Loopless + Rodrigo Leão
Hard Club, Gaia
30 Abr 2004
Em tempos de despedida (pelo menos desta edição), o festival Galp Lounge Tour aterrou no Hard Club, em Gaia, para trazer as suas duas últimas apostas. A noite mostrava-se chuvosa e fria, mas não o suficiente para afastar muita gente do concerto. A média de idades dos espectadores era bem mais elevada do que a registada nos concertos anteriores do mesmo festival, mas mesmo assim era possível ver-se as luzinhas autocolantes distribuídas à entrada nas partes mais improváveis do corpo. Primeiro os Loopless e depois Rodrigo Leão tinham a responsabilidade de fechar o festival que juntou nomes como Tindersticks, Nitin Sawhney e Micatone.
Passavam já mais de quarenta minutos das dez horas quando os Loopless, projecto de Kika Santos (voz) e Hugo Novo (sintetizador e programações), entrou em palco. Kika Santos, com um vestido dourado, um colar que parecia retirado das profundezas do mar e um penteado bem afro, volumoso, levanta suavemente o vestido, dança em movimentos sensuais e ousados. A sua voz suave entra impetuosamente na trama musical dos Loopless, que mistura a soul, o funk e o jazz com texturas electrónicas. Hugo Antunes no contrabaixo e N'dú na bateria completavam o quarteto.
N'dú é incrível na bateria. Com o apoio de cerca de uma dezena de pratos de todos os tamanhos, feitios e sons, vai fornecendo uma percussão desafiante e estimulante. Imparável. O concerto, que até estava a ser gravado para um posterior lançamento em DVD, durou mais de uma hora e percorreu obrigatoriamente as canções do álbum de estreia, Loopless, que foi editado no ano passado pela Nylon. Além disso foi ainda apresentada uma sensual e quase irreconhecível versão de “Riders on the Storm”, dos Doors. Kika Santos liberta suspiros, murmúrios suaves. A meio do concerto correu e dançou até com um cachecol do Futebol Clube do Porto pelo palco. Escusado será dizer que os aplausos se intensificaram especialmente com tal manifestação. O público, que a espaços demonstrava satisfação com o groove das composições dos Loopless, dançava de forma mais ou menos comum, havendo lugar, por vezes, a algumas manifestações peculiares. Independentemente do sucesso (ou não) do concerto, a verdade é que vai ficar para a posteridade. Literalmente.
Com o intervalo, e até porque a noite já ia longa, o chão pareceu perfeitamente apetecível para servir de assento, mas os preparativos para a entrada em palco de Rodrigo Leão e os seus músicos não demorariam muito tempo. Também não tardaria até que se fizesse ouvir a primeira peça instrumental do concerto, a que se seguiriam outras duas. É conhecida a beleza e profundeza das composições de Rodrigo Leão. Para que fossem servidos estes instrumentais, contou-se com acordeão, um trio de cordas (violino, viola de arco e violoncelo), guitarra, baixo, e o toque de Rodrigo Leão, que por detrás de um Roland comanda a banda como se fosse um maestro, pleno em manifestações emotivas, batendo palmas ou sentido a música com recurso a expressões faciais. Entraria depois Sónia Tavares (The Gift) para dar voz a algumas composições de Rodrigo Leão, conseguindo com maior ou menor sucesso introduzir beleza nas canções que eram cantadas em Português (açucarado ou não), Francês, Inglês (e não só), mostrando assim ser poliglota. A encantadora Celina da Piedade, que trazia no cabelo uma flor vermelha, emprestou também a voz para um par de temas, e com grande sucesso. Mas Celina mostra ainda mais encanto quando dança e quando aparece acompanhada do acordeão. Quanta graciosidade, quanta beleza. O som do acordeão corta a melancolia trazida pelo trio de cordas apenas para a transformar em nostalgia, encantamento. A música de Rodrigo Leão tem o incrível poder de nos transportar para uma rua exígua mas bela de Paris, para outras várias cidades europeias, e voltar a Portugal, casa mãe.
A actuação incidiu bastante no próximo disco de originais, Cinema, que a voz rouca mas segura de Rodrigo Leão anunciou para daqui a um mês e meio. Pelo meio, a obrigatória e arrebatadora "Pásion", primeiro com o acordeão de Celina da Piedade a fazer de voz, depois com as suas próprias palavras, naquela que foi a última canção do espectáculo. Para o único encore da noite, estava reservado mais um instrumental (com a adição de mais um guitarrista) e duas cativantes canções (a primeira com Sónia Tavares, que ia voltando ao palco de quando em vez e a segunda com Celina da Piedade). Acabava assim o concerto de Rodrigo Leão, e com ele também o festival Galp Lounge Tour que se espera com repetição, se possível, já para o ano.
