Canções do Ano 2008
· 12 Jan 2009 · 19:00 ·
Se pensavam que tínhamos arrumado de vez os balanços de 2008, enganaram-se alarvemente. Porque a vida também vive do fogo da memória, do ano anterior haverá sempre algo mais a dizer, um disco a acrescentar ou umas quantas canções a lembrar. E é sobre elas que nos debruçamos esta semana, as canções ou as músicas pelo qual nós, ávidos consumidores, nos apaixonamos. Nem sempre é possível explicar o motivo das afinidades, mas ela existem.
E todos os temas ocupam um lugar especial no nosso imaginário. Provavelmente o impacto de um ritmo ou o melaço de uma melodia. Ou o momento em que escutamos na companhia de alguém especial. Talvez um instante irrepetível numa festa ou num concerto. Talvez tenha sido escutada pela primeira vez na rádio ou na aparelhagem de um amigo. Tanto faz...
Certamente não faltarão memórias positivas. Momentos singulares. E canções. Muitas canções. Canções únicas que para sempre preencherão o vazio angustiado dos cantos mais obscuros da nossa mente ou atestarão o coração com os sentimentos mais puros.
Seja como for, e repetindo a iniciativa do ano anterior, não podíamos deixar de dar o nosso contributo e a nossa sincera opinião sobre alguns dos melhores temas de 2008. Dêem uma olhadela; nunca se sabe, talvez pelo meio das nossas escolhas encontrem motivos para a sorrir. Rafael Santos
  André Gomes
 
1.
“Gila” Beach House
  “Gila” não é só indubitavelmente uma das melhores canções do ano – aqui e em qualquer parte. É também tudo aquilo que uma canção deve ser daqui para diante: auto-suficiente, preciosa, bela por mérito próprio e sem se esforçar demasiado. Canções de bolso, no mínimo portáveis, de uma banda que faz grandes canções com pouco. “Gila” é um momento irrepetível de um duo do qual muito se espera.
OUVIR
2.

“These Few Presidents” Why?

  A imaginação dos Why? não tem limites. Talvez por viverem num reino de interrogações mil, questionam cada pedacinho da sua música e tomam opções estéticas que não lembram a ninguém. Por conseguirem surpreender tanto e tantas vezes, mesmo partindo por vezes do hip-hop, os Why? Conseguem no último disco uma mão cheia de canções portentosas. “These Few Presidents” é uma delas.
OUVIR
3.

“House Jam” Gang Gang Dance

  O exotismo todo que existe nesta canção dos Gang Gang Dance é suficiente só por si para transformar Saint Dymphna num disco de topo. Estes são uns GGD mais dançáveis, mais perigosos e “House Jam” encerra em si mesma todas as boas intenções destes senhores de Nova Iorque. Liz Bougatsos, em grande destaque, lidera uma viagem extravagante e luxuosa pelos novos territórios dos Gang Gang Dance
OUVIR
4.

“On the Edge of a Cliff” The Streets

  Mike Skinner anda nisto há muito tempo e já sabe perfeitamente o que faz. O que não quer dizer que esteja em modo piloto automático. “On the Edge of a Cliff” é um êxito natural num disco – mais um – cheio de grandes canções. Os metais dão o sinal de partida e não tarda nada a chegar aquele Chico-espertismo que conhecemos ao veículo Streets. E depois o cool e tocar ao de leve a música soul – a sério.
OUVIR
5.

“A Milli” Lil Wayne

  “A Milli” impõe-se em disco mas é quando se apresenta nas mãos de um DJ – e um bom sistema de som, já agora – que existe na sua plena dimensão. Não há barómetro ou termómetro que possa medir o seu tamanho ou temperatura, mas é gigante e é quente – isso é certo. Até porque não há muitos beats em 2008 que se assemelhem a este.
OUVIR
6.

“All My Love” American Music Club

  A voz de Mark Eitzel é o que se sabe. Confluência de doçuras e bondade, honestidade e conforto, “All my Love” é uma canção na qual se deitar a cabeça todos os dias ao fim do dia, mais uma daquelas canções que faz com que Eitzel pareça um homem mais sábio do mundo numa das bandas mais reconfortantes que conhecemos a esta actualidade.
OUVIR
7.

“Lay It Down” Al Green

  Da voz que nos deu canções maravilhosas como “Lets Stay Together” ou “Tired of Being Alone”, chega-nos em pleno 2008 um belíssimo disco de canções de onde se destaca a canção que lhe deu o título. Está cá tudo: a voz eterna, os arranjos certeiros, os ensinamentos filtrados à luz da soul. Nem todos conseguem chegar a esta idade com esta lucidez.
8.

“U.R.A. Fever” The Kills

  Surpresa das surpresas, o disco dos Kills está cheio de boas canções rock – ao contrário do que acontecia nos dois primeiros álbuns. E “U.R.A. Fever” é um bom resumo do que se passa em Midnight Boom. Alison "VV" Mosshart e Jamie "Hotel" Hince em estado de graça, apostados em mostrar que rock cru e directo é coisa deles. Uma estalada inesperada mas verdadeira e real.
OUVIR
9.

