ao alcance dos maiores de todos. Encantamento volta a prová-lo.

Mars Volta, The De-Loused in the Comatorium
Gold Standard
A parte afro dos At The Drive-In versiona sobre um coma real numa narrativa tributária da ficção. O disco apresenta uma circularidade desarmante em peregrinações obtusas por distintas confissões de estilo – do jazz à salsa, do psicadelismo rock ao aproveitamento niilista de tecnologias de ponta.
Massive Attack 100th Window
Astralwerks
Robert del Naja, 3D, o único sobrevivente da formação inicial dos Massive Attack, apresenta-nos a sua visão sobre um mundo dominado pela alta tecnologia, numa crítica cerrada à perda de privacidade. Sinéad O’Connor, Horace Andy e o próprio 3D dão voz a um registo no qual se alastram subtis exercícios da electrónica fria e carregada de tons negros, já ensaiada em Mezzanine.

Matthew Herbert Big Band, The Goodbye Swingtime
Accidental
Goodbye Swingtime é mais uma faceta de Herbert. O multi-facetado entra agora no mundo do jazz, e como seria de esperar fá-lo de uma forma singular. Cola, rompe, distorce, trazendo as big-bands para a era electrónica. Há saxofones, guitarras e clarinetes, todos comandados pelo maestro Herbert.

Matthew Shipp Equilibrium
Thirsty Ear
Equilibrium é uma mescla de piano sensual, vibrafone terno, baixo poderoso e uma bateria irrepreensível que navegam entre “samples” escolhidos a dedo. É um disco de jazz e da sua ligação a outros domínios, atingida de uma forma fluída e elástica.

Maximilian Hecker Rose
Kitty-Yo
A rosa da capa é cinzenta e escura mas está escrita a vermelho. Maximilian Hecker é rapaz novo e de poucas palavras, mas sabe quase sempre do que fala. As canções são amargas e perturbantes, mas conseguem penetrar facilmente no âmago de cada um. Rose é, como poucos em 2003, magoadamente belo.

Mogwai Happy Songs For Happy People
Matador
Começa a ser perfeitamente claro que estes escoceses não irão muito mais além do som que os deu a conhecer ao mundo, em 1997, mas isso é perfeitamente desculpável aos melhores intérpretes daquilo a que se convencionou chamar de post-rock. Happy Songs for Happy People é a cólera de braço dado com a beleza.
Motorpsycho/Jaga Jazzist Horns In the Fishtank No. 10
Fish
In the Fishtank No.10
é fruto de um encontro de dois dias em estúdio entre os Motorpsycho e os Jaga Jazzist. Resultado? Duas bandas a jogarem entre a electrónica densa, ambientes delicados e o free-jazz num disco absorvente… Salta à vista Tristano, como uma obra-prima, uma delícia de ouvir…
Nina Nastasia Run to Ruin
Touch & Go
Uma songwritter em estado de graça que, ao longo de oito músicas, nos conduz ao longo de uma catarse orquestrada por Steve Albini. É uma estrada em fogo, a de Nina Nastasia.
Sérgio Godinho O Irmão do Meio
EMI-VC
A capa, elaborada por Jorge Colombo, é de excepção. Sérgio Godinho chamou a si todos os irmãos, pegou nas suas músicas menos conhecidas e nos discos dos companheiros de mesa e meteu tudo na misturadora. Os resultados foram tão brilhantes quanto improváveis. Dancemos no Mundo, com os Clã, é a melhor música cantada em português do ano.
Stealing Orchestra The Incredible Shrinking Band
Sabotage
The Incredible Shrinking Band é diversão, sarcasmo, é a elasticidade da música, das ideias… não deixando de ser um disco inteligente, provocador, de extremo bom gosto. É português! Não gostas? Eles também já brincaram com isso…
Old Jerusalem April
Bor Land
As conversas de entusiasmo já se faziam ouvir baixinho desde a maqueta a meias com os Alla Polacca e a participação em algumas compilações. April, o álbum de estreia, foi marco absoluto de maioridade. Passeando por terrenos que têm tanto de Nick Drake como Sixteen Horsepower ou Bill Callahan, Francisco Silva compõe músicas de trato afectuoso e harmonioso. Para provar que a nova música portuguesa está viva.
Outkast Speakerboxxx/The Love Below
La Face
Disco duplo cuja primeira parte fica exclusivamente a cargo de Big Boi, com o seu rap bem ginasticado, e a segunda aos cuidados de Andrew 3000, onde o funk é palavra de ordem. Com este trabalho, os Outkast sobem a fasquia da inovação no hip hop norte-americano.
Thrills, The So Much For The City
Virgin
São irlandeses, mas a sua música está longe de estar perto do cinzentismo do nevoeiro e da chuva que caracterizam aquele país. Antes pelo contrário - transporta-nos para o Verão, para corridas na areia e banhos na água salgada. Para guardar junto a Beach Boys e Neil Young.
Toranja Esquissos
Universal
Uma entrada em força no panorama do rock nacional. Os Toranja são uma banda que aposta em músicas cantadas em português e que não esconde as suas referências aos mestres Palma ou Godinho. Uma produção cuidada que tem dado muita fruta…
Ulrich Schnauss A Strangely Isolated Place
City Centre Offices
Para os nossos ouvidos, não existem nem máquinas nem homens. Apenas a textura pode deixar de ser rugosa, e a praia verdadeira. Mas a evocação emocional atinge territórios vastos, e territórios temporais também. O verão durará cinco mil milhões de anos, tanto como o próprio Sol. Para nós, ele é, para todos os efeitos, eterno.
Ursula Rucker Silver or Lead
K7
O segundo álbum de Ursula Rucker - a Supa Sista - tem ainda mais força e intenção. Uma mulher negra que tenta, através da sua poesia, compreender o mundo à sua volta. Composições electrónicas de gosto eclético elaboradas com a ajuda dos suspeitos do costume: 4 Hero, Jazzanova ou King Britt.
Vista Le Vie Don't
F Com
De França, a editora F Communications revelou ao mundo, no final deste ano, o projecto Vista Le Vie. Em seis temas, o duo parisiense originou um dos melhores sumos de polpa electrónica deste início de século - fresco, de sabor heterogéneo (entre o jazz, o pós-rock, o reggae e a música para cinema) e vivo. Um conselho: «Don’t ignore it»… Os Air que se cuidem.
White Stripes Elephant
V2
2003 terá sido, para muitos, o ano do elefante. Deixando para outros considerações sobre o elefante de Gus Van Sant, centremo-nos no elefante criado por Jack White e Meg White: não salvou o rock mas mostrou que este, mesmo que na sua fórmula mais básica e crua, ainda pode ser excitante. E há muito mais do que Seven Nation Army, o hino oficial deste Verão, para nos pôr um sorriso na face...
Why? Oaklandazulasylum
Anticon
Hip-hop galvanizado ou folk rocambolesca, ou talvez a declinação simultânea de ambos os epítetos. Jonathan Wolf é um mestre-de-cerimónias peculiar, um trovador da pós-modernidade com um sortido de canções encerradas em si mesmas. A ironia como miolo, por vezes inusitado, em esquivos bosquejos up/downbeat.
Yo La Tengo Summer Sun
Matador
Nada como o charme para disfarçar o tempo que corre impiedoso, e quem sabe uma ou outra ruga mais malandra. Os Yo La Tengo já não fazem muito barulho nem impingem energia a vítimas aleatórias, fazem-se antes ouvir recorrendo à sapiência de quem muito já viveu e de quem sabe que os amigos estão sempre ali, ansiosos por novas palavras.

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