Estes manos são humoristas (Vai Tudo Abaixo) e músicos: Kalashnikov ou Homens da Luta, que nos vão representar nesse grande certame que é o Festival da Canção. O que une estas duas facetas é a ironia, o sarcasmo e um olhar acutilante sobre Portugal e o Mundo.
Que papel consideram que a música desempenha como motor de mudança social e política?
Falâncio: A música é uma maneira de chegar às pessoas, duma maneira que as pessoas conseguem ouvir e absorver a mensagem. E, sendo assim, a música é uma arma e será sempre uma arma. E não precisa de ser só uma música de reivindicação para ser uma arma de arremesso contra aqueles que nos tiram a esperança todos os dias.
Jel: A música é uma bomba atómica, é a forma de comunicação mais evoluída que há no mundo. A música une as pessoas.
O que sentiram ao terem na carrinha da luta músicos como o Fernando Tordo e o Vitorino?
Falâncio: A luta é feita para problemas que afectam várias gerações, logo todas as gerações estão juntas. Esses músicos estão todos com a mesma filosofia de mudança.
Jel: É uma grande prova de solidariedade dessa geração mais velha para com os problemas da geração mais nova. Temos que estar todos unidos, mais velhos e mais novos, homens e mulheres. É simbólico, é sinal de que a sociedade civil está viva e que esta mudança é necessária. Esteve aqui gente que não tem partido, gente de partidos. São todos bem-vindos: já dizia o Zeca Afonso, «são todos bem-vindos, desde que venham por bem.»
Qual é a vossa opinião sobre o facto de cidadãos de vários países, não só na Europa como em África, Médio Oriente, etc, estarem a vir para a rua gritar contra os respectivos regimes políticos?
Falâncio: As consciências das pessoas estão a mudar um pouco por todo o lado, e é inevitável que elas venham para a rua gritar.
Tiveram conhecimento do que o músico Ikonoklasta fez em Angola, convocando durante um concerto uma manifestação contra o regime de Eduardo dos Santos, tendo sido detido nessa mesma manifestação? Qual a vossa opinião sobre esses factos?
Jel: É preciso muita coragem para fazer a luta em qualquer lado, e muito mais em Angola, que vive num regime tão fechado e com tantos problemas. Quero mandar um abraço para lá.