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Demorou mas chegou. E n�o passou despercebido. Normalmente acompanhado pelo compatriota Lindstrom (num projecto sempre sequioso para atirar o disco-sound para o extremo mais progressivo), Prins Thomas estreou-se finalmente com um disco escrito na primeira pessoa onde se percebe bem as motiva��es que o movem a solo. A segregar sabedoria por todos os poros, Prins Thomas � o culminar de sucessivas e vigorosas contor��es do rock com paladar kraut (que tem nos Neu! ou nos Can as principais refer�ncias), do space-disco, do dub, da pop e da melhor electr�nica da escola alem� de 70. � dessa eloquente torcedura, a sonhar com o cosmos mais distante, que nasce esta coerente express�o autoral de irrepreens�vel qualidade que ganhou � neste ano que agora termina � um lugar seguro nos nossos cora��es sempre �vidos de escapes virtuais pelo espa�o mais profundo. Eis a prova que faltava. A prova que confirma, indubitavelmente, que o homem sabe bem o que faz quando olha inspirado para o passado para desenhar maviosamente o futuro. RS
"There is a proper procedure for taking advantage of any investment. Music, for example. Buying a CD is an investment. To get the maximum you must LISTEN TO IT FOR THE FIRST TIME UNDER OPTIMUM CONDITIONS. Not in your car or on a portable player through a headset. Take it home. Get rid of all distractions (even her or him). Turn off your cell phone. Turn off everything that rings or beeps or rattles or whistles. Make yourself comfortable. Play your CD- LISTEN all the way through. Think about what you got. Think about who would appreciate this investment. Decide if there is someone to share this with. Turn it on again. Enjoy yourself". As instru��es escritas por GSH no booklet de I'm New Here s�o o manual definitivo para quem ama a m�sica que ouve. E a faixa escondida num cd de reden��o p�s-decad�ncia dum mito, classicismo e inova��o ("Me and the Devil", de Robert Johnson, podia ser Massive Attack de antologia), spoken word e honestidade po�tica. Tudo em menos de meia hora para ouvir em repeat. HRP
Reaprendemos a amar a m�sica soul de recorte cl�ssico em anos recentes com Maxwell (um dos fundadores da neo-soul, juntamente com D'Angelo, Jill Scott e, mais discutivelmente, Erykah Badu, a qual come�ou pelo acid jazz, abordou o hip hop e n�o se sabe bem como catalogar), Jamie Lidell, Mayer Hawthorne e, entretanto, Aloe Blacc, nascido Egbert Nathaniel Dawkins III, filho de pais panamianos na fervilhante Los Angeles de 1979. Debutou com "Shine Through" (2006), pela Stones Throw de Madlib & companhia, mas � com este segundo disco que nos arrebata por completo a alma mel�mana rumo � prateleira das grandes mitologias dos g�neros soul, funk, r&b, entre Marvin Gaye, Otis Redding e Curtis Mayfield. Respeito! Porque ele tamb�m vai ser muito grande, esperem para ouvir. GS
Desilus�o para uns, devo��o para outros, o certo � que os LCD Soundsystem decidiram recuar ainda mais no tempo e resgatar para o novo mil�nio sonoridades que fizeram escola a partir dos anos 70. Vestiram-se de branco, mudaram-se de malas e bagagens para LA e constru�ram This Is Happening numa mans�o ao servi�o da tropa mais old school da DFA � sim, j� podemos dizer isso. O resultado � um disco muito mais maduro, pensado e trabalhado, onde os sintetizadores anal�gicos s�o reis e a genialidade de James Murphy, respons�vel pela maior parte da grava��o do disco, ganha maior notoriedade. Apesar de nos terem deixado de cal�as na m�o com a t�pica conversa do "�ltimo disco", o marketing ficou � porta, enquanto as malhas rave, disco e dance punk tomaram conta do acontecimento � "Dance Yourself Clean", "I Can Change" e "Home" s�o algumas das faixas que tornaram 2010 um ano bem mais fixe. E retro, que isso � que anda a dar. SM
Al�m de disco artilhado com sete magn�ficas can��es, H� Festa na Moradia � um manifesto de ocupa��o, uma bem pensada artimanha colonial nos temas e nas refer�ncias musicais. � econ�mico: bastam-lhe 23 minutos para consumar uma estrondosa empreitada de ritmos africanos, repeti��es viciantes e versos venenosos para entreter os te�ricos e os inimigos de B Fachada. E � assim que Lisboa enche a barriga, porque a cidade, durante este ano, teria sido um lugar mais cinzento sem estas can��es com o rastilho de fora. B Fachada � o incendi�rio certo e amea�ava varrer Lisboa, quando, no Lux, em Maio, terminou o concerto com os versos Eu vou ser o puto Abrantes / Eu vou ser o Panda Bear / Entrar onde eu quiser / Entrar onde eu quiser. J� entrou. Na colheita de 2010, H� Festa na Moradia � a melhor garrafa de vinho tinto entornada sobre um pano de mesa muito limpinho. MA