“San Bernardino” The Mountain Goats

  É num abraço terno de cordas que “San Bernardino” assenta arraiais. É daí que parte, é nelas que vive, é delas que se serve para um doce suspiro pop. John Darnielle vê-se e revê-se para dominar a onda que se constrói a ao mesmo tempo tudo é tão dócil e a favor do vento que o redemoinho parece de repente um mar calmo. Uma das feel-good-song-of-the-year.
10.

“I Kissed a Girl” Katy Perry

  As restantes tentativas de Katy Perry podem ter saído goradas, mas “I kissed a Girl” é uma pequena maravilha pop. Apesar de as acusações de homofobia e conservadorismo, o single-lambisgóia da Lily Allen dos States – como lhe chamam – consegue, apesar das guitarras que ao início soam erradas, ganhar muitos pontos na sua imposição melódica pop desavergonhada.
OUVIR
  Bruno Silva
 
1.

“Do You Mind” Kyla (Crazy Cousinz Remix)

  Por mais desejável que fosse a imparcialidade numa apreciação crítica que se pretende objectiva, certos momentos acabam inevitavelmente por carregar consigo um lado emocional que à vista desarmada (ou audição despudorada) seriam inimagináveis numa determinada canção. Tema maior da emergente Funky House, "Do You Mind" é também, por larga margem, o melhor momento de 2008. Passe-se ao lado da "piroseira" óbvia do estilo (o que neste caso não é necessariamente mau), e por entre a batida sincopada e melodia nostálgica a espalhar memórias de Verão, talvez as simples palavras Do you mind if I take you home tonight se revelem bem mais tocantes do que toda a discografia conjunta editada pela Hyperdub ao longo deste ano. Inicio de noite em Martini ou o cansaço final aos primeiros raios de sol, "Do You Mind" representa o Verão de 2008, em todas a suas qualidades e defeitos e é tão mais perfeita por isso mesmo. Ou por um determinado momento. Ou a irrelevância da racionalidade perante o amor.
OUVIR
2.

“I Decided” Solange (Freemasons Remix)

  Ano de glória para os Freemasons, com o toque de midas que consegue transformar um original algo desinteressante numa das canções mais indispensáveis deste ano. Sol Angel & The Hadley Street Dream bem se pode ter afundado nos tops, mas só por "I Decided" merecia bem mais atenção do que a dispensada à sua irmã Beyoncé. Descartando a bateria roufenha do original e adensado a linha melódica de piano, oferecem a melhor ponte de que há memória em temas r'n'b recentes, e atiram o refrão para a pista em dança escorreita. Épica sem cair no pretensiosimo, a remistura para "I Decided" é o casamento perfeito entre o classissismo formal da soul da Motown e a euforia da bola de espelhos em canção.
OUVIR
3.

“Need U Bad” Jazmine Sullivan

  Fosse pela capacidade vocal extraordinária da pós-adolescente Jazmine ou pelo modo como se passa de tonalidades reggae para dor soul com pezinhos de veludo, nada em "Need U Bad" se afasta muito da perfeição.
OUVIR
4.

“Official Girl” Cassie

  Apesar da data de lançamento anunciada para 2008, a verdade é que ninguém no seu perfeito juízo acreditava verdadeiramente que Still Cassie visse mesmo a luz do dia. Lamentável, tendo em conta todas as óptimas canções que foram leakando ao longo do ano. "Official Girl" teve duas edições oficiais quase simultaneamente, e apesar da ginástica vocal, a prestação dorida de Karina Passian nunca poderia conseguir transpor para o instrumental a candura resignada que se exige pela letra e que apenas a doce voz da Cassie poderia interpretar. Razão mais do que suficiente para legitimar as altas expectativas em torno de um regresso assombrado pelo fracasso comercial.
5.

“First Communion” Gang Gang Dance

  Numa curiosa incursão por territórios aparentados ao post-punk, "First Communion" conseguiu a hábil proeza de transformar um código genético extremamente discutível (ecoam as memórias de Siouxsie & the Banshees) no momento mais precioso de Saint Dymphna. Imbuída em tonalidades tropicais, a guitarra gingona (melhor riff do ano) e bateria saltitante vão carregando triunfantemente os devaneios vocais de Liz Bourgatos até um final surpreendente por transformar uma canção estupidamente eficaz em algo de verdadeiramente tocante.
OUVIR
6.

“Sun, Sea & Sand” JME

  Party Athem do ano, ou a constatação óbvia de que a foda entre o Grime e a Funky House só pode deixar uma maternidade pejada de belíssimas crianças. Já estava tudo na mixtape Tropical, mas a dádiva foi esta.
7.

“(My Head)” Times New Viking

  Pastilha elástica que se cola no cérebro para corroer enquanto reescreve o espírito deliciosamente displicente de Perfect Sound Forever sem se cair na inocuidade indie. Adorável homenagem à juventude desencantada e alegremente apática, soterra idiotice sobre camadas de distorção e deixa Robert Pollard vermelho de inveja.
8.

“So Blessed” Mavado

  Num ano de 2008 extremamente gratificante para o dancehall, "So Blessed" fica para a memória de todos os atentos como a melhor mostra dos dois nomes mais marcantes do género da actualidade. O riddim prodigioso de Stephen 'Di Genius' MacGreggor encontra na voz profunda de Mavado o elemento necessário para chegar a um resultado, que apesar de inicialmente surpreendente, se elevou ligeiramente acima de qualquer expectativa.
9.

