Record Store Day
· 19 Abr 2012 · 23:50 ·
PAD

A PAD nasceu em Braga há pouco mais de um ano para ser um colectivo de artistas fundado pelos membros da de peixe : avião e tem vindo a afirmar-se, neste curto espaço de tempo, como uma das editoras mais activas do panorama independente português. Falamos com André Covas e Luís Fernandes para perceber de onde veio a editora mas sobretudo para onde quer ir nos próximos episódios. E obtivemos todas as respostas a todas as questões que importava esclarecer.
O que significa para ti este Record Store Day?
André Covas: Este dia tornou-se uma referência instantânea na cena indie porque espelha bem a frescura de pensamento e o modo livre, aberto e quase comunitário como a nova geração de malta ligada à indústria da música opera. O significado é esse mesmo: uma celebração a esta nova indústria que não é indústria nenhuma, composta por músicos e amantes de música.
O que achas que é preciso hoje em dia para vender mais discos, para fazer a diferença – mesmo para lá do conteúdo musical?
Luís Fernandes: Para além do factor fundamental, a música, a valorização e diferenciação do objecto parecem-me fundamentais para tornar a compra mais apetecível. Enquanto consumidor de música valorizo muito tudo o que possa tornar a edição única e especial.
André Covas: Eu não acho que seja preciso vender mais, hoje em dia, para fazer a diferença e tenho sérias dúvidas que o negócio editorial esteja na venda de discos. Em relação à tua questão, acredito que é preciso primeiro fazer a diferença para vender mais. A Lana Del Rey já o tinha feito com o Videogames e com os milhares de posts e reposts - a maioria em relação ao look completamente manufacturado dela (e não digo isto em tom de crítica) - meses antes de qualquer disco dela estar para venda.
Achas que a indústria está condenada? Ou apenas uma certa industria?
André Covas: A indústria instituída está a tremer. E treme porque se posicionou numa zona de conforto que está a desaparecer e está a tentar impedir, de modo patético, que lhe fuja completamente. Isto não quer dizer que esteja condenada. Ainda há lugar para os orçamentos absurdos e para as manobras de marketing megalómanas, veja-se o caso da Lady Gaga, por exemplo. O que está condenado é o modo de pensar de há 20 anos atrás e a inadaptação a estes novos paradigmas é que poderá derrubar alguns órgãos da indústria.
Qual achas ser o papel das pequenas editoras nos dias que correm?
Luís Fernandes: essencialmente acredito que as editoras pequenas estão a reforçar o seu papel enquanto disseminadoras da música mais independente pois, salvo raras excepções, as majors não correm riscos nos tempos que correm. É curiosa também a proliferação de novas editoras suportadas essencialmente pela facilidade de distribuição que plataformas como o bandcamp trazem. Vivemos tempos difíceis mas desafiantes.
Que balanço fazes deste período em que PAD nasceu e cresceu?
André Covas: Faço um balanço muito positivo. Começámos a esboçar a PAD, sem sabermos que o estávamos a fazer, quando estávamos a preparar a edição de Madrugada dos peixe:avião no final de 2010 e iniciámos oficialmente funções como editora/colectivo/grupo de amigos no início de 2011. Hoje contamos já com 12 edições, entre longa-durações e EPs, e com um conjunto de artistas incrível com o qual colaboramos. Mas sabemos que ainda estamos a começar e sinto que, apesar do prazer que me dá olhar para trás neste ano e pouco de existência, ainda temos muito para corrigir e para explorar.
O que ficou por fazer durante todo este tempo?
Luís Fernandes: dado o pouco tem de vida da editora há ainda muito a melhorar. O grande desafio passa por melhorar todos os aspectos relacionados com a comunicação e promoção. Os nossos artistas merecem mais atenção por parte dos media.
Quais são os trunfos da PAD para o futuro?
André Covas: Sermos uma estrutura pequena permite-nos ter um contacto muito próximo com todos os agentes envolvidos, desde os nossos artistas à imprensa e ao público. Isto é algo que não vamos certamente perder e que é uma grande mais valia quase transversal a toda a indústria indie. Mas o nosso maior trunfo será sempre a qualidade dos nossos artistas, da sua obra e das edições físicas e digitais que lançam, nas quais tentamos depositar cada vez mais imaginação e empenho.