Passavam já mais de quarenta minutos das dez horas quando os Loopless, projecto de Kika Santos (voz) e Hugo Novo (sintetizador e programações), entrou em palco. Kika Santos, com um vestido dourado, um colar que parecia retirado das profundezas do mar e um penteado bem afro, volumoso, levanta suavemente o vestido, dança em movimentos sensuais e ousados. A sua voz suave entra impetuosamente na trama musical dos Loopless, que mistura a soul, o funk e o jazz com texturas electrónicas. Hugo Antunes no contrabaixo e N'dú na bateria completavam o quarteto.
N'dú é incrível na bateria. Com o apoio de cerca de uma dezena de pratos de todos os tamanhos, feitios e sons, vai fornecendo uma percussão desafiante e estimulante. Imparável. O concerto, que até estava a ser gravado para um posterior lançamento em DVD, durou mais de uma hora e percorreu obrigatoriamente as canções do álbum de estreia, Loopless, que foi editado no ano passado pela Nylon. Além disso foi ainda apresentada uma sensual e quase irreconhecível versão de “Riders on the Storm”, dos Doors. Kika Santos liberta suspiros, murmúrios suaves. A meio do concerto correu e dançou até com um cachecol do Futebol Clube do Porto pelo palco. Escusado será dizer que os aplausos se intensificaram especialmente com tal manifestação. O público, que a espaços demonstrava satisfação com o groove das composições dos Loopless, dançava de forma mais ou menos comum, havendo lugar, por vezes, a algumas manifestações peculiares. Independentemente do sucesso (ou não) do concerto, a verdade é que vai ficar para a posteridade. Literalmente.
Com o intervalo, e até porque a noite já ia longa, o chão pareceu perfeitamente apetecível para servir de assento, mas os preparativos para a entrada em palco de Rodrigo Leão e os seus músicos não demorariam muito tempo. Também não tardaria até que se fizesse ouvir a primeira peça instrumental do concerto, a que se seguiriam outras duas. É conhecida a beleza e profundeza das composições de Rodrigo Leão. Para que fossem servidos estes instrumentais, contou-se com acordeão, um trio de cordas (violino, viola de arco e violoncelo), guitarra, baixo, e o toque de Rodrigo Leão, que por detrás de um Roland comanda a banda como se fosse um maestro, pleno em manifestações emotivas, batendo palmas ou sentido a música com recurso a expressões faciais. Entraria depois Sónia Tavares (The Gift) para dar voz a algumas composições de Rodrigo Leão, conseguindo com maior ou menor sucesso introduzir beleza nas canções que eram cantadas em Português (açucarado ou não), Francês, Inglês (e não só), mostrando assim ser poliglota. A encantadora Celina da Piedade, que trazia no cabelo uma flor vermelha, emprestou também a voz para um par de temas, e com grande sucesso. Mas Celina mostra ainda mais encanto quando dança e quando aparece acompanhada do acordeão. Quanta graciosidade, quanta beleza. O som do acordeão corta a melancolia trazida pelo trio de cordas apenas para a transformar em nostalgia, encantamento. A música de Rodrigo Leão tem o incrível poder de nos transportar para uma rua exígua mas bela de Paris, para outras várias cidades europeias, e voltar a Portugal, casa mãe.
A actuação incidiu bastante no próximo disco de originais, Cinema, que a voz rouca mas segura de Rodrigo Leão anunciou para daqui a um mês e meio. Pelo meio, a obrigatória e arrebatadora "Pásion", primeiro com o acordeão de Celina da Piedade a fazer de voz, depois com as suas próprias palavras, naquela que foi a última canção do espectáculo. Para o único encore da noite, estava reservado mais um instrumental (com a adição de mais um guitarrista) e duas cativantes canções (a primeira com Sónia Tavares, que ia voltando ao palco de quando em vez e a segunda com Celina da Piedade). Acabava assim o concerto de Rodrigo Leão, e com ele também o festival Galp Lounge Tour que se espera com repetição, se possível, já para o ano.
· 30 Abr 2004 · 08:00 ·
André Gomesandregomes@bodyspace.net
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