“Fancy Waking” Tickley Feather

  Poderiam ser apenas as coordenadas do mapa que conduz Hansel e Grëtel até à casa de chocolate, mas deixa-se perder pelo caminho com um sorriso soturno. O lado mais macabro da inocência delicodoce via teclado rafeiro pairou algures por aqui.
OUVIR
10.

“Inside Looking Out” Trim

  Por muito pouca paciência que haja para acessos umbiguistas no grime, o olhar do Trim será sempre contundente para com as suas ambições. Ainda que desnecessário, em 2008 ninguém conseguiu ser tão brilhante no diletantismo exagerado que reveste qualquer proclamação de identidade.
  Eugénia Azevedo
 
Robert Burås (1975-2007) © Siv Johanne Seglem

“Strange Overtones” Brian Eno/David Byrne

  Esta chegou até aos meus ouvidos via estação de rádio norte-americana e nunca mais de lá saiu. Inicialmente divulgada em exclusivo pela internet, num piscar de olhos aos Radiohead, expõe ensinamentos acerca da construção de canções. E não há como não querer ter estes dois monstros sagrados como professores.
OUVIR

“To Be Loved” Joan As Police Woman

  Sem deslumbrar, Joan As Police Woman vai tecendo composições elegantes qb, que continuam a desembocar num arco-íris estilístico que sempre lhe conhecemos. To Be Loved é uma deliciosa combinação de soul, jazz e dolência pop aveludada, ideal para ajudar a ultrapassar invernos rigorosos em ambiente caseiro.
OUVIR

“Mykonos” Fleet Foxes

  Deixou de ser apenas o nome de uma ilha grega apetecível, para passar a ser uma maravilha auditiva responsável por parte considerável do crédito que os seus autores detêm actualmente. Inesperado e sublime, o tema convoca elementos da folk de raíz norte-americana e coloca sob os holofotes a voz poderosa de Robin Pecknold.
OUVIR
 

“Magick” Ryan Adams

  Talvez não seja muito razoável apontar esta faixa do último registo do músico (e, pasme-se, único disco de Ryan Adams a ver a luz do dia no ano passado) como a mais interessante proposta do álbum, mas relembra uma fase adormecida desde o álbum Rock n’Roll e traz ainda à memória os Whiskeytown. Momento flashback.
OUVIR

“I Will Possess Your Heart” Death Cab for Cutie

  Há que dizê-lo: a letra não revela grandes atributos... Contornando a questão, se nos detiverrmos no facto de este tema ter sido escolhido para single de apresentação do respectivo album, apesar dos seus cerca de oito minutos de duração, começamos a desconfiar de que não se trata de um engodo. E este é um épico assente em progressões incríveis com um baixo fabuloso.
OUVIR
 

“Seeing Hands” Dengue Fever

  É pena ser francamente desaconselhável qualquer tentativa de memorização da letra, visto que a banda interpreta na língua khmer. Trautear está sempre ao alcance. Vocalista originária do cambodja e rock psicadélico são as linhas mestras deste cocktail, que reúne em Seeing Hands os melhores apontamentos que encontramos no terceiro disco da banda.
OUVIR

“Machine Gun” Portishead

  É inevitável: ouvimos os Portishead e olhamos para trás. Com a banda não acontece o mesmo. E nós olhamos para eles, lembramo-nos do seu passado, surpreendemo-nos com o seu presente e percebemos que ali ainda há futuro. Machine Gun é um hino à liberdade criativa da banda e a melhor forma de soltar as amarras que os pretendem à nossa fase pré-adulta.
OUVIR

“Buildings & Mountains” The Republic Tigers

  Não vão resultar em nenhum hype desenfreado nem arrebatar melómanos a perder de vista, mas os Republic Tigers têm o dom de produzir a melodia certa com os tempos certos e dar forma a uma pop-folk prazenteira. Buildings & Mountains passa do acústico a uma leve sugestão da electrónica e ainda consegue evocar os anos 70. Não é pouco.
OUVIR

“Slow” dEUS

  É arriscado desistir de alguém à primeira. Quem não acredita que os dEUS ainda são capazes de repescar a sua astúcia dos anos 90, acabou por passar ao lado de um despertar válido. Slow, o tema que conta com uma perninha de Karin Dreijer Anderson dos The Knife, encerra os minutos mais sedutores do álbum que os recoloca em jogo.
OUVIR

“What’s on Your Mind” Madrugada

  Robert Burås, malogrado guitarrista da banda, faleceu em 2007, mas não antes de deixar concluída a sua parte no novo álbum que apenas viu a luz do dia no ano seguinte. Estes podem, por isso, ser os últimos cartuchos de uma banda que ameaça a todo o momento ruir. Antes disso, escute-se “What’s On Your Mind” e a despedida será digna.
  João Pedro Barros
 
1.