Por André Gomes
O que significa para ti este Record Store Day?
André Covas: Este dia tornou-se uma referência instantânea na cena indie porque espelha bem a frescura de pensamento e o modo livre, aberto e quase comunitário como a nova geração de malta ligada à indústria da música opera. O significado é esse mesmo: uma celebração a esta nova indústria que não é indústria nenhuma, composta por músicos e amantes de música.
O que achas que é preciso hoje em dia para vender mais discos, para fazer a diferença – mesmo para lá do conteúdo musical?
Luís Fernandes: Para além do factor fundamental, a música, a valorização e diferenciação do objecto parecem-me fundamentais para tornar a compra mais apetecível. Enquanto consumidor de música valorizo muito tudo o que possa tornar a edição única e especial.
André Covas: Eu não acho que seja preciso vender mais, hoje em dia, para fazer a diferença e tenho sérias dúvidas que o negócio editorial esteja na venda de discos. Em relação à tua questão, acredito que é preciso primeiro fazer a diferença para vender mais. A Lana Del Rey já o tinha feito com o Videogames e com os milhares de posts e reposts - a maioria em relação ao look completamente manufacturado dela (e não digo isto em tom de crítica) - meses antes de qualquer disco dela estar para venda.
Achas que a indústria está condenada? Ou apenas uma certa industria?
André Covas: A indústria instituída está a tremer. E treme porque se posicionou numa zona de conforto que está a desaparecer e está a tentar impedir, de modo patético, que lhe fuja completamente. Isto não quer dizer que esteja condenada. Ainda há lugar para os orçamentos absurdos e para as manobras de marketing megalómanas, veja-se o caso da Lady Gaga, por exemplo. O que está condenado é o modo de pensar de há 20 anos atrás e a inadaptação a estes novos paradigmas é que poderá derrubar alguns órgãos da indústria.
Qual achas ser o papel das pequenas editoras nos dias que correm?
Luís Fernandes: essencialmente acredito que as editoras pequenas estão a reforçar o seu papel enquanto disseminadoras da música mais independente pois, salvo raras excepções, as majors não correm riscos nos tempos que correm. É curiosa também a proliferação de novas editoras suportadas essencialmente pela facilidade de distribuição que plataformas como o bandcamp trazem. Vivemos tempos difíceis mas desafiantes.
Que balanço fazes deste período em que PAD nasceu e cresceu?
André Covas: Faço um balanço muito positivo. Começámos a esboçar a PAD, sem sabermos que o estávamos a fazer, quando estávamos a preparar a edição de Madrugada dos peixe:avião no final de 2010 e iniciámos oficialmente funções como editora/colectivo/grupo de amigos no início de 2011. Hoje contamos já com 12 edições, entre longa-durações e EPs, e com um conjunto de artistas incrível com o qual colaboramos. Mas sabemos que ainda estamos a começar e sinto que, apesar do prazer que me dá olhar para trás neste ano e pouco de existência, ainda temos muito para corrigir e para explorar.
O que ficou por fazer durante todo este tempo?
Luís Fernandes: dado o pouco tem de vida da editora há ainda muito a melhorar. O grande desafio passa por melhorar todos os aspectos relacionados com a comunicação e promoção. Os nossos artistas merecem mais atenção por parte dos media.
Quais são os trunfos da PAD para o futuro?
André Covas: Sermos uma estrutura pequena permite-nos ter um contacto muito próximo com todos os agentes envolvidos, desde os nossos artistas à imprensa e ao público. Isto é algo que não vamos certamente perder e que é uma grande mais valia quase transversal a toda a indústria indie. Mas o nosso maior trunfo será sempre a qualidade dos nossos artistas, da sua obra e das edições físicas e digitais que lançam, nas quais tentamos depositar cada vez mais imaginação e empenho.
Por André Gomes






