Isto é que era
· 13 Fev 2013 · 13:47 ·
Ainda há espaço para pedidos especiais vindos de fora a incluir nos cartazes de 2013, só pode. Seguem uns quantos, os primeiros que vieram à ideia. Faltam todos os outros que aqui não estão, claro (se entretanto algum destes nomes for confirmado, porreiro).

Atoms For Peace
Resumindo: é o que Thom Yorke fez em “The Eraser” mas agora com banda, mais ou menos isso. Mais, ver Nigel Godrich, um dos produtores mais requisitados dos últimos anos, como artista de palco é curiosidade legítima. Para os fãs dos Radiohead, não é preciso justificações.

Beachwood Sparks



Nesta banda podiam estar juntos Gram Parsons e os Zombies, cowboys psicadélicos assim há poucos. E se regressaram no ano passado com o obrigatório “Tarnished Gold”, dez anos depois do álbum que esteve para ser o último, porque não dar continuidade ao ritmo com uma digressão decente e um rodeo ao vivo nestas paragens?

The Black Angels
É difícil encontrar alguém que seja capaz de atirar uma sova psicotrópica vestida de negro com tamanha eficácia. Está tudo à espera.

Black Mountain
Tiros e bombas e socos nas trombas com estilo. Podem aparecer a qualquer hora.

David Bowie
É isso.

Fleetwood Mac
Não são os de Peter Green mas com “Rumours” outra vez na estrada têm um dos melhores discos de dor de corno para tocar. E para ser campeão nesta prova é preciso muito, que o rock’n’roll está cheio de histórias de má cama.

Frank Ocean



Diz quem sabe que ao público à sua frente dá pouco mais do que música. Os mesmos asseguram que basta-lhe isso para cumprir toda as promessas. As que ele nunca fez mas que o circo pop – e um album de génio, “Channel Orange” – lhe entregou sem escolha. É a estrela do momento, ainda à porta do mainstream mas como se por lá habitasse há muito. E com canções perfeitas pelo meio. Tanta sorte boa é coisa de suspeita, melhor testemunhar.

Grimes
Claire Boucher é uma riot girl digital. Assim sendo, respeitar o zeitgeist é-lhe obrigatório. Se soubesse que a música que faz se adapta às medidas dos palcos e do público que por cá a esperam, a própria trataria de viagens low cost com sintetizadores no porão. Há sites que ajudam nessas tarefas, alguém lhe diga.

Jamie Lidell
Pelo que já se viu, o conjunto de canções que aí vem, num novo disco, ameaça ser cometa funk fora de órbitra certeiro, trabalhado em detalhe e viciante, tanto para headphones ou pistas de dança pouco dadas a regras. Ao vivo deve ser coisa esperta.

Jonathan Wilson
A ladainha do “livre e selvagem” com a marca registada dos anos 70 mas a viver na perfeição no século XXI. “Gentle Spirit”, o álbum, vai a caminho dos dois anos e ainda não vimos isto ao vivo.

Kendrick Lamar



A produção certa, os convidados à medida, a escrita incisiva mas cuidada, streetwise com classe, a surgir de Compton, bairro de histórias duras, aqui revistas por um virtuoso com a escola toda do hip-hop decorada de A a Z. Mas mais que isso, é um tipo sozinho pronto para dominar qualquer audiência – é o que tem feito em toda a parte. Certo do sucesso que alcançou com “Good Kid M.A.A.D. City” mas sem que isso que lhe abrande o esforço.

The Knife
Filme de terror em delírio multimedia, pesadelos com banda sonora, vanguardistas das coisas digitais, sombra, luz, claro, escuro e por aí em diante. Ele há poucas coisas que podem resultar tão bem ao vivo. Vinde, vinde.

Low
Esqueçamos que são dos poucos que conseguem fazer da palavra “austeridade” uma coisa boa, que são capazes de escolher para título de um album “era capaz de viver de esperança”. Ouçamos só o que já por aí roda do álbum que vão editar este ano. Que ninguém diga que “Plastic Cup” é “só” uma canção.

Mac DeMarco



Parece um tipo normal, não devia estar nesta lista. Mas não é, porque é o desleixado mais cool do momento enquanto trabalha a sério (ou algo parecido) e isso não é para todos. Música tão medicinal como as hervanárias que por cá não existem. O homem é capaz de fazer a ponte entre Ariel Pink e Ducktails mas também é conhecido por fazer medleys em palco, misturando Dave Brubeck e Limp Bizkit. Maravilha.

Marnie Stern
A rufia virtuosa, guitarrista sem disciplina mas com saber de sobra. Ninguém sabe o que esperar do trabalho que desenvolve em estúdio. Ao vivo, deve ser surpresa ainda maior. Punk progressivo, se é que a coisa existe, com acessórios decorativos a condizer.

Matthew E White



“Big Inner”, um dos álbuns do ano passado (editado nos EUA e digitalmente no resto do mundo, chega agora em disco à Europa) que merecia mais atenção, mostra um branco com ar de hippie que é mestre do R&B e da soul que fala de problemas existenciais e não de amor suado. Contam os relatos que isto em concerto ganha uma dimensão instrumental que é um mimo.

Nick Waterhouse
R&B clássico, os discos da Stax a espreitar em todo o lado e a entrega aprendida com James Brown e derivados. Uma farra de corpos em swing constante, é o que deve ser.

Postal Service



Para choraminguices indie há poucas coisas melhores. Electrónica que não serve para dançar (não das formas habituais, pelo menos), antes é usada para sofrer com gosto. A dupla Ben Gibbard/Jimmy Tamborello voltou a juntar-se e anunciou datas ao vivo. Trazem as canções do único “Give Up” ao país vizinho e por aqui nada. Como assim, nada?

Solange
Se outras razões não existissem – o ritmo que lhe percorre todas as medidas, a voz ampla mas sem exageros, a pinta das fardas que vai escolhendo, a outra de apelido Knowles que tem como irmã – há “Losing You”, das melhores canções dançáveis em baixa rotação dos últimos tempos.

Tom Waits
Ver “David Bowie”.

Ty Segall



É o maior rock’n’roller do momento, sem qualquer outra função na vida. Fabrica álbuns como quem trabalha das nove às seis: porque tem de ser. Mas apesar dessa frequência, sai-lhe tudo bem. Cansados de o ver a perder a elegância apenas através do YouTube, que se revele o caos abençoado numa sala próxima.

Tyler The Creator
Ao que parece, tudo pode acontecer com este rufia de método mais que particular para um hip hop de contos urbanos pouco saudáveis. Boa.
Tiago Pereira

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