“Midnight Man” Nick Cave and the Bad Seeds

  O valor de Dig, Lazarus, Dig!!! está concentrado em quatro ou cinco temas. Podia estar aqui “Jesus of the Moon”, que tem os mais belos versos escritos por Nick Cave na presente década, mas “Midnight Man” é o momento perfeito do disco. Trata-se de um tema guiado pelo órgão, com um ritmo viciante e fragmentos de guitarra em segundo plano. “Midnight Man” soa a Nick Cave, mas o músico também prova, sem margem para dúvidas, que não está parado no tempo.
2.

“Golden Age” TV on the Radio

  Tal como no caso anterior, é difícil destacar um tema de Dear Science. “Golden Age” é a escolha, devido ao seu groove verdadeiramente imparável, que torna esta canção no momento mais “orelhudo” do disco. A alternância das vocalizações, entre o falsete e uma cadência rap, e a densidade da produção – podem ouvir-se, em segundo plano, sintetizadores, cordas e instrumentos de sopro – são imagens de marca dos TV on the Radio que se mantêm do passado. A novidade está nas “boas vibrações”: a banda soa mais alegre do que nunca, e fá-lo muito bem.
OUVIR
3.

“You'll Find a Way” Santogold

  Santogold é um álbum irregular, mas, num mundo perfeito, “You'll Find a Way” seria a música do Verão 2008. Curiosamente, nem sequer foi um dos singles do álbum de estreia da americana. De qualquer forma, são três minutos de pop perfeitos, em que nada está a mais ou a menos. Um riff de guitarra quase ska suporta a canção, mas Santi White aborda-a com uma postura rock (e ainda há espaço para um momento reggae na bridge). Viciante.
OUVIR
4.

“Gila” Beach House

  Os Beach House fazem canções tipicamente “bonitas”, daquelas que dão jeito para conquistar meninas indie. Porém, essas mesmas canções estão longe de serem vulgares. “Gila” é o melhor exemplo: a letra aponta para uma história de separação com um bebé pelo meio, mas o duo americano construiu um tema tão harmonioso, equilibrado e simples que é difícil captar aqui algum sofrimento existencial. E é fabuloso verificar como se pode fazer um refrão delicioso só com uma palavra e uma boa melodia.
OUVIR
5.

“Hook & Ladder” Vetiver

  Norman Greenbaum é um cantautor americano mais ou menos anónimo, especialmente fora dos Estados Unidos. Os Vetiver repescaram um dos seus temas, Hook & Ladder, no álbum de versões Thing of the Past, e deixaram-nos a pensar como é que ele nunca foi um grande sucesso. È uma canção country tradicional, mas com um refrão tão contagiante que é impossível não o entoar incessantemente. Para além disso, é a “canção-assobio” do ano.
OUVIR
6.

“Divine” Sébastien Tellier

  Ouvimos esta música um par de vezes, e pensamos que não tem nada de especial. Porém, é inevitável apercebermo-nos, mais cedo ou mais tarde, que ela permanece gravada num canto do nosso cérebro. E é aí que verificamos que não é assim tão fácil fazer uma recriação da pop americana dos anos 60, à la Beach Boys, e fazê-la soar tão bem. O rebelde Tellier merecia melhor sorte no deserto de ideias que é o Festival Eurovisão da Canção.
OUVIR
7.

“You get so Lucky” Adam Green

  Adam Green tem só 27 anos (e já cinco álbuns a solo), mas é conhecido pela sua voz crooner. As suas composições raramente ultrapassam os dois minutos e pouco, e são geralmente acompanhadas de letras irónicas. Em “You get so Lucky”, Green consegue cumprir com tudo isto e adicionar um elemento estranho: a flauta de pã. O resultado é um ambiente latino-americano, que contrasta com o retrato de uma menina serial-killer. A diversão está garantida.
OUVIR
8.

“Blind” Hercules and Love Affair

  É o primeiro single do primeiro álbum do projecto do DJ nova-iorquino Andy Butler, e é também a sua faixa mais impressionante. Antony é o vocalista, e mostra que não precisa de maneirismos para afirmar a sua voz. A música apela à dança, mas não sofre de pobreza harmónica. Um exemplo perfeito do cruzamento entre o disco e o rock & roll, no século XXI.
OUVIR
9.

“Cuba 1970” Dead Combo

  Os Dead Combo têm bastante dificuldade em compor músicas fracas e conseguem o milagre de não se repetirem, mesmo mantendo a sua matriz. “Cuba 1970” é o ponto alto de Lusitânia Playboys. Com a colaboração de Kid Congo Powers, a banda cruza os universos que vem trilhando desde a sua formação, com um equilíbrio notável. Aqui há fado, música cubana e o espírito de Morricone.
OUVIR
10.