O que seria do mundo sem dream pop? E neste s�culo XXI, quando os gigantes Cocteau Twins parecem ter acalmado de vez, com a chillwave a tocar a espa�os nos estados de alma e arrepiar de p�los e espinha que os m�gicos escoceses dominavam � sua maneira, felizmente surgem estes Beach House em for�a na busca do mais belo paralelo. O �ter est� vivo e recomenda-se! Victoria Legrand n�o canta como Liz mas n�o importa, desde que cante como Victoria. Um Vozeir�o com V grande � medida anal�gica das suas teclas, das guitarras e ritmos da banda que produz cada vez melhores can��es, "Zebra", "Norway", "Used to Be", "10 Mile Stereo", "Take Care", enfim, todas. Porque n�o era f�cil superar Devotion , este sonho adolescente de novos hinos geracionais ganha ainda maior dimens�o. E como surgiu logo no in�cio do ano (a ouvir-se na net logo em finais de 2009), � sem d�vida, O Mais Belo Disco de 2010 para muitos de n�s, que o ouviram de Janeiro a Dezembro e v�o ouvir at� Dezembro de 2077 (haja sa�de! Take care). NL
H� quem tenha acompanhado a carreira dos Vampire Weekend desde que o �lbum hom�nimo de estreia circulou pela net no inverno de 2007. J� na altura se previa um futuro risonho como as suas can��es � restava apenas saber qu�o risonho. Tr�s anos depois o resultado n�o poderia ser melhor para os rapazes de NY; primeiro lugar no top da Billboard, reconhecimento por parte da cr�tica e de outras figuras seminais, e uma apari��o no Colbert Report. Isto, claro est�, sem contar com os dois excelentes discos que constituem para j� o seu legado musical. Contra mant�m o charme africano que apaixonou milhares e, acima de tudo, � uma bofetada nos profetas da desgra�a do segundo disco. "Diplomat's Son", para al�m de ser a mais longa, � tamb�m a melhor can��o que o grupo j� escreveu, e uma homenagem mais que merecida e tardia ao enorme Joe Strummer numa altura em que ainda n�o se parou de falar em Ian Curtis. � um disco de ver�o? �, mas o ver�o � quando um homem quiser. PC
As �nicas duas pessoas no mundo inteiro que n�o gostaram deste disco tiveram de se esfor�ar para cara�as para encontrar raz�es artificiais para odiar algo que �, do princ�pio ao fim, incr�vel. Tudo porque uma certa webzine americana lhe deu nota m�xima e antes morrer que partilhar gostos com a "corja indie". My Beautiful Dark Twisted Fantasy � praticamente perfeito: beats, rimas e can��es, tudo a conjugar-se da melhor maneira, sem desperdi�ar um �nico segundo dos seus 70 minutos. � preciso tomates para, numa era em que os discos de rap t�m cada vez mais faixas para encher chouri�os, ser auto-indulgente no melhor sentido poss�vel e tudo ser bom. Kanye West parece estar a gozar com toda a gente a provar que, enquanto v� fotografias de mamas na internet, grava obras-primas. A perda, ao fingirem que n�o se estavam a divertir, � toda daqueles dois que n�o gostaram. � que Kanye West �, de facto, o novo Michael Jackson, a can��o que toda a gente pode ouvir e adorar, algo que aquece qualquer cora��o, menos os deles. O que � uma pena, tendo em conta que s�o gente inteligente e que muito prezo. RN
Daniel Victor Snaith est� claramente em plena posse de todas as suas capacidades criativas. E Swim, mais do que qualquer um dos seus trabalhos anteriores, � a prova disso. Soube perceber quais eram as pontas soltas de todos os seus discos, tirou partido do melhor de cada uma delas, virou-se para as pistas de dan�a, e n�o voltou a olhar para tr�s. Talvez se tenha virado para tr�s s� para acenar e certificar-se que a concorr�ncia ia bem l� atr�s antes de passar a meta final da prova. Nessa prova, vitoriosa, "Sun" passa o testemunho a "Kaili", que por sua vez o faz a "Odessa" que deixa "Jamelia" fazer as honras de encerramento. E estes s�o apenas quatro pontos obrigat�rios de um disco belissimamente criado � m�o at� mais �nfimo pormenor, dono e senhor de uma palete sonora riqu�ssima, com can��es que se aguentam durante horas, semanas, meses e, adivinhamos, anos. Mal podemos esperar que chegue o seu pr�ximo disco. AG
A sua discografia � extensa e obscura e a maior parte dos ouvintes chegou ao nome de Ariel Pink com The Doldrums - est�vamos em 2004 e os Animal Collective apadrinhavam aquela estranha revela��o. A� Ariel mostrava j� um interessante conjunto de can��es lo-fi, esquiz�ides, psych fora de �poca, nostalgia assumida, coisa doida mas quase sempre com um afinado sentido pop. Este ano fomos surpreendidos: a edi��o � 4AD, mant�m-se tudo de bom que havia dantes mas agora temos can��es com p�s e cabe�a, arranjos reluzentes, perfei��o do princ�pio ao fim. As melodias evocam as voltas psicad�licas dos 60s tardios, h� passagens pelos 80s, h� saxofones e trompetes (at� tem o grande Dennis Gonz�lez), mas esta m�sica, imensa am�lgama multi-referencial, s� podia ser feita em 2010. Este � um daqueles discos onde n�o se encontra "filler", cada m�sica � melhor que a anterior, ouve-se de uma ponta � outra, � um �lbum completo onde ningu�m faz "skip". Ariel Pink faz batota - mete uma vers�o ("Bright Lit Blue Skies", t�o refundida que quase passava por original) e inclui temas seus antigos, aqui ressuscitados - mas o resultado � t�o bom que tudo se lhe perdoa. Est� encontrado o disco mais consensual do ano, pop excitante, tusa que dura o ano todo.NC |
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Topes 2010
· 14 Dez 2010 · 00:48 ·