O ano que finda não foi, de facto, muito rico musicalmente. Mas não o foi, ou porque houve escassez de edições de grandes discos internacionais e nacionais, ou porque não houve revelações (porque as houve), ou porque a discussão sobre a lei dos 40 % é injustificada (porque não o é). Foi fraco porque a musica continua num impasse donde parece não querer sair. Não sou eu que o digo pela primeira vez, mas estamos todos há espera de algo especial que tarda em chegar.
De fora do país chegou uma quantidade enorme de discos de grande qualidade. Da Alemanha tivemos Notwist e Jazzanova, sendo o disco de estreia dos últimos mesmo assim um dos piores aqui enumerados. Peter Murphy envolveu-nos brilhantemente com o seu lado oriental, Beck propôs um retorno às canções simples e despreocupadas, Badly Drawn Boy mostrou-nos como fazer uma boa banda sonora, os L'ALtra apresentaram canções extremamente belas e a compilação da Patti Smith mostrou-nos momentos que a história não pode esquecer. No topo esteve Tom Waits (em dose dupla) e o projecto do inglês Mike Skinner, The Streets. Tom Waits, com dois discos editados no mesmo dia, deu ao mundo músicas que deverão ficar durante longos anos na memória de quem as ouviu. The Streets soube retratar como poucos a Inglaterra de hoje e foi uma espécie de "salvador" para a imprensa inglesa, que andava à procura de algo verdadeiramente interessante há muito tempo.
Dos portugueses os lançamentos não surgiram em grandes números, mas dos que foram editados podemos escolher alguns interessantes. Maria João e Mário Laginha entraram no mundo da pop num disco de versões bastante satisfatório, os Bypass estrearam-se num EP onde mostraram todo o seu potencial, os Pop Dell'Arte após alguns anos de silêncio regressaram em grande forma, os Coldfinger mostraram-nos algumas das melhores canções que Portugal viu nascer este ano e os Gaiteiros de Lisboa assinaram um disco que mergulha entre tradição e mordeninade de uma forma bastante boa. O projecto Elastic Void de Rui Gato, com sede na mono¨cromatica, poderá ser considerado a grande surpresa de 2002, primeira na compilação "Volun" e depois no disco a solo - uma carreira a seguir!


Cinco Internacionais
1. Tom Waits - Blood Money
2. The Streets - Original Pirate Material
3. Tom Waits - Alice
4. Beck - Sea Change
5. Notwist - Neon Golden


Cinco Nacionais
1. Elastic Void - Elastic Void
2. Coldfinger - Sweet Moods and Interludes
3. Maria João e Mário Laginha - Undercovers
4. Pop Dell'Art - So Goodnight
5. Gaiteiros de Lisboa - Macaréu