“Woman in the shoes” Dengue Fever

  “Tiger Phone Call” pode ser uma bela canção pop, mas não representa aquilo que os Dengue Fever valem. A faixa seguinte de Venus On Earth, “Woman in the shoes”, é bem mais representativa. Grande parte dela é cantada em khmer, mas o sedutor refrão é reproduzido em inglês. O facto serve de metáfora para a música da banda, inspirada no pop-rock cambojano dos anos 60, uma versão adulterada da pop americana da mesma época. O elemento kitsch é fundamental, o órgão Farfisa e a secção de sopro não deixam de se ouvir em segundo plano.
OUVIR
  Miguel Arsénio
 
1.
“Windfall” Cass McCombs
  Em vez de a eleger em toda a sua duração (4:49), diria que é entre a marca dos 2:30 e 3:30 que reside o minuto mais marcante de música editado em 2008. É aí que “Windfall” inicia a sua vertigem repleta de graça, entre guitarra comedida, um coro mágico, cordas, voz de quem canta à lua e o único acompanhamento de percussão deste ano que não repesca raízes africanas. É precisamente nessa altura que se percebe a grandeza de Cass McCombs como compositor capaz de incorporar a excentricidade na escrita, sem abdicar de todo o carisma e transparência instrumental que fazem de Dropping the Writ um clássico (infelizmente pouco considerado). O facto de ainda não ter conseguido encontrar a letra em parte alguma (e confirmar as palavras que escuto), só contribui para que “Windfall” seja um enigma lírico ainda maior, um brilhante sumário de todas as qualidades celestiais do catálogo da 4AD.
2.

“Poison Dart” The Bug

  Já andava por aí o ano passado, mas só em London Zoo conheceu contexto, situando-se no epicentro deste terramoto de dubstep e dancehall digital que abalou 2008. E se a produção hostil de Kevin Martin manda para o caralho qualquer sombra de sanidade, o toasting metralhado de Warrior Queen é a arma que assegura a eficácia total do massacre. Ele mata, ela esfola, nesta Londres a ferro e fogo.
OUVIR
3.

“Volcano” Beck

  Com os pés atados num beat que se arrasta e os olhos perdidos num coro tornado clarão divino, “Volcano” é o match point a favor da (muito debatível) ideia de que Beck rende mais quando anda desolado e assombrado por incertezas. Sucede a “Ponytail” de Panda Bear no lugar da mais bonita conclusão do ano.
OUVIR
4.

“Ital” Gala Drop

  Fazendo parte de um disco que se revela através de escutas repetidas, “Ital” merece estatuto de single muito à custa do seu factor mais imediato, essencialmente alimentado pelo desencontro e encontro dos ritmos que se serpenteiam por ali até se trincarem em uníssono no refrão. Pede versão extensa.
OUVIR
5.

“Sunday is a Common Day” Mariana Ricardo

  No início do ano, o António Contador assinou um fabuloso artigo (brilhantemente ilustrado por Pedro Lourenço) na revista Lux sobre a diversidade de papéis que o Domingo assumia numa série de músicas rock e pop. Todas as escolhas eram certeiras (“Sunday” dos Sonic Youth, por exemplo), mas ficava a ideia de que a selecção poderia inchar com a chegada de novos discos e Domingos. Aproveitando esse critério em aberto, tomo a liberdade de acrescentar “Sunday is a Common day” ao lote. Uma pequena maravilha pós-climática e um condensado das sensações típicas de Domingo que Mariana Ricardo criou com voz e ukulele apenas. Além disso, não é todos os dias que se escutam homenagens a Lou Reed e Belle & Sebastian numa canção tão perfeitamente doseada e simétrica quanto esta.
OUVIR
6.

“Back Burner” Isobel Campbell & Mark Lanegan

  A versão não-censurada do seguinte parecer encontra-se noutra parte. A análise explícita de "Back Burner" será provavelmente demasiado quente para o Bodyspace. É sabido que Mark Lanegan já está habituadíssimo a vestir a pele do lobo, do mesmo modo que Isobel Campbell não estranha ver o seu belo cabelo coberto pelo capuchinho vermelho, mas é preciso ter uma total falta de vergonha para subverter a fábula com este tipo de sugestibilidade. Put it on a back burner momma?! Bump and grinding?! E aquele ritmo capaz de convencer uma freira a dançar com o Kid Bengala no sambódromo? Haja pudor. No fundo (ai!), pode até ser a vingança tardia de Isobel por ter sido excluída da orgia laboral de "Step Into My Office, Baby" dos Belle & Sebastian, ou até mesmo o tema capaz de convencer Tomás Taveira a descobrir as discografias de Queens of the Stone Age e Gentle Waves. Ah! Gentle. Exacto.
7.

“Can’t Stop Me Now” RZA (Bobby Digital) ft. Inspectah Deck

  Não há como escapar à coolness dourada do sample de guitarra que partilha a poltrona com mais um beat à escala RZA. Desta vez, o baú desenterrado foi “Message from a Black Man” de Barret Strong-Norman Whitfield. Em 2003, o mesmo sample já tinha sustentado o clássico “Anti-Matter” de King Gheedorah (disfarce monstruoso do mais disfarçado dos produtores de hip-hop, MF Doom). Impressionante o encadeamento desta dinastia.
OUVIR
8.

“Animals Act Natural” The Hospitals

  Até aqui eu desconhecia as vantagens de um rodízio de químicos e psicose na confecção da “I Wanna Be Your Dog” destes tempos imundos vividos por Adam Stonehouse.
OUVIR
9.

“Block of Ice” Thee Oh Sees

  A última confirmação de que os mais memoráveis clássicos de rock são os que parecem mais adaptados ao apetite de um grunho com quociente de inteligência negativo. I am one you are two we are three / What for? Riff do ano.
OUVIR
10.

“My Mistakes Were Made for You” The Last Shadow Puppets

  É engraçado pensar em todo o alarido gerado em torno de “Another Way to Die”, a música que Jack White criou para o último James Bond, quando “My Mistakes Were Made” é evidentemente superior na promessa de momentos épicos, drama, romance, instantes de tudo ou nada (os ingredientes básicos da série 007). A arrogância que me afasta dos Arctic Monkeys é anulada pelo fair-play que me atrai a uma música capaz de materializar uma bond-girl de franja, sapatilhas com pinta e vontade de perder as tardes com outra coisa que não seja fugir a balas e vilões russos. O próprio Sean Connery render-se-ia a este standard moderno.
OUVIR
  Nuno Catarino
 
1.

“First Meeting” Anthony Braxton, William Parker & Milford Graves

  Naquele que será provavelmente o disco jazz mais consensual do ano, três gigantes reúnem-se para cinco improvisações altamente incendiárias. Anthony Braxton, William Parker e Milford Graves constroem momentos inesquecíveis e intemporais - e este primeiro é só um deles.
2.

“Mimi” B Fachada

  Editada ainda antes de vender a alma à FlorCaveira, esta "Mimi" é o mais belo exemplo da fina arte da canção pelo songwriter excêntrico de Cascais. Com parcos recursos, mas avolumado talento, B Fachada imortaliza a história de uma separação e deixa um conselho: "Mimi, segura a raiva ao sair".
OUVIR
3.

“Still Here” Girl Talk

  "If you don't give a damn, we don't give a fuck", repetem os YoungBloodZ. Por baixo está a base melódica de "A Whiter Shade of Pale" dos Procol Harum, provavelmente a linha mais melosa de sempre. É destas junções improváveis que é feito o disco mais surpreendente do ano.
myspace.com/girltalkmusic
4.

“Tom Waits” António Pinho Vargas

  Na verdade a composição original já tem uns bons aninhos, mas esta regravação lembra que Pinho Vargas tem um lugar reservado no trono do jazz português. A melodia é tão boa que o homenageado a deveria tornar sua.
OUVIR
5.

“Lollipop” Lil Wayne

  O melhor disco hip-hop do ano trouxe este delicioso rebuçado. Em 2008 Lil Wayne sintetiza as verdades no mundo na curta frase "sh-sh-sh-she lick me like a lollipop (oh yeah I like that)".
OUVIR
6.

“Sei de um rio” Camané

 

Não seria a única candidata, num disco cheio de grandes canções, mas é sem dúvida das melhores. Camané não é só fado, é profundidade, é emoção, é coolness, é sobriedade, é Portugal.
OUVIR

7.

“Church Music” Spring Heel Jack

  Amansados, os Spring Heel Jack surpreenderam toda a gente com este regresso em formato baladeiro. Os convidados são de luxo e a originalidade continua, mas agora vem servida de forma adocicada.
8.

“Canção para o Rodrigo” Tiago Guillul

  Canção-homenagem-elegia do ano. No ano em que a FlorCaveira conseguiu a merecida exposição mediática, este é o hino àquele que em 92 levou um moicano para o liceu de Queluz - Rodrigo passou pelos lendários X-Acto e marcou positivamente Tiago Cavaco, a quem ainda hoje o punk rock seduz.
OUVIR
9.

“Suffering Jukebox” Silver Jews

  O disco de Berman e Cassie está cheio de canções de sentimentos à flor da pele. Mas esta terceira faixa tem o refrão mais irresistível.
OUVIR
10.

“Amores Desencontrados” Bruno Aleixo

  Melhor que o original dos Scorpions, melhor que a adaptação dos Onda Choc, a interpretação de Aleixo, Busto e canário já é épica. E trata-se do melhor programa da TV portuguesa do século XXI.
OUVIR
  Nuno Leal
 
1.

“You came to me” Beach House

  Do ábum do ano, do concerto do ano, vieram do céu para ficar, é a música la la la do ano (também a preferida de 2008 para Karen Carpenter segundo fontes espíritas).
OUVIR
2.

“In the New Year” The Walkmen

  A música optimista do ano, vinda do melhor disco até à data dos Walkmen. Era engraçado ver Wall Street inteira a dançar ao ritmo da voz deste mini-Dylan.
OUVIR
3.

“Mansard Roof” Vampire Weekend

  A música damos-voltas-até-ficar-tontos do ano.
OUVIR
4.

“Antillas” El Guincho

  A música T's do ano. Ou seja, Trampolim-Transe-Tropical. Nascida em 2007, mas renascida fora de Barcelona em 2008 para a eternidade de muitos pézinhos de dança, apetece dizer "mas qual Manu Chao, qual carapuça".
OUVIR
5.

“Too drunk to dream” The Magnetic Fields

  A música manifesto do ano. Da 2ª maior surpresa-disco do ano, a seguir aos Portishead. Responsáveis também pela desilusão do ano - não terem trazido estas canções com o feedback para o concerto da Aula Magna.
OUVIR
6.

“Sound of Kuduro” Buraka Som Sistema

  Contagiante a conquistar o mundo de tão fresca, dançável e orgulhosa, daquelas de mostrar a qualquer bife ou nuestro hermano armado ao pingarelho - há som cá nos tugas.
OUVIR
7.

“Time to pretend” MGMT

  A música hino-épico-dançável-de-madrugada-a-madrugada do ano.
8.

“That's not my name” The Ting Tings

  A música mais sexy do ano, puro viagra sonoro. Ela, qual Blondie do séc. XXI, chama-se afinal Katie White.
OUVIR
9.

“Water Curses” Animal Collective

  A música do ano para dançar, saltar, babar, grunhir, aparvalhar. Estes cada vez mais inspirados Baltimorenses nem num EP brincam em serviço. E nada melhor para começar 2009 do que ouvir o seu soberbo novo disco.
OUVIR
10.

“The Rip” Portishead

  Folk fria, aliás, gelada a acabar em Cluster derretido e doce de Zuckerzeit. A música para arrepiar do ano, de um disco que foi a surpresa (boa) do ano.
  Pedro Rios
 
1.

“House Jam” Gang Gang Dance

  "House Jam" justifica uma ida aos armários à procura da roupa mais anos 80 que encontremos (as meninas podem vestir-se de Madonna - sim, a melhor canção do melhor disco do ano, Saint Dymphna, vai a esse campo, algo impensável há uns anos para os nova-iorquinos, então empenhados a 100% avant-garde). Sintetizadores, vozes sampladas, ritmo impecavelmente dançável e Liz Bougatsos, melhor que nunca no seu lado de bruxinha pop, ajudam a construir o momento mais alto da carreira dos Gang Gang Dance.
OUVIR
2.

“Sound of Kuduro” Buraka Som Sistema

  É um tema entre vários do fabuloso Black Diamond. Isto é da melhor música que a contemporaneidade pode ofecerer: vibrante, descarada, entusiasmante, miscigenação selvagem de estilos (kuduro e demais músicas electrónicas do Terceiro Mundo), imaginários (do cool do Lux à pequena discoteca) e adeptos (do "guna" ao seguidor das tendências da dita música urbana, onde têm feito furor - M.I.A., rainha destas músicas, participa no tema). Uma festa colectiva em torno de uma banda como Portugal não vivia há muito (desde sempre?)
OUVIR .
3.

“Princes” (feat. Tynchy Stryder) Gang Gang Dance

  Quando ouvi pela primeira vez Tynchy Stryder proclamar "Oh shit, Gang Gang" surgiu-me aquele sentimento de estranheza boa próprio dos momentos de descoberta. "Princes" é um OVNI em Saint Dymphna, disco já suficientemente inclassificável, o que diz bem desta bomba, que une o grime de Stryder aos novos Gang Gang Dance, perfeitos a conjugar batidas dançáveis com elementos inesperados (neste caso são notas de um piano a cair em cascata).
4.

“Cape Cod Kwassa Kwassa” Vampire Weekend

  Escolha quase aleatória de um disco de impecáveis canções. Em "Cape Cod Kwassa Kwassa", estão todos os elementos que fizeram deles a revelação do ano: as guitarras cristalinas, entre África e o indie rock, a voz pausada de Ezra Koenig, a naturalidade com que reciclam influências antigas (como Paul Simon) e as transportam para um século XXI interessado no "exótico" e na mistura.
OUVIR
5.

“Blind” Hercules and Love Affair

  Brilhante transposição de Antony para o contexto de pista de dança. "Blind" funde impecavelmente linhas de baixo, uma secção de sopros e a voz de Antony, transformado em diva disco (a ambiguidade sempre lhe foi um conceito caro).
OUVIR
6.

“Ready For the Floor” Hot Chip

  Nunca os Hot Chip se atiraram com tanta força à pop e apetece perguntar "Porquê só agora?". É a canção pop de 2008 por excelência.
OUVIR
7.

“Play Your Part (Pt. 1)” Girl Talk

  É difícil destacar uma canção de Feed The Animals. Mas podemos falar de uma faixa que representa bem o que há no disco de 2008 de Gregg Gillis. "Like this" começa com Beyoncé e James Gang, passa pelos Beastie Boys e Nine Inch Nails e contém uma das mais intensas misturas de temas alheios que há memória, a artilharia de riffs de "One" dos Metallica com "Lip Gloss" de Lil Mama. Nem todos apreciam este festim pop, mas Gillis é definitivamente uma das figuras do ano no meio indie.
OUVIR
8.

“Hello, Voyager” Evangelista

  Em 2008, Carla Bozulich mostrou que a beleza do álbum anterior, Evangelista, não foi um acidente. "Hello, Voyager", que fecha o álbum com o mesmo nome, é um assomo de liberdade, pura entrega ao som, domínio da entidade "canção" ao ponto de a estilhaçar por completo - marcas de um álbum feito com outros músicos notáveis. E ouvir Bozulich aos berros ("The word is love! LOOOOOVE") é a cereja em cima do bolo.
9.

“From Stardust to Sentience” High Places

  Começa de mansinho, a última canção de High Places, o disco do duo de Brooklyn que encantou meio mundo em 2008. Quase tudo, da voz de menina de Mary Pearson aos mantos de electrónica, é sugestão, etéreo, longínquo. Fofinho, mas entusiasmante. Leva para casa o prémio Música Encantatória de 2008.
OUVIR
10.

“White Winter Hymnal” Fleet Foxes

  OK, são reaccionários, conservadores, nada inovadores. OK, os Simon & Garfunkel já andaram por aqui. Talvez os críticos tenham alguma razão, mas isto é uma canção como os tempos modernos têm poucas: coros harmoniosos, guitarras acústicas, arroubos épicos amiúde. Uma canção que a RFM poderia passar para os adultos se não estivesse fossilizada.
OUVIR
  Rafael Santos
 
1.

“The Guitar Song” (Original Mix) Kuniyuki Takahashi

  No limiar da sombra sobre a terra húmida, o original dedilhar da eternidade sobre o ritmo ancestral. Pura poesia sonora japonesa pronta a colorir o cinzentismo do quotidiano ocidental.
OUVIR
2.

“Lay It Down” Al Green

  A celestial sensibilidade do amor revolvida pelo velho charme de um veterano pregador da soul. Para quê palavras vãs quando um adjectivo resume tudo: perfeito!
OUVIR
3.

“Colours Dont Leak” Kelpe

  A materialização da nostalgia sobre um eco turbulento que não pára de evocar os dias irremediavelmente perdidos. Umas vezes chora-se, outras esboça-se um pálido sorriso em memória do que foi e já não volta.
OUVIR
4.

“All You Wanna Do” Jamie Lidell

  Relembra descaradamente Otis Redding; mas uma canção bem feita é sempre uma canção com méritos próprios, venha quem vier. E Lidell quando quer, sabe fazê-las.
OUVIR
5.

“Simple Timeless” Fertile Ground

  O eloquente galanteio dos Fertile Ground com Chico Hamilton descoberto no exacto momento em que se preparava para desaparecer no buraco negro do baú. É de 2006, but who cares? A boa música é intemporal.
OUVIR
6.

“Victoria's Secret” Quiet Village

  Quando nasce a intimidade entre ele e ela, nasce o segredo primordial que une duas almas. Um segredo partilhado pela humanidade na doce prisão do amor: pelos cantos ecoa o som do mar enquanto em surdina se ouve a longa e eloquente conjugação do verbo prazer.
OUVIR
7.

“Effortless” Jen meets Gelka

 

"We reach our destination as natural/ as if we've rehearsed this moment a thousand times/ doors open/arms open/ hearts open/ as eyes close in ecstasy/ in luxury/ in the first taste of pureness/ of freshy unearthed desire". Electrónica submissa à poesia.
OUVIR

8.

“Cow, Crickets & Clay” Minilogue

  Melancolia fria e solitária dona de um quadro abstracto que não nega o espírito de Kingston mas que geograficamente admite a inevitável distância física que separa a Suécia da Jamaica.
OUVIR
9.

“Rocktober” Clutchy Hopkins

  Fica a música até este "velho ermita" dar a cara porque o mistério desta sombra no deserto prevalecerá.
OUVIR
10.

“E-Trips” Benga

  Uma das poucas evidências do dubstep em 2008.
OUVIR
  Rodrigo Nogueira
 
1.

“A Milli” Lil Wayne

  Lil Wayne é como uma doença venérea ou sangue menstrual. É ele que o diz. É também um goblin. E tem tantas putas como se fosse Mike Lowrey, a personagem que Will Smith interpreta nos dois mega-épicos Bad Boys (a parte do segundo em que eles vão a Cuba é Cinema). Nem a Gwen Stefani duvidaria. E podíamos ficar aqui a noite inteira a parafraseá-lo em português. Apenas porque podemos.
OUVIR
2.

“Robocop” Kanye West

  Que se foda toda a gente que não gosta desta merda, foda-se.
3.

“Kalemba” Buraka Som Sistema

  Basta duas palavras para justificar. Pronto, é só uma, mas repete-se. Wegue wegue.
OUVIR
4.

“Dance Wiv Me” Dizzee Rascal ft. Calvin Harris and Chrome

  Melhor canção sobre engatar gajas de 2008. Ponto final.
OUVIR
5.

“Wearing My Rolex” Wiley

  Melhor canção sobre dar o mundo a gajas que se conhece mal de 2008. Ponto final.
OUVIR
6.

“Divine” Sébastian Tellier

  Gajo com mais pinta de 2008 (barba incrível) e a melhor canção do último álbum dele e a melhor canção da Eurovisão este ano.
OUVIR
7.

“Princes” Gang Gang Dance ft. Tinchy Stryder

  Melhor malha hip-hop fri de 2008. "Oh shit, Gang Gang" é uma das frases do ano.
8.

“Id Engager” Of Montreal

  Segunda melhor canção sobre engatar gajas de 2008. Estes gajos são muito melhores desde que passaram a incluir o sexo em todas as malhas que fazem.
OUVIR
9.

“Ready for the Floor” Hot Chip

  Estes gajos são os meus gajos número um.
OUVIR
10.

“Blind Hercules & Love Affair

  Melhor banda exclusivamente homossexual de 2008 e um disco magnífico de disco.
OUVIR

Parceiros